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Revista

“Os pais vão dentro da gente”

Em entrevista exclusiva e reveladora, o pa(i)stor Jeremias Pereira abre o coração para falar de seu(s) pai(s), sua família, esposa e filhos, num claro incentivo às famílias e encorajamento aos pais para que continuem na caminhada.

MARCELO FERREIRA    |   Jornalista – oitava@oitavaigreja.com.br.

“Um homem, pai, pastor, sempre presente, que vive o que prega e prega o que vive”. É assim que o define a esposa, Cláudia Maria, acerca do marido, o Pastor Jeremias Pereira, pastor titular da Oitava Igreja Presbiteriana. E ela não está só em sua opinião, pois os filhos também comungam e partilham com ela desse mesmo sentimento, e fazem questão de não esconder isso, pois onde quer que o pai esteja, numa demonstração pública por assim dizer de amor, afeto e consideração, bem como de grande respeito, sempre o abraçam e o beijam.
Mas não é apenas sua família de sangue por assim dizer que se orgulha (e “orgulha” aqui no mais bom e puro sentido da palavra) de ter o pa(i)stor que tem. Há também uma outra e grande família que tem nele o exemplo e a referência de um homem do lar, pai, marido, amigo e conselheiro, sempre presente e a postos: a Oitava Igreja Presbiteriana. E pra quem o conhece e há muito caminha com ele, e até mesmo para quem o vê pela primeira vez, é perceptível essa recíproca relação de amor que ele tem para com essa sua família, os membros da igreja. E essa igreja, a Oitava Presbiteriana, é praticamente sua segunda casa. Prova disso é a liberdade que ele tem de tocar, falar, ministrar sobre assuntos dos mais simples a os mais delicados e polêmicos quando necessário sem receios ou rodeios. Tudo sob sua característica marca, já conhecida e amada por todos: seu humor. Impossível sair de qualquer culto ou palestra que dá sem dar boas risadas. Detalhe: como poucos talvez, ele consegue dosar bem esse seu humor com sua seriedade, seu compromisso e sua firmeza quando se trata de princípios e valores ético-morais-cristãos-bíblicos. Sinal de que além de (sempre) bem humorado, mas sério, é também um homem sábio e de discernimentos. Por isso é o que é e esta onde está.
E é, portanto, sob essa sabedoria e esse seu grande discernimento natural e espiritual, fruto acima de tudo de sua longa caminhada na fé com Deus, que ele, com exclusividade, nos concedeu essa entrevista, em que fala do pai, da mãe, do irmão, dos tios e da própria igreja, dada sua estreita e afetuosa relação de amor e cumplicidade que tem, para justamente tocar num ponto que para muitos só de mencionar causa dor e angústia, dado as experiências e os conflitos que muitos vivem ou viveram: a família. Ele que também já passou por muitos deles, porém com a convicção e a firmeza de que é possível sim viver em família. E para tantos que ainda se encontram desanimados, desencorajados, desesperançosos, seu recado é um só: “Continuem amando, acreditando, orando. Por que a obra é dEle, gente boa. É Deus quem faz. Portanto, descansem.”
Segue essa que é mais que uma entrevista, mas uma palavra pa(i)storal:

O que diria de sua experiência como pai quando teve seu primeiro filho?
A bênção de ser pai é um privilégio. Ninguém é pai só porque quer ser pai, mas porque Deus deu. Assim, é uma honra enorme. Também é um desafio exponencial, porque a vida nos foi confiada. E agora, José?! Eu era ainda solteiro e meu pai já sessentão, quando eu lhe disse: “Pai, a gente deveria ser pai na idade do senhor.” E ele brincou dizendo: “Quando você tiver a minha idade, você vai ver se dá pra ser pai e correr atrás de menino nessa idade.” Fui pai pela primeira vez aos 30 anos. A experiência foi espetacular, porque eu e Ana Maria, minha primeira esposa, queríamos muito ter um filho. Nossa alegria foi enorme quando soubemos, e a primeira coisa que fizemos, como todo pai, toda mãe, foi orar e colocar nas mãos de Deus. Filhos a gente não sabe como eles virão. Eles vêm. É Deus quem dá de presente pra tomarmos conta deles.

