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Estudos e artigos

Sobre Cometas e Estrelas

Uma das histórias mais fascinantes e desafiadoras que conheço é a de Jim Elliot, um dos cinco missionários assassinados por um grupo de guerreiros Auca (hoje chamados de Huaorani) em 1956, em plena selva equatoriana. Eles foram mortos por aqueles que desejavam alcançar com o amor de Cristo. Em cada uma das decisões de sua vida, Jim Elliot demonstrou um desprendimento e um altruísmo que só apresenta quem é alimentado por algo acima de si mesmo. Sua vida refletiu em tudo seu amor por Jesus, e uma frase recolhida de seu diário ficou mundialmente famosa: “Não é tolo aquele que dá o que não pode reter, para ganhar aquilo que não pode perder. ”

Recentemente, li sobre um outro Elliot, nem de longe conhecido como o primeiro: Bert, irmão mais velho de Jim. Bert Elliot, também missionário, mudou-se com sua esposa para as selvas peruanas em 1949, estabelecendo um ministério de ajuda médica navegando os rios daquela região amazônica, tendo um especial cuidado odontológico da população, mesmo não sendo dentista. Faleceu em 2012, ainda no Peru, aos 87 anos, depois de plantar mais de 170 igrejas e escolas em diversas comunidades. Mas, mesmo vivendo diversas décadas mais que seu irmão mais novo, é talvez tão conhecido como qualquer outra pessoa “comum”.

Nas palavras do próprio Bert, Jim Elliot, seu famoso irmão, foi um “cometa que riscou os céus”. Cometas chamam a atenção, maravilham os expectadores e inspiram sonhos. Cometas são extraordinários, apesar de durarem tão pouco. Seguindo o mesmo pensamento, não seria errado compararmos Bert Elliot a uma estrela no céu. As estrelas não chamam grande atenção. Elas chegam de modo suave com o pôr do sol e desaparecem com a manhã. Mas são elas que estão sempre lá, dando direção aos viajantes e marcando as estações. Entra dia, sai dia, ano após ano, as estrelas estão sempre presentes no céu, e só por causa disso é possível usá-las e estudá-las. Por mais fascinantes que os cometas sejam, sua transitoriedade não permite que se tornem referência de nada.

Da mesma forma que nossos olhos brilham quando vemos um cometa, achamos que a única e melhor maneira de se viver a vida é sendo um. Queremos brilhar muito, ainda que seja pelos conhecidos “cinco minutos de fama”. Entretanto, para aquele que está precisando de uma referência, para o que busca direção na vida, de nada adianta um cometa. O mundo precisa de mais estrelas, gente constante, que está presente e pronta todo dia. Gente que não vira poeira num piscar de olhos. Gente que não se importa se há alguém mais brilhante por perto, pois cada estrela tem sua intensidade e sua importância próprias. Deus preparou alguns para fascinar e inspirar, mas Ele dá luz própria a cada um para, a seu modo, com os dons e talentos recebidos do Pai, emitir suficiente luz para ajudar o que está por perto. Inspire-se com os cometas, mas busque ser uma bela e constante estrela. Por isto, disse Jesus, “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:16)

Pr. Luís Fernando Nacif Rocha