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Estudos e artigos

Vencendo a Religiosidade

É possível ser religioso sem ser religioso? Não, a pergunta não está errada. O problema provavelmente está em nossa interpretação do que é ser “religioso”. A religiosidade é inerente ao ser humano, até mesmo para o ateu, que elege a razão e a ciência como substituto das coisas espirituais. Jesus Cristo era extremamente religioso, sendo reconhecido por onde passava como um Rabi, um Mestre nas questões do Judaísmo. Entretanto, ninguém confrontou os religiosos de sua época com tanta autoridade como nosso Senhor, sendo até reconhecido por seus ouvintes como alguém que “ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mt 7.29).
O grande desafio para o discípulo de Jesus não é deixar de ser religioso ou desprezar a religiosidade, mas, como o Mestre, vencer a religiosidade vazia e ritualística para viver uma religiosidade sadia e conectada com o Espírito Santo. Quando Martin Luther King, Jr. enfrentou os racistas no meio do século passado, muitos deles das igrejas cristãs, ele não se levantou dizendo que precisávamos de menos religião. Ao contrário, ele disse que precisávamos de mais religião, mas da religião de acordo com o verdadeiro ensinamento do Evangelho de Jesus, e não das regras moldadas por homens.
A religiosidade vazia que devemos combater é a religiosidade que preza o exterior ao invés do coração. É aquela que valoriza mais as tradições históricas do que a prática da Palavra de Deus. Esta vivência religiosa foi abertamente combatida por Jesus em Marcos 7:1-23, quando ele e seus discípulos foram criticados por comerem sem lavar as mãos. Os fariseus eram velozes em cumprir alguns aspectos da Lei que lhes interessavam (a consagração de bens ao Senhor), ainda que estes mesmos aspectos contrariassem valores mais importantes (o honrar pai e mãe). Para aqueles, Jesus foi bem direto, chamando-os de hipócritas.
Não é difícil cair nesta mesma armadilha hoje em dia. Geralmente temos os conceitos preestabelecidos de como o cristianismo deve ser vivido, de o que um crente deve fazer, como deve se vestir e que palavras usar. Até criamos o chamado “evangeliquês”, em que basta inserir um “bênção” ou um “glória a Deus” na frase para passarmos por espirituais. Usar tais palavras não constituem religiosidade vazia, desde que o conteúdo do coração esteja alinhado com essa “glória de Deus”. As palavras que saem de nossa boca devem refletir, sim, o estado do nosso coração – se está diante de Deus ou não. Se vivemos uma religiosidade vazia, podemos até falar palavras “bonitas”, mas nossas atitudes comunicam falta de amor e graça. Em contrapartida, se nossa religiosidade é recheada da presença do Espírito Santo, as palavras mais simples e cotidianas vêm repletas do poder transformador de Jesus Cristo.
Sim, é possível ser religioso sem ser religioso. Para isto, basta ter como modelo e referência não pessoas religiosas, mas o maior e mais verdadeiro religioso de todos: Jesus Cristo. Ele é a nossa religião e ser como Ele é nosso objetivo. Para isto, precisamos buscá-lo através de uma comunhão genuína pela oração e pela compreensão da Palavra de Deus, vivendo seus ensinamentos como Ele mesmo viveu, sem medo algum de ser religioso.

Pr. Luis Fernando Nacif | prluis@oitavaigreja.com.br