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Estudos e artigos

Fidelidade na família – A família da foto

A família ideal está longe da família real, família ideal é a da foto. Todos reunidos, felizes, contas pagas. Família real são outros 500. Briga do pai e da mãe. Filhos tomando caminhos estranhos, contas que não fecham. Se observarmos bem, todas as famílias são reais, buscando uma foto ideal.

A crítica à família tradicional carrega junto o desejo de todo crítico ter um pai para abraçar, uma mãe para lhe proteger. Um adolescente anda a frente dos irmãos e da família. Sua cara fechada revela mais que apenas revolta. Queria ter outra família. Ser filho de outros pais. Ter outros irmãos. Filhos diletos, briga entre irmãos. Quem nunca?

A Bíblia, o livro inspirado por Deus, escancara, o desequilíbrio familiar em seus heróis humanos.

A família de José, prole de Israel, era carregada das falhas que marcam a toda humanidade. “Então, disse Judá a seus irmãos: De que nos aproveita matar o nosso irmão e esconder-lhe o sangue?” (Gn 37.26).

O ciúmes dos irmãos e a predileção do pai trouxe uma carga de revolta ao ponto de assassinato. Querer ver José morto era acabar com a história de José. Apagar da memória aquele que não devia ter nascido.

Não é exagero. Quem nunca ouviu: “você não deve ser meu filho”; “não queria que tivesse nascido”; “te odeio, pai”; “queria ter outra família”… Fugir da família é uma fuga eterna pois é como correr da própria sombra. Fugir das digitais. Fugir de si, do jeito do pai, do timbre de voz da mãe. Fugir de se parecer inevitavelmente com seus irmãos, mesmo que feios. José fora vendido como escravo. O ódio dos irmãos chegou ao ponto do crime.

José amargou e venceu em uma vida de exclusão, porém viveu a honra de ser agraciado por Deus. José venceu não somente as lutas da violência doméstica. José venceu a amargura. “Então, José, não se podendo conter diante de todos os que estavam com ele, bradou: Fazei sair a todos da minha presença! E ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos” (Gn 45.1).

A vitória de José se deu pelo quebrantamento. Ao ver seus irmãos, não pode se conter. Revelar a seus irmãos que era ele que estava ali era inevitável, um grito da alma. O caminho de volta, no perdão manifestado em abraços e lágrimas, foi o que consolidou a redenção dos irmãos e trouxe ao coração de José a plenitude de saber que não era mais um estranho entre os seus. José estava de volta para casa, em país estranho, pois estava com os seus.

Seja onde estiver, se estivermos com nossa família, estamos em casa. Estar em casa não é a foto ideal, é a foto real. E a realidade deve nos bastar. É na foto real que sentimos o bom cheiro da comida da mãe, o abraço às vezes sem jeito do pai. É na foto real que estamos com a chatura dos nossos irmãos. Chatura que nos faz rir e refrescar as memórias das desventuras da infância.

Voltar para casa, portanto, é não somente curador mas faz-se necessário. É voltar à raiz, enfrentar medos, vencer abusos e abandonos. Negar sua história e sua família é continuar sem cura e sem história.

Este caminho de pedras e flores é um caminho de fidelidade. Honrar pai e mãe é ser fiel a eles e a Deus. Fidelidade é a palavra abrangente carregada de caráter e bondade. Fidelidade do marido à esposa, do casal, um ao a outro, tendo em um único coração a fonte de descanso e prazer.

Fidelidade dos pais aos filhos, fazendo deles os melhores possíveis, com integridade e afeto. Fidelidade dos filhos aos pais em toda honra perante toda a realidade da caminhada da vida. Fidelidade dos irmãos que reconhecem no olhar do outro a marca da família que Deus deu. Fidelidade é tudo que em Deus há. Seja fiel à Deus em sua família.

Pr. Bruno Barroso · Pastor Auxiliar