SANTIFICAÇÃO – UM DEVER SOCIAL
“…observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus…” (1 Pedro 2.12b)
A carta do apóstolo Pedro aos irmãos espalhados por várias localidades da Ásia Menor (atual Turquia) data da segunda metade do primeiro século e é uma tratativa ampla, cujo teor de encorajamento à firmeza da fé e exortações nos impulsionam, nos dias atuais, a uma vida cristã mais ponderada. Pedro conclama os irmãos daquela época à razão da fé: “…sede sóbrios – 1 Pe 1.13), porquanto tudo está centrado na “viva esperança” (1 Pe 1.3). Como a Palavra de Deus é viva e eterna, atualmente o cristão recebe e é encorajado à mesma fé e proceder.
Procedimento (como se portar) é temática relevante e central nessa carta. O apóstolo destaca que o crente foi regenerado e chamado a viver uma vida diferente, e, ao mesmo tempo, gloriosa e eterna. O que foi pago por essa nova vida não tem preço, mas é e está garantido e guardado nos Céus (1 Pe 1.4 e 5). Assim, ao se converter ao Senhor, o regenerado tem sua alma purificada e, consequentemente, novos desejos diferentes daqueles que tinha antes da Salvação em Cristo. E a novidade de vida imprime também nova identidade (1 Pe 1.18, 22, 23; 2.10).
O novo proceder significa que as obras também são novas. Os valores éticos e morais foram revistos e, agora, se alinham à forma de obedecer. É que o crente tem manual, bússola, orientação pela qual se guia. A regra de fé e prática, a Palavra de Deus. A lei do Senhor (Seus mandamentos) dita ao cristão a maneira de se portar. Então, em todos os campos (esferas sociais) da sua vida pessoal, profissional, religiosa e familiar, ele é direcionado (pelo menos deveria ser) pela Palavra de Deus. Daí, a importância de o cristão ler a sua Bíblia diariamente.
No que concerne ao convívio social, os cristãos também são direcionados pelo autor inspirado dessa carta. Aliás, na época de Pedro (e ainda hoje), o contexto político e social tem grande relevância. Parte dos sofrimentos pelos quais passam os crentes está relacionada a fatores sociais. E como tratar tais questões? A seguir, com base na valiosa carta de 1 Pedro, algumas reflexões:
1) REGENERADOS: É imperioso lembrar-se (lembre-se sempre) da Salvação, transformação e nova vida em Cristo. A conversão do homem é obra soberana de Deus, fruto do Seu plano eterno e está concretizada em Cristo, pelo sacrifício na cruz. Não tem preço (comparável). Portanto, não abra mão de viver uma vida cristã autêntica;
2) NOVAS ESCOLHAS: A vida cristã autêntica implica em novo proceder, nova disposição de mente e coração. Em consequência disso, deve-se romper cada vez mais com o pecado (1 Pe 2.1, 11), negar os desejos carnais e reconhecer “quem se é em Cristo”. Pedro atesta que somos peregrinos e forasteiros. Então, não se pode simplesmente sujeitar-se à esperança de uma vida terrena e a seu “breve tempo” (1 Pe 1.24). Não somos deste mundo (pertencimento). Logo, as escolhas e postura se ligam, relacionam e confirmam o novo proceder típico de um cidadão do Céu;
3) TESTEMUNHO: O testemunho cristão comprova que pertencemos ao Reino de Deus e que temos a Cristo por Senhor. Somos guiados pela verdade que procede de Deus, e a essa verdade nos submetemos. Assim, o testemunho de fé e vida do cristão são árbitros do seu relacionamento com pessoas e instituições (1 Pe 2.12; 13 e 17). É a expressão da fé professada diante do olhar de todos (do mundo). Portanto, é requerido do crente que seja também bom cidadão;
4) SUJEIÇÃO: A nova vida em Cristo implica em sujeitar-se a Deus e à Sua vontade santa (1 Pe 1.15 e 16). Não somente isso, mas também à consciência de que estamos debaixo de olhares críticos e, por vezes, opositores da fé: “…naquilo que falam contra vós outros” (1 Pe 1.12). Sofrer oposição não requer, necessariamente, também opor-se. Pedro sugere e instrui uma postura que implica sujeitar-se, mesmo que não gostemos, a toda instituição humana (1 Pe 2.13), seja ela governamental ou não (1 Pe 2.14 e 15). Sujeitar-se, no texto, refere-se a “uma atitude voluntária de ceder, cooperar, obedecer”. Isso é desafiador, porque quase sempre ninguém quer (ou gosta de) “abrir mão da razão”. É que o cristão, quando age submisso assim, cala; “faz emudecer” qualquer voz insensata contra o Evangelho e contra o povo de Deus (1 Pe 2.15);
5) PRÁTICA DO BEM: Não se paga o mal com o mal. Esse é o ensinamento do nosso Senhor Jesus Cristo (leia Lucas 6.32 a 36). O apóstolo traz esse ensinamento à memória, sob a afirmativa de que há bem-aventurança nessa prática, mesmo diante de perseguição e injustiça (leia Mateus 5.10; 1 Pe 2.18 a 21). A vida cristã nos propõe grandes desafios num Reino cujos valores não se alinham aos padrões mundanos. A controvérsia está na expressão do amor não fingido (1 Pe 1.22), quer seja no ambiente da fé ou não (leia Romanos 12.9). É fato que o cristão enfrenta sofrimento por amor a Cristo. Portanto, pratique o bem.
Por fim, não se esqueça de que a vida cristã é o reflexo da Obra da Cruz. Já experimentamos a bondade de Deus (1 Pe 2.3). Então, as ações e os serviços que prestamos à comunidade da fé – ou fora dela – refletem a transformação do Evangelho produzida em nossas vidas. Agrade a Deus por sua conduta. Sirva aos homens da sociedade por sua fé n’Aquele que nos legou o maior exemplo de serviço e amor: Jesus Cristo (1 Pe 2.23).
– Pr. Edson Gonçalves – Pastor Auxiliar