Sobre muros e pontes
Libni Meireles – Conselho Missionário
Lembro-me com certa clareza da primeira vez que escutei a expressão de que “Jesus é a ponte que nos liga de volta a Deus”. Eu era recém-convertida e participava de um evangelismo pela primeira vez; minha dupla, bem mais experiente, usava um cubo que contava em poucas imagens o plano da salvação e, em uma delas, havia uma bela representação de uma ponte em forma de cruz.
A cruz de Cristo é a ponte que nos liga, aproxima, reconcilia com o Pai! Em Efésios 2:13-14 está escrito: “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio.”
Nossa tendência natural é sempre de nos afastar, e porque nos afastamos nos estranhamos, e como estranhos sentimos a necessidade de nos proteger uns dos outros e, assim, construímos muros. Muros nos dão uma falsa sensação de segurança e isolamento: este é o meu espaço e aqui dentro estou protegido, nada me atinge. Alguns chegam ao extremo de construir muralhas altíssimas, como foi o caso da cidade de Jericó, ou de comprimento espantoso, como a Grande Muralha da China.
Quando falamos de Missões muitos são os muros a serem derrubados. Barreiras que nos afastam e isolam: diferenças culturais, étnicas, religiosas, geográficas, linguísticas, históricas, econômicas, e a lista não para. Poderíamos muito bem cruzar os braços, nos lamentando em frustração por sermos pequenos demais para tão grande obra, porém, não é essa a atitude que Cristo espera de nós: fomos chamados a sermos cooperadores com Ele, a sermos seus embaixadores: “Somos representantes de Cristo. Deus nos usa para persuadir homens e mulheres a deixar as diferenças de lado e ingressar na obra de Deus e para reconciliar os seres humanos com Ele.” [2 Co 5:20 – A Mensagem]
Ao longo da história, vários foram os homens e mulheres que entenderam esse chamado. Como o apóstolo Paulo, que entendeu que a salvação não se limitava apenas ao povo judeu, mas também aos gentios. Ou William Carey, sapateiro e pregador leigo, e sua esposa Doroty, que no século XVIII receberam o chamado de Deus para levar o evangelho à Índia, tendo traduzido a Bíblia inteira para o Bengalês, Sanscrito e Marathí.
Ou ainda o jovem inglês Hudson Taylor, estudante de medicina que deixou o conforto de seu país para levar o evangelho à China, onde viveu por 51 anos e fundou uma sociedade missionária que foi responsável pelo envio de mais de 800 missionários ao país. E tantos outros: Cameron Townsend, David Livingstone, Mary Slessor, John Eliot, David Brainerd, Ashbel Green Simonton, Ralp D. Winter, Ronaldo e Rossana Lidório, Cácio e Elisângela, Carla Barros, André e Suerda, Giancarlo e Adriana, Luciana Tolentino, Rafael e Tathiane Barros, Lorena Barbosa, Alberto e Raquel Tavares, Alexandre Magno e Josicleide, Carlos Rogério, Elias Dantas e Amélia, Hans e Rose Schutze, Izaías Pataxó, Jaimeson e Cleidemar, Márcio e Cleuzenir, Márcio e Isaura Schmidel, Pedro Silva e Sueli, Pedro e Andréia Villarreal, Ronofo e Elizabete, Rosifran e Alicia, Sérgio Ribeiro e Ana Tereza. Eu e você.
O muro nos separa, a ponte nos une. Muros nos distanciam, pontes nos aproximam. A cruz de Cristo foi a ponte que nos trouxe de volta ao Pai, como bem ilustrava o cubo usado por minha dupla naquele evangelismo há muitos anos atrás. E é por isso que a Oitava Igreja, através do Conselho Missionário, investe em Missões, porque acreditamos que nosso papel – enquanto seguidores de Jesus – é o de levar a boa nova da salvação, a mensagem que Deus nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo. Aleluia! E essa deve ser nossa alegria e motivação para nos relacionarmos com o Criador, a criação e, especialmente, para nos relacionar uns com os outros, até Jesus voltar: seguir derrubando muros e construindo pontes.