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UM NOVO TEMP(L)O

50 ANOS DA OITAVA IGREJA

Em nossa terceira reportagem especial dos 50 anos, falaremos sobre a mudança para o bairro Palmares.

Um ponto de inflexão ao final dos anos 1980 levou a Oitava Igreja a ampliar seus horizontes e buscar um novo endereço para suas instalações. É que o prédio construído na Rua Itamogi, 70, que recebeu a igreja por mais de 20 anos, já não comportava a quantidade de pessoas nos cultos e programações semanais. Cadeiras eram disponibilizadas nos corredores, pessoas ficavam de pé nas laterais do templo… Chegou-se ao ponto dos participantes dos eventos ficarem no hall, assentados nas escadas e até mesmo do lado de fora do prédio, nas grades do portão e na calçada, em frente à igreja.

Além disso, a partir do momento em que a tecnologia permitiu, os cultos eram filmados e transmitidos para um telão que ficava no salão social, em um dos subsolos do prédio. Na época, a igreja contava com, aproximadamente, 1.200 membros, entretanto, o templo da Oitavinha comportava, no máximo, 300 pessoas. A conta não fechava. Para tentar amenizar a situação, decidiu-se por realizar dois cultos de celebração aos domingos: o tradicional à noite e um após a escola dominical.

Mas com o crescimento constante, nem mesmo os dois cultos dominicais resolviam o cenário. Anos depois da construção daquela estrutura, pela graça e para a glória de Deus, seria preciso buscar um novo espaço para receber a igreja. Marcos Tadeu de Oliveira Pereira, que foi zelador e diácono naquela época – e por cerca de 10 anos -, conta que foi montada uma comissão do Conselho para a pesquisa de lotes no próprio bairro Colégio Batista. Tudo isso, conforme manda o Manual da Igreja Presbiteriana do Brasil, discutido e votado em assembleias.

A expedição não teve sucesso e os lotes foram encontrados apenas três meses depois, porém, em outro bairro, hoje muito conhecido dos Oitavianos, o Palmares. O Sr. Ângelo Pio, tesoureiro da igreja naquele tempo, fez parte do grupo e foi escalado para buscar por terrenos vazios para a construção. Ele conta que, inicialmente, seria escolhida uma outra área, mais próxima da Rua José Cleto, mas o negócio foi fechado realmente com os três lotes da Rua Nestor Soares de Melo. Além disso, tudo aconteceu em um tempo de troca de moeda no Brasil e uma inflação instável, o que fez com que o terreno fosse comprado quase às pressas, para que o montante que a igreja contava não perdesse valor.

Marcos Tadeu também conta um outro desafio da época: o dono da área quase desistiu do negócio. “Fizeram a negociação, deram uma entrada e pagaram mais uma prestação. Um mês depois, a prefeitura anunciou que ia ser o shopping [na Av. Cristiano Machado]. O dono do lote queria desfazer o negócio, mas não tinha mais jeito, tinha pagamento no meio”, lembra.

Com o espaço escolhido e adquirido, teve início, então, a força-tarefa para a construção do novo prédio da igreja. Na primeira experiência de construção que a Oitava passou, o apoio dos membros, por meio de orações e investimento financeiro, fez toda a diferença para a conclusão do projeto. E desta vez, não foi diferente. Toda a igreja se dedicou para tornar real o sonho de um novo templo.

Tadeu conta que havia um esforço comum em prol da arrecadação de recursos para a obra. Todos se comprometeram a apoiar o projeto do templo do Palmares. Em uma das primeiras visitas, contudo, o grupo de irmãos teve uma surpresa. Esperando encontrar já um edifício em fase de construção, depararam-se com o terreno ainda vazio. Tadeu explica que foi preciso cerca de 20 metros de concreto, abaixo do nível do solo, para garantir a segurança e estabilidade dos prédios vizinhos, e por isso, alguns meses e uma parte dos recursos foram apenas para esta etapa.

