Missões Transculturais: do despertar de um chamado ao campo
Há uma frase da escritora holandesa Corrie Ten Boom, que diz: “Ou você é um missionário ou é um campo missionário”. E independente de seu campo de missões, se ele é na sua casa, no seu bairro, no seu trabalho ou em meio a outros povos, em outros países, você é um importante instrumento de Deus para a evangelização de pessoas.
Aqui na Oitava Igreja existe um conselho que cuida das missões transculturais: o Conselho Missionário, que é responsável pelo despertamento, mobilização, conscientização e cuidado, acompanhamento e preparação, desde o interesse em missões até a volta do campo, que pode ser indígena, de ribeirinhos, ciganos, sertanejos ou em outros países.
O Conselho Missionário é formado por sete membros da igreja, que dão um suporte à liderança, desde a década de 90, quando foi notada a necessidade da criação de um grupo que pensasse em ações missionárias.
Faz parte do trabalho do grupo o curso Vocacionados, que acontece uma vez por ano, e tem por finalidade preparar o crente que sente que tem um chamado missionário para ir a campo. De acordo com a responsável pelo CM, Célia Laranjo, o curso é uma fase inicial, e serve para definir qual é o tipo do chamado, se é pastoral, missionário ou de liderança.
Ela destaca que o curso forma líderes altamente capacitados, pois possui disciplinas teóricas e práticas, que envolvem impactos missionários, visitas a campos, trabalhos na cidade de Belo Horizonte e evangelismo nas ruas. Além da preparação artística, de abordagem e a imersão na cultura do povo que irá conhecer, eles também são preparados para viverem em situações de perigo, onde saem da sua zona de conforto.
Célia destaca que “ao final, ele é uma pessoa que já sai na rua e evangeliza. Ele se torna consciente de que pode servir como missionário dentro do ambiente de trabalho dele, no local onde ele estiver. A gente não prepara só pra sair do país, só pra ir pra outra cultura, mas a gente trabalha numa conscientização maior, que é como servo no trabalho dele, na igreja local, perante os amigos, família, etc”.
A turma do Vocacionados que se forma em dezembro de 2016 tem cerca de 40 pessoas. Todas elas já estão envolvidas nas missões do ano que vem para a Guiné Bissau (que vai reunir evangelistas e profissionais da área da saúde) e para um país da América Latina, provavelmente o Peru.
Após a passagem por esse curso, o aluno se candidata para ser um missionário, anunciando formalmente ao conselho o seu interesse em continuar nas etapas de preparação. Cada um passa por um processo de entrevistas, onde o CM avalia o preparo que ele já possui, faz uma avaliação psicológica, de perfil, e uma etapa que se chama “avaliação do caráter”, onde é buscado o seu histórico familiar e de amigos. Como em um período de experiência, ele passa, também, algum tempo em um ministério da igreja local.
Após os resultados desse período, o conselho missionário o encaminha para os cursos no seminário. Para cada caso a preparação será diferente, já que cada um chega com uma formação específica.
O próximo passo é o encaminhamento dessa pessoa para uma agência missionária, que vai cuidar dos tramites legais e burocráticos da missão, como documentação, finanças, etc. Além de um programa de orientação específica do campo para onde ele vai, e o contato com a base já existente no local.
Segundo Célia Laranjo, o tempo médio de preparação para os missionários varia de 5 a 8 anos, em campos abertos e nos fechados. Mas esse tempo pode ser menor, caso a pessoa já tenha uma língua estrangeira e cursos de formação, por exemplo.
Essa preparação é mais comum nos casos dos missionários de carreira, que vão passar a vida em seus campos. Mas existem também outros tipos de missionários, como os de curto prazo, que permanecem no campo num período de 15 dias a dois anos, normalmente em locais com bases missionárias já fixadas; existem os missionários empresários, que vão montar um negócio no país e abençoar essa comunidade por meio da sua empresa; os chamados “fazedores de tenda”, que vão ir trabalhar na sua área de formação, como médicos e professores, por exemplo; e os missionários de urgência, que dão apoio em casos de grandes catástrofes, reforma e afins.
O Conselho também cuida da Educação Missionária, que traz preletores e missionários aos cultos e na escola bíblica. E da intercessão pelos missionários, que é um grupo que se reúne semanalmente para orar por eles e pelos relatórios enviados dos campos, que são chamados de prestação de contas, e chegam a cada três meses.
Atualmente, os projetos missionários apoiados pela Oitava contam com 24 missionários, espalhados em quatro continentes. São, no total, 80 pessoas que compõem as famílias missionárias, contando os cônjuges e filhos. Além disso, três pessoas estão na fase de candidatura para missões.
Célia Laranjo lembra que “é da natureza da igreja ser uma igreja missionária, e é preciso ter essa visão de olhar pra fora, porque vários versículos confirmam isso. A volta de Jesus é precedida pela pregação do evangelho”.
E como começou este texto, não custa nada lembrar que se você ainda não é um missionário, é um campo de missões. Leve as boas novas de Jesus para o mundo, evangelize!
| Ana Carolina Vitorino |