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Pr. Jeremias

Coragem Barnabé!

Nossas ações revelam nossas convicções. Nossas ações revelam nossa teologia e o modo como encaramos a autoridade das Sagradas Escrituras sobre nós. Em Atos 9.27, 28, está registrando que aquele (Saulo), que saiu de Jerusalém para Damasco, a fim de prender e até mesmo matar alguns que “eram do Caminho”, voltou para Jerusalém e procurou a comunidade dos seguidores desse “Caminho” dizendo-se “irmão”.

A reação de quase todos foi de desconfiança. O urmúrio entre os irmãos dizia: “Este não é irmão!”. Mas Barnabé!! CRISTÃO diferente. Bíblico. “Espiritocêntrico”. Cristão! Um pequeno Cristo. Barnabé procurou Saulo corajosamente para saber dele mesmo a razão de, agora, dizer-se “irmão”.

É preciso coragem para fazer o que é certo. Barnabé não ficou na turma da desconfiança, nem no grupo da fofoca. Foi pessoalmente e ouviu o testemunho fantástico de Saulo do seu encontro com o Senhor Jesus na estrada de Damasco. Fazer o que é certo pode ser simples algumas vezes, como por exemplo não jogar lixo na rua. Mas pode ser muito drástico quando significa honrar a Deus e a Sua Palavra até as últimas consequências, especialmente quando não se tem controle sobre as mesmas. Para Daniel isto significou ser jogado na cova dos leões. Sentar com Saulo implicava expor-se ao julgamento dos irmão e à mesma desconfiança que era nutrida contra o jovem discípulo. Por isso…

É preciso coragem para enfrentar a oposição. Que paradoxo! Quando você reúne coragem para fazer o que é certo, você não tem o apoio de todos. Era uma ocasião em que se deveria receber apoio total e irrestrito. Ficar do lado da verdade bíblica pode significar muitas vezes sofrer oposição dos próprios irmãos, que afirmam crer na Bíblia. Por quê? Penso que é: 1) Ignorância. Quem faz oposição à verdade, faz por desconhecer o ensino global das Escrituras. Pessoas que leem um versículo isolado e fundamentam sua tese sem ver todo o “conselho de Deus sobre o assunto” podem ser encontradas lutando contra o próprio Deus e, portanto, favorecendo o reino das trevas. 2) Humanismo. Aqueles que tiram seus conceitos do que sentem, do que acham melhor, daquilo que favorece as aparências, que faz o ser humano se sentir melhor, sem nenhuma preocupação com o que Deus pensa sobre a matéria, definem a ética ou verdade de acordo com os sentimentos que nutrem nas circunstâncias, ou pelas ligações de amizade, e de medo com as consequências. Quando estamos do lado da verdade bíblica, ainda que não saibamos, nem imaginemos, quais sejam as consequências de honrar tal verdade, de uma coisa podemos ter absoluta certeza: “Aos que me honram, honrarei”(diz Deus).

Em geral, não controlamos as consequências de nossas escolhas. Mas… se decidimos honrar a Deus, estejamos certos de que tudo ao seu tempo dará certo e fará bem a todo mundo, e multiplicará o poder e a influência do Evangelho. Este princípio atinge uma verdade tão aceita por nós como entregar o dízimo em dias de tanta dificuldade financeira, como também a morte de Ananias e Safira diante da congregação dos irmãos, disciplinados pelo Espírito, através das palavras de Pedro (Atos 5). Barnabé, tendo conversado com Saulo, revestido de coragem, leva-o diante das colunas da igreja e defende seu irmão.

É preciso coragem para enfrentar a rejeição. Barnabé e Saulo diante dos apóstolos. Os fatos sãos expostos. O passado de Saulo é aberto diante dos irmãos. Não é um passado encorajador, mas triste, feio, doloroso. Alguns daquela comunidade têm o coração ferido quando veem, olha e escutam sobre Saulo. Quando as pessoas conhecem o nosso passado, especialmente se é um passado desagradável, triste, em que o pecado nos derrotou em alguma área da nossa vida, e temos a coragem de nos expor e não tentar acobertar e manter as aparências, corremos um risco e ao mesmo tempo experimentamos a libertação. O risco é que a rejeição se instale, e as pessoas em suas “tendas” façam conjecturas e julgamentos. Ora, se isso acontece numa comunidade chamada evangélica, ela está fazendo o jogo do inimigo, e se torna não a igreja do Deus vivo, mas a “sinagoga de Satanás”. Devemos lembrar que todos nós temos os pés de barro. Se estamos de pé é pela graça de Deus. Não cabe a igreja de Jerusalém ficar conjecturando atrás de informações do tipo “Em quantas pessoas ele bateu?”; “Quantas ele prendeu?”; “Será que houve alguma outra coisa que ele está escondendo?”. Perguntas como essas vêm de dentro do inferno, e não do trono de Jesus. Cabe a comunidade da fé alegrar-se, restaurá-lo, encorajá-lo. Dizer a ele “Aleluia! Vamos para frente. Você é nosso irmão. Quero ajudá-lo a crescer. Aqui é sua família e sua casa.” Por outro lado, Saulo está LIBERTO. Todos agora conhecem o seu passado: perseguidor, matador. Quando as pessoas sabem o nosso passado, gostaríamos que nunca estivesse acontecido. Podemos, arrependidos e mudados, olhar nos olhos das pessoas, entrar e sair. Ou eles nos perdoam ou eles nos rejeitam. Temos que trabalhar nós mesmos numa auto-ministração. “Se Deus me perdoou, eu posso ir para frente”. Barnabé, naquela circunstância que parecia abortar a fé iniciante no coração de Saulo, viu algo que se tornou uma característica de sua vida.

É preciso coragem para ver a graça de Deus. Qual a bênção que há na desconfiança de uma comunidade para com um novo convertido? Aparentemente nenhuma. Mas foi essa desconfiança que fez aparecer um cristão da dimensão de Barnabé. Ficamos às vezes tão impressionados com o diabo, que corremos o risco de crer que existem dois poderes no universo. Mentira! Só existe uma autoridade no universo: o Senhor Jesus Cristo. O inimigo arma suas ciladas, machuca servos do Senhor, atira dardos inflamados… Mas qualquer coisa que ele faz só o faz debaixo da vontade permissiva do Deus Santo, que detém controle sobre todas as situações, e faz com que tudo coopere para o bem daqueles que amam a Deus. Há bênçãos espetaculares nas circunstâncias mais constrangedoras, se “amamos a Deus” e se “formos chamados segundo o Seu propósito”. Quando não sentimos, nem vemos a bênção, nem como ela se configura, corremos o risco da autopiedade, depressão e medo. Corremos o risco de nos tornarmos humanistas e não “bibliacêntricos”. Quando não sentimos, nem vemos a bênção, temos que andar pela fé, e esperar “inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo”. Aquele que começou a boa obra em vós não a deixará incompleta. Ele vai terminá-la, e muito bem.