Pr. Jeremias com Ana Maria (primeira esposa) e seus filhos Ciro Daniel (no colo), Lucas Davi (à esquerda) e Jeremias Jr. (à direita).

Com o nascimento dos demais filhos, o que mudou e como foi ser pai de novo com a vinda de cada um deles?
Temos 4 filhos. Três são do primeiro casamento: Jeremias Junior, Lucas Davi e Ciro Daniel. Vivemos casados, Ana Maria e eu, por 17 anos e seis meses, quando ela veio a falecer vítima de um câncer. Quando casei depois com Cláudia Maria, ela tinha outra filha, a Rúbia. Aí foi outra experiência, que é a de ser pai-padastro. Os filhos são diferentes, personalidades diferentes. Quando o Jeremias Junior chegou, a gente nem sabia pegar esse menino direito. Ainda hoje, criança muito pequena, tenho dificuldade, porque a gente acha que vai quebrar todo, depois vemos que não vai quebrar coisa nenhuma. Tivemos depois a experiência de ter o Lucas Davi, dois anos mais novo, quando então veio o Ciro Daniel. Toda vida eu pensava em ter uma menina, e quando Ana Maria engravidou do Ciro, eu disse “Eu não quero ver o ultrassom, eu quero a surpresa.” Foi uma experiência linda. Cada filho é um desafio novo e uma surpresa. Como vamos trabalhar para formar homens que tenham o temor de Deus, o caráter de Deus e que possam ser uma bênção e inspiração? Há pais que passam por momentos difíceis. Como quando queriam um menino, e veio uma menina, ou vice-versa. E não se pode rejeitar. Pode acontecer também de o filho nascer especial, com uma síndrome, uma dificuldade, crianças altistas, aquelas que nasceram surdas, outras cegas, ainda outras com alguma dificuldade neurológica… E como esses pais vão lidar com isso. Tudo isso envolve a paternidade e um desafio muito grande, tanto na questão da educação, quanto na do cuidado.

O que diria de seu pai e seus avôs e de sua relação com ambos e em que medida isso contribuiu para sua formação?
Não conheci meus vô. Eu os conheci só de perguntar. Tanto o vô da parte do meu pai, Seu Anatalão Pereira, como da parte de minha mãe, Dona Ilca. Minha mãe conta histórias do meu vô, especialmente que ele era comerciante, um homem paciente, que ensinou a ela a lidar com o comércio. São dessas coisas assim que eu me lembro. Meu pai, era um homem simples, com poucas letras, mas creeente, que trabalhou na Central do Brasil como peão, colocando os trilhos que iam para o sertão de Minas. Era um pregador leigo, que me colocou para dirigir um culto pela primeira vez, quando eu tinha uns 13 anos. Recordo-me do papai orando no sertão; ele não gostava muito de trovão e chuva. Lembro-me também do pai orando na mesa lá de casa, todo domingo, depois da escola bíblica, estudando a lição do domingo seguinte. Meu pai era um homem também muito durão, e tomei umas surras boas, boas. Ele era também um homem muito bom para contar histórias. Recordo-me de grandes risadas com ele. Os pais vão dentro da gente, e se a gente não cuidar… Não é porque a gente estudou. O que a gente vai colocar nos filhos é o que recebemos dos pais, se a gente não reciclar, tanto as coisas boas quanto a dureza que eles tiveram com a gente…
Num comparativo com gerações passadas, o que diria sobre o exercício da paternidade nas famílias hoje? Tem deixado muito a desejar?
Os pais hoje têm privilégios que os nossos não tiveram, que é o acesso à literatura, ou seja, bons livros, e também a seminários, ensino na igreja sobre o assunto, gente que conversa. Basicamente o que eles tinham era o estudo da Bíblia e a experiência para ensinar. Outro ponto: com a pressão da vida, do consumismo, a mulher trabalhando fora e o pai tendo que trabalhar muito, muitas vezes, a mãe ganhando mais que o pai; o pai que fica as vezes desempregado e a mãe que tendo de segurar a onda; pais jovens que precisam viajar, trabalhar muito, ficando ausentes a semana interia dentro de casa. E hoje tem acontecido um fenômeno interessante: os avós estão se tornando pais por assim dizer, porque o genro e a filha, ou o filho e a nora, trabalham fora, e eles acabam assumindo, embora não seja essa tarefa deles. Há também pais maravilhosos, que em meio a tudo isso, dedicam tempo, são intercessores, que estão cuidando da vida espiritual dos seus filhos, pais que estão procurando educar os filhos na disciplina e no temor do Senhor. Esse é um desafio para os pais de hoje, que sempre foi também o desafio para os pais de outrora: criar os filhos na disciplina e no temor do Senhor.

