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IDE E PREGAI: CONGRESSO REGIONAL DO CONPLEI NO ALTO RIO NEGRO

Três dias de comunhão intercultural, louvor multilíngue, danças como expressão de adoração, impactantes testemunhos de conversão e ministrações desafiadoras. Cerca de mil pessoas reunidas, de 20 etnias, falantes de pelo menos 15 línguas, algumas de aldeias distantes até sete dias de viagem.

Não num centro de conversões, mas num acampamento rústico em meio à floresta; não em apartamentos confortáveis, mas sim em galpões sem paredes; ao invés de camas, redes de dormir; ao invés de carros e aviões, barcos e canoas; ao invés de um sofisticado auditório, um simples galpão aberto, de chão batido; ao invés de aconchegantes poltronas, bancos sem encosto; os pregadores: um não indígena, um Ticuna, um Baré, um Terena e um Sateré-Mawé; a sensação: um derramar da graça de Deus diante dos nossos olhos.

Este foi o 5º Congresso Regional do CONPLEI na região do Alto Rio Negro, noroeste da Amazônia, nas fronteiras com a Colômbia e Venezuela. O CONPLEI – Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas tem fomentado congressos assim a cada dois anos, em parceria com igrejas locais ou agências missionárias. Este foi sediado pela Igreja Evangélica Indígena do Areal, em São Gabriel da Cachoeira (AM), ligada ao Projeto Amanajé e plantada com o apoio da Oitava Igreja, atualmente sob a liderança dos missionários André e Marcelle, Silvério, Jacinto e Lindelvan.

Farinha doada pela Oitava Igreja.

ALGUNS DESTAQUES:

  1. Representantes de quatro povos ainda não efetivamente alcançados: Yanomami, Hupdah, Yuhupdeh e Tukano. Juntos eles somam cerca de 14.500 indígenas (somente nessa região), em 137 aldeias e, até então, sem uma igreja sequer.
  2. Um bom grupo de pessoas sendo batizadas e, dentre elas, 9 Yuhupdeh! Aleluia! Depois de onze anos de investimento, surge uma igrejinha entre esse povo.
  3. A participação do Pr. Jeremias Pereira como preletor. Muitos o conheciam através de mídias e foi uma alegria geral ouvi-lo ao vivo e à cores. Para Elisângela e eu, um privilégio sem tamanho ser visitados pelo pastor do coração.

ALGUNS DESAFIOS:

  1. Somente na região do Alto Rio Negro, também conhecida como “Cabeça do Cachorro”, restam 15 povos ainda não efetivamente evangelizados, em três povoados e centenas de aldeias sem igreja.
  2. No Brasil como um todo, cerca de 100 povos permanecem pouco ou nada evangelizados, demandando plantio de igrejas; outros 100 já têm igrejas mas sem liderança própria, carecendo formação de liderança; cerca de 60 não têm a Palavra na língua do coração, necessitando tradução bíblica; e cerca de 150 enfrentam graves carências sociais, clamando por ações humanitárias.
  3. Frente a esses imensos desafios, a seara continua grande e os trabalhadores poucos. “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara”.

UM BREVE TESTEMUNHO:

Zelina é uma senhora Yuhupdeh, mãe do Márcio, um dos primeiros convertidos, agora seminarista e cotradutor da Bíblia para sua língua. Antes fortemente resistente ao evangelho, nos últimos anos foi quebrantada pelo Senhor, se rendeu a Cristo e agora passou pelo batismo.

Ao voltar do congresso com um largo sorriso nos lábios, a expressão que escolheu para descrever a experiência foi “yahã sö ah” que quer dizer alegria. E testemunhou como estava alegre por tudo que viu, ouviu e viveu. Mencionou em particular o encerramento do congresso, quando todos dançaram efusivamente por horas, até a madrugada, na presença do Senhor. E o mais impactante para ela: todos sóbrios, sem bebedeira!

Em sua língua, “festejar” e “embriagarse” é uma única palavra. Festa é sinônimo de bebedeira coletiva, sempre com imprevisíveis desdobramentos. Mas agora, Zelina aprendeu a festejar não mais para ela mesma e sim para seu Dono, o Cordeiro Jesus. Aleluia! Yahã sö ah! Alegria!

Pr. Cácio Silva

Missionário pela Oitava Igreja