SANTIFICAÇÃO – UMA NOVA IDENTIDADE
1 Pedro 2.1-10
Santidade sempre foi um tema importante dentro do cristianismo, razão pela qual, não raro, ouvimos sobre a necessidade de nos santificarmos. De fato, a santificação é fundamental na vida de todo aquele que conheceu o Senhor Jesus.
Contudo, acabamos resumindo a santificação como sendo um processo de responsabilidade do homem, em que ele deve abandonar seu pecado. Por essa razão, na maioria das vezes que ouvimos sobre santificação, a mensagem se concentra em proposições negativas como: “não faça”, “não toque”, não veja”.
Entretanto, quando estudamos mais a fundo esse processo, percebemos Deus como o responsável; vemos ainda que a santificação é mais abrangente do que o simples “não faça”, envolvendo também o que deve ser feito.
Em primeiro lugar, é importante entender que, como parte do processo de salvação, a santificação é um ato de Deus, que inicia e conclui a santificação no crente (Filipenses 1.6). Dessa forma, vemos que a Bíblia atribui ao Deus trino a santificação (Pai: 1 Tessalonicenses 5.23; Filho: Efésios 5.25-27; e Espírito Santo: 2 Ts 2.13). Com isso, não quero dizer que o crente não tenha nenhuma responsabilidade nesse processo; de fato, a Bíblia nos exorta: “sede santos” (1 Pedro 1.16) e nos impõe a necessidade de viver “em novidade de vida” (Romanos 6.4).
Devemos compreender que Deus é o responsável em garantir a santificação do crente, enquanto o crente tem a responsabilidade de cooperar com Deus nesse processo. Dessa forma, apenas desenvolvemos aquilo que está sendo feito pelo Senhor, de sorte que nos esforçamos ao máximo para sermos santos, sabendo que, no fim, nosso esforço não nos dá méritos para a salvação.
No entanto, é importante saber que, apesar da salvação não depender do esforço que fazemos, existe recompensa para esse esforço. A Bíblia nos diz que, se aquilo que construímos sobre o fundamento, que é Cristo, sobreviver ao julgamento, receberemos recompensa (1 Coríntios 3.11-15). Em outras palavras, o esforço na santificação produz recompensa, se nossas obras forem de fato preciosas.
No texto que lemos, Pedro inicia dizendo: “portanto”, se referindo ao fato de termos uma nova identidade em Cristo, por termos sido regenerados mediante a Palavra de Deus (1 Pe 1.23). Essa nova identidade deve produzir uma nova vida no crente, em que ele abandona seus pecados e passa a viver de forma condizente com essa nova realidade.
A primeira exortação do apóstolo é para abandonarmos nossa antiga maneira de viver, retratada pela expressão “despojando-vos”, ou seja, retirem suas roupas antigas, que são: maldade e dolo, hipocrisias, invejas e toda maledicência.
O uso da expressão “toda” e do plural nos mostra a abrangência dessa responsabilidade. A santificação não deve ocorrer apenas com relação aos pecados que eu escolher, ou aos que são mais fáceis ou confortáveis. Todo pecado deve ser abandonado no processo da santificação.
- Abandone a maldade, a vontade de que algo ruim aconteça com aqueles que você não ama. Neste nosso tempo, comece pelos políticos que você não apoia, ou aqueles que não expressam seus valores. Deseje o bem deles e lembre-se que você já foi como um deles. (1 Co 6.11);
- Abandone o dolo e o agir com falsidade para com o próximo, mentindo e manipulando. Não engane a fim de prejudicá-lo;
- Abandone a hipocrisia, o fingir ser alguém que você não é. Seja verdadeiro e alinhe o discurso à prática;
- Abandone a inveja, o querer aquilo que é do outro. Nestes tempos de relações digitais, em que expomos nossa vida, não viva desejando a vida que o outro tem ou que ele faz parecer que tem;
- Abandone a maledicência, cuide da sua língua. Não calunie, não fale pelas costas e não ataque a honra de ninguém.
Após haver abandonado a antiga forma de viver, agora somos convidados a vivermos de forma diferente; e nos versículos 2 a 10 vemos como deve ser essa nova vida:
- Deseje ardentemente a Palavra de Deus (v.2). A palavra espiritual que caracteriza o leite tem sua raiz na palavra: “palavra”. Observando o contexto do capítulo 1, em que é a Palavra que traz a salvação e o crescimento, não restam dúvidas de que Pedro exorta os crentes a desejarem ardentemente a Palavra de Deus:
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- Leia continuamente a Bíblia;
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- Leia grandes porções da Bíblia;
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- Decore a Bíblia;
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- Medite diariamente na Bíblia;
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- Ensine a Bíblia.
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- Achegue-se a Deus (v.4). Viva próximo a Ele. Passe o dia em oração, sabendo que Ele está perto e está ouvindo. Tenha tempo e lugar específicos de oração;
- Seja Igreja (v.5). Nós somos pedras que, juntas, formam este templo edificado sobre Cristo. Nenhum tijolo sozinho constrói uma casa; precisamos uns dos outros. Só podemos ser corpo de Cristo se vivermos unidos. Ame sua igreja. Perdoe sua igreja, todos são pecadores como você. Sirva sua igreja;
- Seja um sacerdote (v.5). Todo crente é um sacerdote no Reino de Deus e apresenta a Ele sacrifícios agradáveis por meio de Jesus (tudo é por meio d’Ele; sem Ele nossas obras de justiça são trapos imundos – Isaías 64.6). Os nossos sacrifícios, ao contrário do que era comum no Antigo Testamento, em que animais eram mortos, são sacrifícios vivos:
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- O culto ao Senhor (Romanos 12.1);
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- O louvor a Ele (Hebreus 13.15);
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- Boas Obras (Hb 13.16);
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- Generosidade (Hb 13.16);
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- Serviço no Reino (Rm 15.161).
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- Viva como povo de Deus (v. 9). Ele é o dono de tudo que existe, logo, de todos os povos; mas de forma especial Ele tem um povo que chama de Seu. Nós, como parte desse povo, devemos viver de forma condizente com essa posição;
- Proclame o Evangelho (v. 9). Essa nossa posição de povo escolhido por Deus tem por finalidade a proclamação do Evangelho que nos foi contado (1 Pedro 1.25). Uma das missões de Deus para a igreja é a de pregar o Evangelho;
- Viva com gratidão (v.10). O Senhor, pela graça, nos salvou quando éramos Seus inimigos (Colossenses 1.21-22) e, quando não éramos povo, nos fez Seu povo. Viva em gratidão pela salvação em Cristo Jesus, nossa Pedra Fundamental.
– Pr. Gustavo Quirino – Pastor Auxiliar