Meu pai era um homem simples, com poucas letras, mas crente, que trabalhou na Central do Brasil como peão, colocando os trilhos que iam para o sertão de Minas.
SOU GRATO AOS MEUS PAIS, SEU ANATALÃO (in memorian) E DONA ILCA.

Quando nos referimos agora ao contexto cristão, qual é a realidade hoje de muitos lares, na sua opinião? Os pais têm cumprido com seu papel para com a educação e formação dos filhos?
Há um clamor pela presença do pai, porque ele tem estado ausente dentro de casa. E ele muitas vezes chega e não se envolve na família. Segundo, há também um clamor pelo pai intercessor, o pai que ora com e pelos filhos. Terceiro, há um clamor pelo pai que procura ser exemplo de verdade, santidade, de homem que teme a Deus, e que não terceiriza ou deixa com a esposa o que cabe a ele. E há também um clamor para que pais possam encorajar seus filhos a serem homens de Deus, que agradam a Ele. Graças a Deus que na minha lida geral junto a comunidade evangélica a gente vê esse clamor. Agora, claro, vemos também gente que nos inspira e nos desafia a melhorar, tanto pais jovens, pais que têm filhos adolescentes… Ótima dica de literatura que pode ajudar os pais nessa caminhada: 5 Conversas Que Você Precisa Ter Com Seu Filho e 5 Conversas Que Você Precisa Ter Com Seu Filha (Vicki Courtney, Ed. CPAD). Esse desafio do pai procurar levar seus filhos a Cristo é necessário hoje.

O que considera então como sendo o maior desafio quando se fala de paternidade?
O maior desafio hoje é tempo e qualidade de tempo. O segundo é o desenvolver a espiritualidade da família e do filho no temor do Senhor.

