SANTIFIQUE OS PENSAMENTOS
Certa vez, ouvi um provérbio que, se me lembro bem, afirmava o seguinte:
“Quando em público, vigia as tuas palavras
Quando em família, vigia teu gênio (temperamento)
Quando a sós, vigia teus pensamentos.”
Ao discípulo e discípula de Cristo Jesus é recomendado: “transformai-vos pela renovação da vossa mente”; “sobre tudo que se deve guardar, guarda o teu coração porque dele procedem as fontes da vida”; “pensai nas coisas lá do alto”; “deixem que o Espírito renove seus pensamentos e atitudes e revistam-se da nova natureza, criada para ser justa e santa como Deus” (Ef 4.23-24). Assim como o homem pensa, assim ele é.
Uma pessoa que deseja saúde física, saúde emocional, saúde espiritual, gozo, alegria, paz e uma vida cheia e transbordante do Fruto do Espírito Santo, manterá zelo diário contra aqueles pecados que ocorrem unicamente no recesso e no secreto de sua mente, mas que entristecem e inibem o fluir do Espírito Santo.
Pensamentos impuros. “São os olhos a lâmpada do corpo”. Muitas informações que causam tentação para impureza mental são de origem visual. Há também as tentações que chegam pela audição. O servo deve guardar seus olhos e seus ouvidos e fugir e evitar situações que podem servir-lhe de tentação. Numa época de afrouxamento moral, indulgência sexual, vale tudo, e acesso fácil à pornografia, devemos nos guardar de buscar situações que nos levam ao pecado. O pecado de impureza mental é um pecado secreto. Ele quebra nossa intimidade com o Senhor. Ele afeta nossa comunhão no corpo de Cristo, na família e rouba nossa paz e nossa alegria. Muitas vezes, para ser livre desse hábito pecaminoso de impureza, é preciso confessar ao Senhor, ter alguém de confiança que possa orar e, em alguns casos, terapia com profissional competente e de bons valores cristãos. Muitas maridos sofrem, muitos pais sofrem, muitas esposas sofrem, pois já descobriram que seus amados estão se deixando levar pela onda da impureza mental. Todos nós lutamos contra esta tentação. É uma luta diária e devemos clamar pelo socorro do Espírito Santo.
Pensamentos negativos. Todos sofrem ou sofreram experiências dolorosas, circunstâncias contrárias e ações ruins das pessoas. Por vezes, nós mesmos fazemos coisas erradas contra Deus, o próximo e nós mesmos. Há pessoas que têm uma tendência ao negativismo e ao vitimismo e veem todos como seus inimigos. Nossas reações às circunstâncias contrárias e às pessoas que nos são contrárias podem ser de vingança, mágoa, autoacusação, derrotismo, autoindulgência, descrença, acusações contra Deus, contra os irmãos e contra tudo e todos. Muitas vezes na câmara secreta de nossos pensamentos alimentamos palavras como “é difícil demais, ninguém se preocupa comigo, eu não merecia isso. Ah! Isso não vai ficar assim! Faço tudo e ninguém reconhece nada”. São pensamentos que ferem a glória de Cristo, a providência Divina, a soberania de Deus, o amor de Deus por nós em Cristo. Esses pensamentos nos imobilizam, adoecem, roubam a paz e fervor espiritual. Relevam também o quanto somos egoístas e temos pensamentos só para nós mesmos, como se a vida fosse uma contínua selfie. O discípulo do Senhor buscará orientação, sabedoria e perceberá a disciplina e orientação do Senhor em todas as circunstâncias. Mesmo quando as coisas não estão como gostaria, centrará seus pensamentos no amor de Deus, contará as bênçãos da providência Divina, descansará sua alma no Senhor e procurará trazer à memória o que lhe concede esperança e não manterá o foco nas fontes de desespero e ansiedade. Meditar na palavra que diz: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28-29).
Fantasias. “Cada um é tentado pela própria cobiça, quando esta o atrai e o seduz. Então a cobiça, depois de haver concebido, dá luz ao pecado: e o pecado, uma vez consumado gera a morte” (Tg 1.14-15). A imaginação é uma das belas faculdades de nossa mente. Por meio dela podemos “visualizar” as profundas narrativas do Evangelho. É por meio dela que se consegue um pouco do alívio das tensões, quando você recorda um lago tranquilo, grama verdinha às margens, crianças que brincam e cantam ali, um banco como um local de meditação e sente aquele aroma fresquinho de uma brisa reconfortante. Contudo, a imaginação descontrolada tem levado inúmeras pessoas a planejarem o mal, imaginar o adultério, mentir, roubar e cometer uma série de ações cujas consequências, mais tarde, podem ser de culpa, tristeza, choro, depressão, desespero e desânimo consigo, sua família, sua igreja e até mesmo a própria vida. O pecado é, primeiramente, “concebido”. Ele é desenvolvido em nossa imaginação. Se uma pessoa nutre fantasias para pecar, dia mais dia menos ela a executará! “Ai daqueles que, no seu leito, imaginam a iniquidade e maquinam o mal! À luz da alva, o praticam, porque o poder está em suas mãos. Se cobiçam campos, os arrebatam; se casas, as tomam; assim, fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança” (Mq 2.1-2). É fato que o contraponto é igualmente verdadeiro. Uma mente que imagina coisas nobres efetuará coisas nobres e relevantes. Uma mente que imagina servir e viver de maneira que Cristo seja glorificado no seu dia a dia, pela graça de Deus, realizará este propósito.
Pensamentos de condenação. Julgamos as pessoas pela aparência, maneira de sentar, de orar, etc. Uma pessoa pode estar conversando conosco na maior paz e, no íntimo, estamos condenando, julgando, xingando ou maldizendo-a. Muitas vezes isso acontece até no casamento, quando um cônjuge que foi ferido ou não gostou do que o outro fez (e não conversou sobre o assunto), quando o outro está deitado dormindo o tal está ao seu lado pensando mal ou julgando, criticando, literalmente, pelas costas. É preciso se arrepender deste coração maligno e deste comportamento íntimo que o Senhor conhece. Ele julga as intenções do coração. “Concluindo, caros irmãos, absolutamente tudo o que for verdadeiro, tudo o que for honesto, tudo o que for justo, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, nisso pensai” (Fp 4.8).
As quatro áreas acima são apenas ilustrações. Cada um de nós sabe onde seus pensamentos vivem ou, de vez em quando, viajam. De fato, não podemos controlar: o que as pessoas pensam a nosso respeito, nem o que dizem; a maneira como fomos criados; as circunstâncias adversas que nos sobrevieram ou nos sobrevirão; algumas informações para o pecado que nos chegam pelos olhos ou ouvidos. Contudo, pela misericórdia e bondade do Senhor Jesus Cristo, há uma fortaleza que podemos controlar, se nos submetermos ao Espírito Santo e gastarmos tempo na leitura, meditação, memorização e prática da Palavra de Deus: nossa mente.
Pr. Jeremias Pereira · Pastor Titular