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Estudos e artigos

“SOMOS TODOS TEÓLOGOS”… SERÁ?

Há quem diga que estudar demais a Bíblia acaba fazendo mais mal do que bem. Você deve estar se perguntando: Por quê? Os argumentos são de que isso pode acabar esfriando a fé ou que pode levar a uma hipervalorização do intelecto, ao ponto de um verdadeiro relacionamento com Deus ser deixado de lado. Há ainda a possibilidade de se utilizar – erroneamente –, como resposta, parte do versículo 6 de 2 Coríntios, que diz: “a letra mata”.

A verdade é que, sim, o saber sobre Deus não deve ser usado para a própria glória do homem, mas para conhecê-lO melhor, a fim de honrá-lO e obedecê-lO. Essa busca pelo conhecimento divino pode ser sintetizada em uma palavra: teologia.

O estudo sobre Deus, ou a teologia, nada mais é que a procura por saber sobre a natureza, o caráter e a vontade de Deus. O sufixo “logia” – encontrado em outros saberes como: biologia, geografia, antropologia etc – significa “palavra”, “ideia” ou “lógica”. Ou seja, a teologia é a ideia ou lógica sobre Deus. Essa “disciplina” é também uma ciência (”conhecimento”, em latim), aquela que tenta obter um conhecimento coerente e consistente sobre Deus.

“Muitas pessoas acreditam que o estudo teológico tem pouco valor”, escreve o pastor e teólogo estadunidense R.C. Sproul, que continua: “Elas dizem: ‘Não preciso de teologia; preciso apenas conhecer a Jesus’. Mas a teologia é inevitável para todo cristão. É nossa tentativa para entendermos a verdade que Deus nos revelou – algo que todo cristão faz. Portanto, a questão não é se vamos nos engajar em teologia, mas se a nossa teologia é correta ou incorreta”. E essa é uma questão de fato fundamental.

Você pode se perguntar: mas como conhecer a Deus? Como estudar alguém que não se vê? Bom, essa é justamente a beleza do nosso Deus: Ele permite ser conhecido, afinal, Ele se revela. E é exatamente por causa disso que podemos distinguir uma boa de uma má teologia.

Em seu livro “Somos Todos Teólogos”, Sproul traz uma teoria bastante interessante – exposta já no título –, em que afirma que todos nós, mesmo aqueles que não estudam formalmente a teologia, temos opiniões e crenças sobre Deus. Ele argumenta que, ao fazer escolhas sobre a fé, estamos, de alguma forma, fazendo teologia, pois interpretamos e aplicamos conceitos sobre a natureza divina e a vida cristã. Logo, somos todos teólogos.

Se todos nós produzimos ideias diferentes sobre Deus, como saber quem está certo? Estamos falando daquilo que são os “mistérios sobre Deus”, então, nunca saberemos quem está correto e quem está equivocado, responderiam os mais apressados. Mas, será mesmo? Não é bem assim.

O nosso Deus se revelou e se permite conhecer. Mesmo aqueles que “tateiam” procurando a Deus o podem encontrar, pois Ele permite ser achado (Atos 17.27). Sproul não para por aí, e afirma que “Deus fez um grande esforço para se revelar ao seu povo”. Como?

Temos primeiro a revelação geral, aquela expressada no ato criativo de Deus, em toda Sua criação e no próprio homem. Por causa dela, toda a humanidade é indesculpável no que diz respeito à existência de Deus, pois Ele “não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo” (At 14.17). Possuímos também a revelação especial, aquela impressa na Lei de Deus, e o mistério – outrora escondido – que foi revelado em Jesus Cristo: o Evangelho, a sabedoria e o poder de Deus para salvar e redimir o Seu povo.

Encontramos tudo isso desvelado em Sua Palavra, a Bíblia Sagrada. Ela é o nosso ponto de partida e fonte primária da nossa empreitada. Em Sua Graça, o Senhor se dirige a nós em nossos modos e linguagem. Explico: Ele, um ser infinito e que, sem dúvidas, nunca teremos a capacidade de assimilá-lO em Sua totalidade, utiliza a nossa linguagem imperfeita para que O possamos conhecer. Por mais variados que sejam os “elementos da verdade” que vemos em teologias humanas por aí, o parâmetro sempre será as Sagradas Escrituras – a Palavra de Deus, inspirada, inerrante e verdadeira.

Ao lermos as Escrituras, podemos conhecer quem Deus é, Seu caráter e Sua vontade. Essa compreensão é fundamental para a nossa vida diária, pois, como afirma Sproul, “somente quando entendemos o caráter de Deus, podemos entender todas as outras doutrinas corretamente”. Então, quando estudamos a Palavra a fim de compreendê-la de modo correto, temos os recursos necessários para saber como viver a nossa vida de forma a agradar a Deus.

E, ao fazermos uma boa teologia, ou uma teologia bíblica, nos tornamos bons teólogos. E não nos tornamos teólogos para satisfazer o nosso ego ou o nosso intelecto, mas sim para “nos instruir nos caminhos de Deus, para que cresçamos até à maturidade e à plenitude de obediência a ele.” (Sproul, 2017).

Essa é a razão pela qual devemos nos envolver com a teologia. Assim sendo, esforcemo-nos em estudar com empenho a Palavra de Deus, a fim de tornarmo-nos bons teólogos!

(Sproul, R.C.. Somos Todos Teólogos: Uma introdução à Teologia Sistemática. Editora Fiel, 2017.)

VOCÊ SABIA?

No dia 30 deste mês é celebrado o Dia do Teólogo, aquele que é responsável por orientar-nos, ajudar-nos e explicar-nos de acordo com a boa teologia. Nosso sincero agradecimento e felicitações!

  • Marianna Bortolini – Professora na EBT