O que citaria de positivo para os filhos quando há essa presença física e afetiva e ainda o que mencionaria de negativo quando isso não acontece?
O pai presente não é só presença física, mas presença dialogal. Precisamos criar um ambiente em que eles possam falar e falar até mesmo sobre nós, os pais. E um dos desafios não só da paternidade, mas da maternidade, é criar os filhos para pensar com a cabeça deles. Eles têm de se tornar gente responsável. Há um período para compartilhar valores, repartir o que cremos da vida e da realidade da vida e quando os filhos se tornam jovens começam a caminhada com a cabeça deles. E ao pensar com a cabeça deles, precisa ter acontecido nesse momento um movimento espiritual grande, que é ter um encontro com Cristo e terem sua vida mudada. Ele não é filho de crente, mas cristão, porque ele entregou sua vida a Jesus. Agora, o que ele vai decidir? Como por exemplo, se vai mentir ou trapacear no trabalho ou não. Lamentavelmente, e com tristeza a gente diz isso, a ausência do pai muitas vezes tem gerado tanto da parte da menina quanto do rapaz uma tendência à homossexualidade. Não é a causa, é preciso que se entenda isso, mas contribui, pois essa é a figura paterna, de autoridade, de gente responsável, que dá direção, liderança, que é a referência, o porto seguro. O pai é ou deveria ser essa figura dentro de casa. A omissão do pai pode gerar na filha ou no filho o envolvimento com as drogas, com o sexo ilícito ou até levá-los a serem mais influenciados pelos amigos que pelos valores da casa. É fato, e todos sabem, que na adolescência a influência de um grupo de amigos é muito grande. Se nesse tempo ele teve uma experiência com Deus, é algo maravilhoso; se não teve, a gente pode amargar muitas dores.
O que diria tanto agora para o filho como para a filha que hoje já são crescidos e quem sabe até casados e já também com filhos e que ainda hoje sentem a dor e as consequências da ausência física e principalmente afetiva do pai?
Ôooo gente boa, você já é adulto! O que é isso?! Adulto, casado, reclamando do pai e da mãe até hoje?! Chegou né! Precisa crescer, virar gente. Precisa saraaaar.. Tem um momento… Vamos pegar o pior exemplo. O pai foi ausente, espancou, foi isso, foi aquilo. Maaaasssss… Você é adulto. O que você vai fazer com a sua história? Você precisa reinterpretá-la à luz da soberania de Deus. Há pais presentes, pais dedicados, pais que fizeram tudo, e os filhos ainda reclamam, porque sempre querem mais. “Ahhhh, quando eu passei no vestibular, meu pai não me deu um carro!”; “Eu queria casar e meu pai não fez aquela festa!”… Quê isso, Zé! Cria juízo nessa cabeça sua menina, rapaz, e aprumem sua vida. Você são adultos, responsáveis. Ainda que teu pai tenha falado, só por ele ter te gerado foi gol de decisão de Copa do mundo. Você quer mais o quê? Ele te gerou, te deu uma oportunidade. Construa sua história com a graça de Deus. Seja construtor de sua história. Nossos pais nos ajudaram ou não, mas o Eterno não se esqueceu de você. Por isso que você está vivo. Muita gente da sua idade talvez já se foi, e você está aí, ó… Reclamando de seu pai até hoje?!…

Pr. Jeremias com Cláudia Maria, sua atual esposa: “Ela foi instrumento de restauração de Deus na minha vida.”

E para os filhos que hoje não tem a presença mais do pai, o que diria?
Essa é uma dor muito grande. A experiência nossa com o Senhor Jesus Cristo nos ajuda, porque se você tivesse um livro dessa grossura (ele gesticula com as mãos para mostrar e enfatizar) e sobre os por quês e para quês da sua perda, ele não consolaria. Segundo, a gente sabe que nossos pais não duram pra sempre e nós também não. Por causa do pecado. Por um só homem, Adão, entrou a morte no mundo. Por isso que o Senhor Jesus veio, pra vencer o último inimigo, que é a morte, estabelecer a ressurreição e a nova raça. Nós que nascemos de homem e mulher como diz a Bíblia, vamos até um certo limite. Bem! Oro para que Deus te dê a bênção da consolação. A gente pode ter saudade sem ter dor. Saudades, boas memórias, mas isso não arrebenta a gente mais. E tem outra coisa: filho, filha, tem de elaborar essa perda. Às vezes no tempo que o pai estava vivo, a pessoa não soube valorizar, e valorizar também a mãe, e agora descobriu quão preciosos eram. E agora a culpa não o deixa sossegar. Nessas horas, tem de resolver com o nosso Senhor Jesus Cristo, perdoar a si mesmo. Outra coisa que acontece é que o pai às vezes até abusou do filho, da filha, foi muito duro, quase que esmagou esse rapaz, essa moça… O perdão tem de entrar. Ele (o pai) que vá resolver com o Senhor Jesus. Peça o Senhor Jesus para te consolar e pra você, com a graça de Deus, escrever uma nova história.

