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RESSIGNIFICAR

05
dez
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Todos nós temos um passado guardado na mente, alojado na memória. Se o passado for de vitórias, lembrá-lo trará esperança ao coração (“Eu quero lembrar aquilo que pode me dar esperança na vida” (Lm 3.21)). Entretanto, se este passado for de dores e sofrimento, resgatá-lo afetará nossas emoções, de uma maneira ou outra, dependendo de como você o valoriza, o avalia ou dá significado a ele.

Uns tem um passado questionável, que não gostariam de desenterrar, nem de falar a respeito. Não é necessariamente, uma vida toda questionável, mas alguns episódios que gostariam de deixar no passado. Mas, o que fazer com essas experiências passadas que continuam nos incomodando e entristecendo? Como lidar com o fantasma do passado, das experiências traumáticas, que sabotam o presente e ameaçam o futuro? É preciso ressignificar, aprender a pensar e sentir de outro modo sobre os fatos da vida. É preciso aprender a ver novos pontos de vista e levar outros fatores em consideração. É preciso encarar de forma simples as situações que antes eram complicadas; perceber de uma nova maneira e dar um novo sentido àquilo que já estava formatado no sistema de valores e crenças.

A Bíblia está repleta de histórias de pessoas que, com a ajuda de Deus, significaram, que deram um novo sentido a tudo o que tinha acontecido com elas.

Jefté foi um dos juízes em um período caótico da história de Israel, 1380 a 1050 a. C: “Não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25). Vivia em Gileade, sendo membro da tribo de Manassés. A história de Jefté é curiosa, controversa e não conclusiva. Ele nasceu e viveu em um contexto familiar desorganizado. Sua mãe era prostituta, seu pai (Gileade) tinha muitos filhos de outros relacionamentos. Jefté fora odiado pelos seus meios irmãos, desprezado pela madrasta, tratado com indiferença pelo pai, privado da herança familiar, expulso de casa e desacreditado pelos anciãos da cidade.

Assim, Jefté – em todo e qualquer contexto histórico, diante de sua origem e consequências familiares – seria fadado ao insucesso. Alguém lançado à marginalidade, sem pai, mãe, irmãos e lar, tendo que vencer os traumas para se posicionar de forma relevante na sociedade. O que acontece a Jefté, após ser expulso de casa? “Foi habitar na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram a ele e saíam com ele” (Jz 11.3). Se meteu com más companhias, mas a facilidade de adaptação ao novo lugar demonstra que ele tinha capacidade de liderança.

Então, Jefté era valente, valoroso e líder. Cheio de qualidades, em um contexto de dificuldades. Quantas pessoas não se identificam com Jefté? Ele precisaria não chorar o abandono e a desgraça familiar, mas investir esforços para ser feliz, por meio daquilo que lhe era próprio: liderança, força e valor. A história demonstra um homem motivado e disposto a vencer, tanto que chama a atenção dos anciãos de Israel e, em um momento crítico da nação, é lembrado e solicitado: “Volte para Gileade, venha ser conosco para combater contra os filhos de Amon, seja cabeça entre nós” (Jz 11.08).

A despeito do que passou, se você estiver em Cristo, poderá dar um novo sentido ao seu passado, presente e futuro. “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5.17). Ser “nova criatura” significa estar em Cristo, isto é, dentro da Nova Aliança fundamentada no sacrifício do Filho de Deus. É crer que “aquele que não conheceu pecado o fez pecado por nós” (v. 21). É ter a consciência de que foi aceito por Deus mediante os méritos vicários de Jesus. Essa consciência produz mudança de vida, o “eu” morre. Aqueles que foram beneficiados pela morte e ressurreição de Jesus não podem viver mais para si mesmos (v. 15).

Assim, quando nos tornamos “novas criaturas”, é de se esperar uma mudança de vida.

Pr. Roberto Santos · Pastor Auxiliar