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Estudos e artigos

SANTIFICAI-VOS: PRATICANDO O PERDÃO

(Mateus 18.21-35) 

A santificação é um chamado divino que ecoa ao longo das Escrituras, sendo um aspecto fundamental da vida cristã. O apóstolo Pedro nos exorta: “Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1.16). Essa chamada à santidade não é apenas um convite, mas uma responsabilidade que devemos abraçar em nossa jornada de fé. Contudo, um dos desafios mais profundos e, muitas vezes, mais difíceis de enfrentar nesse caminho, é o perdão.  

Em Mateus 18.21-35, Jesus nos ensina, por meio da parábola do credor incompassivo, que o perdão deve ser visto não apenas como um ato isolado, mas como um estilo de vida que reflete nossa disposição em viver segundo à vontade de Deus. Ao longo deste texto, vamos explorar como o perdão está entrelaçado à santificação e as dificuldades que enfrentamos ao perdoar, além das bênçãos que vêm de uma vida marcada pelo perdão.  

  1. O perdão como caminho para a santidade

Pedro, em sua busca por compreender a extensão do perdão, pergunta a Jesus quantas vezes deveria perdoar seu irmão, sugerindo um limite de sete vezes. A resposta de Jesus: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (v.22) redefine completamente a percepção de Pedro sobre o perdão. Essa resposta nos revela que o perdão não deve ter limites, pois está diretamente ligado ao nosso processo de santificação. Perdoar não é um evento único, mas um exercício diário que nos transforma e nos aproxima mais de Cristo, que nos perdoou incondicionalmente na cruz. 

Quando cultivamos um coração perdoador estamos permitindo que a graça de Deus opere em nós, moldando nosso caráter e nos tornando mais semelhantes a Ele. A falta de perdão, por outro lado, cria barreiras que impedem nosso crescimento espiritual. Para avançar em nossa caminhada de santidade é crucial que aprendamos a perdoar, não apenas por obrigação, mas como uma expressão do amor que recebemos de Deus. 

  1. Enfrentando a dificuldade do perdão 

Jesus, ao contar a parábola do servo devedor, ilustra a dificuldade que muitas vezes enfrentamos em perdoar. O servo que devia uma quantia exorbitante ao seu senhor e recebeu perdão se recusa a perdoar um companheiro que devia uma quantia insignificante a ele. Esse comportamento revela uma grande hipocrisia que existe em nosso coração. Somos rápidos em buscar misericórdia quando estamos em dificuldades, mas hesitamos em oferecê-la aos outros quando nos sentimos injustiçados ou magoados. 

Perdoar pode ser uma tarefa árdua, especialmente quando as feridas são profundas. Muitas vezes nos sentimos inseguros e temerosos de que, ao perdoar, estaremos permitindo que a injustiça prevaleça. Contudo, Jesus nos alerta que aqueles que não perdoam também não experimentarão plenamente o perdão de Deus (v.35). Precisamos ter em mente que o perdão não é apenas um ato de bondade; é uma necessidade espiritual. Lembrar-nos do perdão que recebemos é fundamental para nos tornarmos capacitados a perdoar os outros, pois somos todos pecadores necessitados da graça divina. 

  1. As bênçãos de praticar o perdão 

O perdão é um presente que nos liberta do peso da amargura e do ressentimento. Quando escolhemos perdoar, não apenas restauramos relacionamentos, mas também fortalecemos nossa comunhão com Deus. Jesus nos ensina que o perdão traz paz ao coração e nos permite viver livres dos fardos do passado. Em Efésios 4.32, somos exortados a “perdoar uns aos outros, assim como Deus vos perdoou em Cristo”. Essa prática de perdão, portanto, não é apenas uma responsabilidade, mas uma fonte de alegria e renovação espiritual. 

Quando perdoamos, experimentamos a alegria da reconciliação, que transforma a nossa vida e nos ajuda a refletir o caráter de Cristo. Além disso, ao perdoar, damos um testemunho poderoso ao mundo sobre o amor transformador do Evangelho. O perdão tem o poder de quebrar cadeias e restaurar a esperança, tanto em nós mesmos quanto nos que nos cercam. 

É crucial lembrar que a prática do perdão é uma jornada contínua. Somos chamados a viver em santidade, e isso implica não apenas em abstermos do pecado, mas em cultivar um coração perdoador. O perdão é a chave que nos abre as portas da graça e da misericórdia, tanto para nós quanto para os outros. Que possamos reconhecer a grandeza do perdão que recebemos de Deus e nos esforçar para estender essa graça a quem nos ofendeu. 

Que o Senhor nos ajude a viver essa verdade diariamente, permitindo que o perdão transforme a nossa vida e nossa comunidade. Ao praticarmos o perdão nos tornamos agentes de mudança, refletindo o amor de Cristo em um mundo que tanto precisa d’Ele. Devemos sempre nos lembrar de que fomos perdoados para também perdoar, e que essa prática é essencial para nossa jornada de santidade.  

– Pr. Filipe Lemos – Pastor Auxiliar