Falando agora de paternidade espiritual, no sentido de apoio e cobertura, qual a importância disso para os filhos, em especial para o filho homem?
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios (I Cor. 4.15), afirma: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus.” Um pai espiritual gera, ensina, admoesta, dá exemplo, e envia supervisores. Como quando Paulo enviou seu filho na fé Timóteo. Todos nós precisamos disso, mesmo você que é órfão, ou filho de mãe solteira, ou o pai não quis você. Mesmo você que é moça, foi abandonada. Num ambiente da igreja há essa possibilidade de cobertura, seja na célula, no grupo pequeno, ou na relação com o trabalho infantil da igreja, quando a criança tem a possibilidade de ter referências. Mesmo pra muitos que, talvez como eu já sejam cinquentões, sessentões, a gente precisa de mentores, gente a quem prestar contas, gente com quem conversar, abrir o nosso coração, gente que faz esse papel da paternidade, de orar por nós, dar exemplo, ensinar, admoestar e supervisionar.
Para as mulheres casadas ou não, que tem a presença do companheiro em casa, como elas podem ajudar o pai no exercício de seu papel? E para a mulher cristã, o que diria?
Algumas coisas são importantes, não só para mulheres que têm o esposo ou o companheiro, mas pra aquela que divorciou ou não tem o companheiro ou esposo. O conflito do casal não é necessariamente o conflito do pai com o filho ou a filha. A primeira coisa é não quebrar a imagem do homem diante do filho ou da filha, detonar. Há mulheres, e mesmo homens, para com as mulheres, que fazem com os filhos um jogo de destruição da imagem um do outro. O filho ou a filha não tem nada com isso. Mesmo dentro de casa, a mulher também pode detonar o homem, anulá-lo, xingá-lo, desfazer sua ordem, quando o pai está exortando, e ela entra no meio pra defender o(a) filho(a), ou nem mesmo pra defender, mas pra contrariar o homem/pai. Tudo isso detona. Especialmente mulheres que têm o temperamento muito forte, precisam controlar sua boca. E se ele errou?! Converse com ele separadamente. Há casos mais complexos, quando o homem, por exemplo, é alcoólatra ou dependente de drogas e quer bater, esmagar, espancar, machucar o filho ou abusando sexualmente dos filhos. Um homem desses tem de ser denunciado. Aí é outra coisa.

Como acha que os filhos, mais precisamente o filho homem, pode ajudar e retribuir tudo que o pai tem feito por e para ele?
Diz as Escrituras no Salmo 127, versos 3 a 5: “Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão. Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será envergonhado, quando pleitear com os inimigos à porta.” Aí está se tratando dos filhos maiores. Essas são as curvas, estatisticamente falando: os filhos, quando pequenos, os pais são fortes; quando adolescentes, os pais estão na meia idade; quando jovens e começando a se casar, os pais estão entrando na Terceira Idade. Com os filhos também crescendo, as finanças do pai também diminuem. E somado a isso, depois de certa idade, certas enfermidades chegam. E o que acontece às vezes também? Os pais trabalharam muito para os filhos estudarem e terem melhores condições financeiras, e aí, os filhos não ajudam em nada os pais. Quais os inimigos dos pais quando envelhecem? Primeiro, tomar certos remédios, e os filhos precisam ajudar nisso. Diminui os recursos financeiros e os pais nunca viajam. Os filhos poderiam prover um descanso para os pais, prover para que nada falte na dispensa. Filhos que têm mãe viúva precisam lembrar que têm de cuidar dela ou do pai viúvo. Às vezes não necessariamente trazer pra morar com eles, mas investir, pra alguém ajudar, descobrir um lar, não um “depósito de velhos”, pagar um plano de saúde. Os filhos adultos precisam lembrar de retribuir aos pais de alguma forma. “Ah, meu pai nunca valeu nada pra mim, sempre me disse que eu não iria dar em nada, e eu vou retribuir?” bom, a Bíblia diz “Honra o teu pai e a tua mãe.” Não falou a idade. Esse verso foi escrito para gente com mais de trinta anos. Há uma promessa para filhos e filhas que honram seus pais mais velhos.

