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Estudos e artigos

Liderando até os “Judas”

Não há maneira de se viver na liderança cristã sem topar com pessoas que nos desapontam, e, por vezes, até traem. Vivemos numa tensão entre experimentar o Reino de Deus através dos relacionamentos com nossa família da fé, mas também experimentar o que há de pior do mundo, quando aqueles de quem esperávamos muito nos recebem com o que tinham de pior. Será que os teríamos tratado com tanta consideração se soubéssemos de suas reais intenções.

Para esta e para qualquer outra situação, nada melhor do que buscar orientação em nosso modelo, Jesus. No capítulo 13 do Evangelho segundo João, o evangelista narra que Jesus, “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. Pegou uma tolha, uma bacia com água, e lavou os pés dos discípulos. De todos!!! Isto inclui os pés de Pedro, que iria negá-lo poucas horas depois; os pés de Judas, o grande traidor; e os pés de cada um dos demais que ainda naquela noite correram com medo de serem também presos. E Jesus sabia de tudo isto. Mesmo tendo consciência do caráter falho de cada um, mesmo sabendo que aqueles que se deliciavam com a presença do Mestre eram os mesmos que o negariam dentro de pouquíssimo tempo. Simplesmente os amou.

Mas a atitude de Jesus com Judas é que mais me impressiona. Se fosse eu, talvez eu diria explicitamente a Judas, antes de começarem a cerimônia daquela noite: “Sinto muito, mas você não é digno de participar do que vai acontecer aqui. Você não é dos nossos. Vá, e faça o que o diabo colocou em seu coração”. Mas, eu não sou Jesus (Ufa!!!). Ele não “aturou” Judas naquele lugar. Ele o amou. Não havia hipocrisia em Jesus quando ele lhe lavou os pés. Não havia falsidade quando ele estendeu a Judas o pedaço de pão molhado (v. 26). Nem com Judas, o traidor, nem com os outros onze, que o negaram (com Pedro foi explicito, mas os demais também o negaram ao fugir).

Sim, é quase certo que pessoas vão nos desapontar. Algumas, podemos até pensar, não são dignas de estar debaixo de nossa liderança, em nosso GCOI, na Igreja. Mas, ainda que tenhamos que agir com firmeza em certos momentos, de maneira nenhuma podemos perder de vista que somos chamados para “amar até o fim”. “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” (v. 15), e “novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” (v. 34-35)

O desafio da líder sempre será maior que o do liderado. Mas, da mesma forma, as bênçãos colhidas também serão. Não importa o tamanho da oposição ou do incômodo gerado por qualquer que seja. Nossos instrumentos de luta sempre serão uma toalha e uma bacia com água, preparados com muita oração.

 

nEle,

Pr. Luís Fernando Nacif Rocha | prluis@oitavaigreja.com.br