Por que Ano da Esperança?
Encerramos mais um ano, firmados na graça de Deus. O que se ouve e se lê sobre 2016, entretanto, é que foi um ano difícil, como poucos, e que não vai deixar saudades. As retrospectivas na mídia descrevem um ano de guerras, atentados, crises, acidentes, num sem fim de notícias capaz de sugar o ânimo de qualquer pessoa para uma jornada futura. Tanto que muitos estão dando 2017 como um ano a ser pulado, como se fosse possível riscar 365 dias no calendário de uma só vez, dando as boas-vindas a 2018.
Particularmente, eu gosto dessas retrospectivas. Olhar para a história, ainda que recente, nos ajuda a projetar o futuro, mas precisamos tomar alguns cuidados. Nós, naturalmente, reagimos com ânimo quando vemos notícias boas e desanimamos com notícias ruins. Isso acontece ao final de um dia, quando pensamos no dia seguinte, da mesma forma que ao final do ano, quando traçamos planos para o ano que se acerca.
Levando em conta apenas esse ingrediente, realmente não teríamos muito ânimo para encararmos 2017, mas, ainda mais em tempos como esses, é extremamente necessário introduzirmos outros elementos.
O primeiro vem do profeta Jeremias, que enfrentava talvez a maior crise pela qual Israel passou em toda a sua história. Em meio a suas lamentações, ele se lembra de algo crucial: “as misericórdias do Senhor não têm fim; renovam-se a cada manhã” (Lm 3.22-23). O profeta percebera que encher sua mente com a firmeza da fidelidade do Senhor faria com que as recentes más notícias não abafassem sua alma. Pelo contrário, ao trazer à sua memória que o Senhor sempre fora fiel, sua alma se enchia de esperança para encarar o futuro.
Se olhar para a fidelidade do Senhor, em todos os tempos restaurou a esperança de Jeremias, os discípulos no caminho de Emaús (Lucas 24.13-35) também careciam de algo parecido, pois estavam mais que desanimados com a notícia da morte de Jesus na cruz. Contudo, um véu de seus olhos foi removido quando perceberam que o Senhor havia ressuscitado, que deixara vazio o túmulo. A alma abatida deu lugar ao coração ardente, a caminhada arrastada transformou-se numa corrida alegremente ansiosa. Os líderes judeus continuavam perseguindo os que criam, os romanos continuavam subjugando o povo, o som da multidão gritando “Crucifica-o!” ainda ecoava em seus ouvidos, mas tudo isso virava fumaça diante de uma única constatação: o Senhor Jesus está vivo!
Milênios se passaram desde esses dois episódios da história do Povo de Deus, mas nada alterou essas duas verdades. A fidelidade do Senhor continua sendo renovada em suas misericórdias a cada manhã, e o Senhor ressurreto vive e está entronizado sobre tudo e sobre todos. Por isso, a Oitava Igreja entra encarando 2017 como o Ano da Esperança. Nossa esperança não encontra fundamento na capacidade do nosso governo reorganizar nossa economia, nem em nossa capacidade de se esquivar da atual crise. A esperança do crente é o túmulo vazio, indicando que o Senhor Jesus venceu o maior dos inimigos e vive em glória, reinando como o “Senhor dos Senhores e o Rei dos Reis” (Ap 17.14) dos altos céus.
Com esta certeza refrescando nossa memória e fazendo arder nosso coração, vamos juntos romper nesse novo ano, pois “a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que Ele nos concedeu” (Romanos 5.5).
Pr. Luís Fernando Nacif Rocha
Pastor Auxiliar