Uma palavra de incentivo e encorajamento aos pais que tanto anseiam dar o melhor para os filhos em termos principalmente de criação e educação e muitas vezes se sentem tão limitados, sem forças, incapazes?
A gente chora muito com pais. Pais crentes que hoje têm filhos que não são crentes. Pastores cujos filhos se desviaram; gente de oração, cujos filhos se tornaram drogados, alguns talvez até presos; filhas de gente dedicada que escolheram a homossexualidade ou a prostituição. Vivemos num tempo que não existe esse beabá, sabe como é, de que “se você fizer isso, vai dar isso”. Eu costumo brincar dizendo que os melhores pregadores são os que têm filhos até 4 anos. Porque depois daí, os filhos começam a pensar. Aos pais então que têm os filhos desviados, continuem amando e orando por eles. Certa mãe me disse uma vez: “Meu filho é único e é homossexual, e está vivendo com outro cara. Minha família acabou. O que eu faço?” Filhos são filhos e não se pode perder o vínculo com eles. O fato de não concordar com eles sendo você crente não significa que não pode ter vínculo com eles, orar por eles, falar com eles das coisas do Eterno e do que Ele quer pra vida deles. Há filhos gente boa, bons filhos, que cuidam da mãe, do pai, mas não quer saber de Jesus ainda. É continuar orando. Às vezes os filhos estão na igreja, mas não são ou estão cheios do Espírito Santo, apaixonados por Jesus. Eu disse aos meus filhos: “Estou ficando velhão. E há 3 coisas que se vocês fizerem poderão dizer ‘Se meu pai estivesse aqui, ele ficaria contente’. Primeiro, ame a Jesus nosso Senhor de todo coração, cultive uma vida de oração e comunhão com Deus. Fazendo isso, você sendo casado, vai ser um bom marido, um bom cidadão. Segundo, ame o seu pastor e coopere com ele. Pastores sem ajuda não vão pra frente. Graças a Deus que temos milhares que ajudam. Ajude seu pastor, ore por ele, ajude financeiramente, contribua com a igreja, ame seu pastor. Terceiro, ame a obra missionária e os pobres, e invista neles. Eu recomendo a você, filho, ame a Jesus. Está ausente de seu pai? Volta lá e o ajude. Ame a sua igreja, se reconcilie com ela, volte pra comunhão com sua igreja. Ponha isso no coração de seus filhos desde pequenos. E se você é adolescente ou jovem, é hora de tomar a sua decisão de amar a Cristo, segui-Lo e glorificá-Lo.

UM PAI ESPIRITUAL GERA, ENSINA, ADMOESTA, DÁ EXEMPLO, E ENVIA SUPERVISORES. COMO PAULO ENVIOU TIMÓTEO.

Uma palavra de incentivo aos avós, que um dia investiram tanto nos filhos e se sentem realizados, ou para aqueles que se sentem desmotivados, desacreditados por achar que o filho não saiu como gostariam.
Vendo os avós como pais diria que pais têm limites. A gente tem níveis de influência, mas não temos uma fôrma em que se coloca lá os filhos para que eles saiam como queremos. Filhos raciocinam e com eles compartilhamos valores. Por causa de enfermidades, escolhas, influência de amigos ou mesmo por causa do casamento, eles se afastam do propósito que os pais tinham. Eles então precisam continuar amando, orando e descansando no Senhor e deixar o Senhor fazer a obra. É Ele quem faz gente boa. E quando você vê seus filhos que um dia criou, dedicou-se a eles, levou na escola bíblica dominical e hoje percebe que não têm interesse espiritual na vida de seus netos, pergunte a seus filhos se você pode ajudá-los. Leve-os a uma célula, a um GCOI (Grupo de Crescimento da Oitava Igreja), a uma escola bíblica, e continue orando. No mais, é descansar. Temos limites. Não podemos deixar de orar por nossa família, mas temos limites e por isso temos de esperar e depender do movimento do Espírito Santo para resgatá-la.

Agora que já tem os filhos crescidos, como se sente e em especial com a cada de comemoração do Dia dos Pais?
Ô gente boa, Dia dos Pais o povo não dá bola não. Dia das Mães é aquele chororô, flores. E Dia dos Pais e das Mães, depois que os filhos crescem, é tenso, porque eles têm namorado(a), noivo(a) ou esposo(a), e querem ficar perto um do outro. Então, a gente tem de ter a cabeça boa. Meus filhos, sempre muito amados, muito queridos, tenho muita honra, porque onde eu estou, eles chegam, me abraçam, me beijam, sem constrangimento algum. Como qualquer filho para com pai, tem as divergências e as concordâncias e os momentos de grande riso. Eu aguardo no Senhor que eles vão ter seus filhos, gerar sua família, e que esses filhos, meus futuros netos, possam andar no temor do Senhor. E se o Senhor agradar, de geração em geração, a lâmpada da fé ficará acesa, não só na minha casa, mas na casa deles também.
Uma palavra aos pais acerca do Dia dos Pais.