A estrutura começou a tomar forma. Periodicamente, eram realizados cultos na construção: para comemorar a primeira laje ou para celebrar a finalização de alguma outra etapa. José Rubens, o Rubinho, conta que em certa ocasião, toda a igreja saiu após a Escola Dominical, na Oitavinha, para visitar o terreno: “hoje é ali pertinho e naquela época era longe”, considera. Jane Marinho, sua esposa, também lembra do tempo em que a turma ia de bicicleta à obra para orar.

Em outra ocasião, foi celebrado o culto da pedra fundamental, oportunidade também em que foram enterrados, em uma parte da construção, jornais, dinheiro, fotos e outros artigos da época, para marcar a data especial e relembrar o tempo de construção, caso no futuro a caixa seja encontrada.

Enquanto de um lado materiais e pessoas trabalhando, havia do outro uma expectativa enorme para ver como iria ficar a nova casa da Oitava. A igreja promovia vigílias para orar pela construção e contava com o apoio incondicional dos membros. Até que em 1996 houve o anúncio do Pastor Jeremias: a partir da semana seguinte, todas as atividades da igreja seriam transferidas definitivamente para o novo prédio. A Oitava ganhava um novo endereço: Rua Nestor Soares de Melo, 15.

“No começo o povo estranhou um pouco porque a ligação emocional com a Oitavinha era muito grande, mas rapidinho já estavam bem felizes com o lugar, [sentindo-se] em casa”, conta Célia Serranegra. Flavius Marinho, esposo de Celinha, confessa que teve receio da igreja perder uma de suas principais características, que era a união, mas que, pelo contrário, a mudança evidenciou ainda mais as marcas da Oitava. “[No início] Os cultos foram no primeiro piso, aquela confusão, chão de terra, às vezes tijolo, construção no meio, lâmpada simples no bocal, aquelas coisas improvisadas… Mas já tinha muito mais gente do que cabia na Oitavinha. [O caráter da igreja] Continuou a mesma direção, ocupando o espaço que ela precisa na cidade, só expandiu”, reflete.

De um templo que comportava, no máximo, 300 pessoas, para um prédio suntuoso, com uma dezena de salas, livraria, biblioteca, cozinha, espaços de uso comum e um templo com capacidade para receber quase 700 pessoas. O que começou com um sonho, cresceu, tornou-se realidade e tomou proporções inesperadas, mas desejadas desde o início, como revela o Sr. Ângelo Pio: “O Pastor Wilson falou um dia em frente à igreja: ‘Eu quero uma igreja para 600 pessoas’. Ele morreu com essa ideia. O Pastor Jeremias, ao invés de 600, tinha em mente quatro ou cinco mil membros. E ainda dá para crescer, essa igreja é para oito mil pessoas”, avalia. Ele também completa a sua expectativa para o futuro da Oitava: “Para crescer precisamos ter atitudes certas. Tenho pensado que a igreja está bem localizada e ela vai vencer. Eu apenas penso como o Pr. Wilson e o Pr. Jeremias: enquanto tiver gente em BH, vai ter gente para a igreja”, assegura.

No início, ainda com alguns tijolos à mostra, sem o acabamento que conhecemos hoje. Cultos no salão social, classes da EBT na galeria do templo. E por falar em templo, um púlpito mais amplo e mais baixo. Por algum tempo, ainda no cimento. E, mais tarde, com piso de madeira, ao contrário do carpete aplicado hoje em dia. A grande TV de tubo no templo nem de longe lembra as modernas telas que dispomos hoje para acompanhar versículos, letras das canções do louvor e a pregação do preletor. A mudança ocorreu ainda na fase de ajustes finais e, com o apoio de sempre dos membros, a Oitava venceu mais um de seus desafios.

Desde a inauguração oficial do templo no Palmares, já são 23 anos. Quantas conquistas, histórias e pessoas marcaram este tempo! Pastores especiais passaram por aqui, ministérios foram criados, missionários enviados, projetos foram realizados para abençoar Belo Horizonte, Minas Gerais, o Brasil e o mundo. A visão da Oitava foi definida no início dos anos 2000, mas, mesmo sem conhecer exatamente as expressões que a formaria, a igreja já vivenciava-as desde 1969: uma igreja bíblica, contemporânea, acolhedora de pessoas, presente na cidade e parceira na evangelização do mundo.