Menu

Estudos e artigos

Solus Christus

Para reconhecer um evangélico, basta um breve tempo de conversa. Ainda que numa simples interjeição, o nome de Jesus, cedo ou tarde, acaba aparecendo. Jesus não é apenas o nome central para o cristianismo evangélico, Ele é o único nome, o “nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9), pois Jesus Cristo é o próprio evangelho.

Mas nem sempre foi assim. Apesar de Jesus ser o único nome atribuído à salvação, cura, libertação e purificação pelos apóstolos e primeiros discípulos (Atos 2.21; 3.16; 5.40; 19.5; 19.13; 22.16), com o passar do tempo, e com o afastamento da centralidade do evangelho de Jesus Cristo, outros nomes e práticas começaram a achar lugar.

Enquanto, no início, Jesus e Seu sacrifício eram suficientes e únicos para a salvação, com o tempo ela passou a ser recebida pela obra de Cristo associada à justiça da pessoa salva. Não só isso, mas outros cristãos, depois de mortos e considerados santos, com um suposto acesso especial diante de Deus, passaram a ser considerados intercessores diante do Pai (ou de Jesus), sendo a principal Maria, mãe de Jesus, chegando-se ao cúmulo de se ver bolada em nossos dias a frase “peça à mãe, que o filho atende”.

A Reforma Protestante, ao cunhar a expressão “Solus Christus” (Somente Cristo), atacou frontalmente tais desvios, declarando que a salvação é alcançada unicamente pela obra expiatória de Cristo na cruz. Segundo o Novo Testamento, “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus” (1 Timóteo 2.5), e não é apenas desnecessário buscar outro mediador, mas errado! Quando os gálatas, afastando-se do ensino de Paulo, começaram a acreditar que era necessário aliar ao sacrifício de Jesus a prática de obras da Lei de Moisés, o apóstolo lhes dedicou toda uma carta para chamá-los de volta ao verdadeiro evangelho.

Não há outro caminho. Qualquer pensamento, teologia ou prática religiosa que tira Jesus Cristo de sua posição central como agente da expiação humana carece de reforma. Seja em 1517, seja em 2017. E essa reforma deve ser buscada por nós, hoje, tanto quanto foi pelos reformadores de 500 anos atrás. Jesus Cristo não disputa lugar com nosso ego, com nossa tradição litúrgica, com nossa denominação, com o volume de nossas orações, com o número de capítulos da Bíblia que lemos por dia, com o quanto de dízimos e ofertas colocamos no gazofilácio, com quantas pessoas ganhamos para Jesus ou com a nossa dedicação ao ministério, aqui ou do outro lado do mundo.

E, neste assunto, não há discurso mais direto que o de Pedro, diante dos líderes religiosos de seus dias, quando disse que “não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4.12).

Não deixe que o nome de Jesus se torne apenas uma interjeição em seus lábios. Invoque-o, entregue-se a Ele, viva para Ele, e para Ele somente, pois só Jesus Cristo “é a testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos e o soberano dos reis da terra. Ele que nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do seu sangue, e nos constituiu reino e sacerdotes para servir a seu Deus e Pai. A Ele sejam glória e poder para todo o sempre! Amém” (Apocalipse 1.5-6).

Pr. Luís Fernando Nacif Rocha

Pastor Auxiliar