AOS PAIS QUE TÊM OS FILHOS DESVIADOS, CONTINUEM AMANDO E ORANDO POR ELES. NÃO SE PODE PERDER O VÍNCULO COM ELES

Eu quero dizer a você, pai, renove seu compromisso com o Senhor Jesus em primeiro lugar. Se você é de Cristo, busque o poder do Espírito Santo na sua vida. Seja um pai presente fisicamente, o máximo que você puder. Seja também um pai presente emocionalmente. Abrace seu filho, sua filha, beije-os, elogie-os. Seja um pai presente no diálogo. Deixem seus filhos falarem. Pais que têm filhos pequenos precisam passear com seus filhos. Pais que têm filhos adolescentes precisam investir neles, pra que cresçam saudáveis e ao mesmo tempo em que olhem (os pais) para questões como drogas e sexualidade. É importante também o temor do Senhor, a presença, o diálogo, ser um pai aberto, receptivo, cujos filhos podem alcançá-lo, ter acesso a ele, ser um pai que ora por sua família. Resgate esse momento. Não ore apenas na hora do café, mas em separado, e busquem a Deus. E leve a sua família para adorar junto com os irmãos em sua célula ou GCOI, nos cultos, onde podem aprender Bíblia. Nas oportunidades que sua igreja oferece, invista no crescimento espiritual de seus filhos, como acampamentos, congressos, uma biblioteca na sua casa, bons vídeos que ajudem a conhecer a Deus melhor. E pra você, pai desconsolado, que investiu tanto e ainda não viu o fruto, continue orando, porque nossas orações não morrem. Elas estão diante do Senhor, e a qualquer momento desses, o Senhor o surpreenderá com a notícia nova e boa. Que Deus te abençoe.

Uma palavra final de gratidão
Tenho a agradecer a muita gente. A Jesus nosso Senhor, criador de todas as coisas. Ao Seu Anatalão, meu pai, e Dona Ilca. Eles não podem ficar de fora desse papo. Aos meus tios Ti Zé, Ti Dema, Ti Sadi; ao Carlos Joel, meu irmão mais velho, que me incentivou a vir a estudar em Belo Horizonte. Tenho muito a agradecer ao Pastor Wilson de Souza (in memorian), que foi nosso pastor na Oitava Igreja; ao Pastor Antônio Elias (in memorian), meu mentor da juventude. Tenho a agradecer a equipe pastoral que, faz esse trabalho de me exortar, de me consolar. A grandes amigos que tenho, amigos membros da igreja, amigos não crentes, amigos de outros lugares. Se fosse citar todos, levaria um bom e precioso tempo. Mas esses homens estão na minha alma. Tem também os escritores que não os conheço e que ajudaram a formar meu caráter. Leio muito desde que tinha meus 14 anos e venho lendo e aprendendo com homens que nunca encontrei na estrada da vida e que me instruíram demais. Muita gratidão a Oitava Igreja Presbiteriana, igreja que ajudou a construir também meu caráter, minha vida, a vida de meus filhos, nos dias piores, como foi o da minha viuvez, quando a igreja me consolou. Tenho a agradecer a Claudinha Maria, minha esposa, que foi instrumento de restauração de Deus na minha vida. E tenho que agradecer à Rúbia Mara, que me ensinou nessa nova relação, que é ser pai-padastro. Tenho muito a agradecer a todos. Louvado seja Deus.

Semeadura e colheita: Pr. Jeremias com toda a família. Da esquerda para a direita Rúbia Mara, Jeremias Pereira, Cláudia Maria, Lucas Davi, Jeremias Jr. e Ciro Daniel.