Sementes: Êxodo 21 – 25/10/14
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“Eu amo o meu Senhor (…) e não quero sair livre”
Alguns textos bíblicos são de difícil compreensão, especialmente os que fazem referência a peculiaridades de povos muito (muito mesmo) antigos. O contexto mundial de determinadas intervenções de Deus na condução de seu povo muitas vezes é absolutamente distinto do tempo que julgamos ser civilizado (o nosso), e por isso é necessária cautela na leitura destes textos.
Isso acontece quando lemos que o Senhor determinou a morte dos inimigos de Israel, quando em guerra; ou que Ele instituiu, em meio a seu povo, pena de morte a quem cometesse assassinato. A leitura desavisada desses trechos bíblicos poderia causar confusão e engano. Mas a leitura atenta, dedicada e refletiva, inspirada pelo Autor da Fé, traz-nos boas surpresas inclusive nesses trechos difíceis.
Se nos lembrarmos que os hebreus foram escravos no Egito por várias gerações, massacrados pelo povo que lhe explorava, sem identidade ou união, compreenderemos melhor os motivos pelos quais Deus instituiu tantas normas ao seu povo quanto em Êxodo 21 (e 22). O povo hebreu, literalmente, estava em formação, e precisaria de referências para solucionar os conflitos naturais de qualquer comunidade.
É natural, como já dito acima, que estranhemos a “regulamentação” da servidão, sendo um homem senhor de outro. Mas por outro lado, é surpreendente encontrar nessa relação de servidão o retrato de nossa vida cristã.
Foi determinado que os escravos hebreus seriam libertados após seis anos de serviço, sem que seu senhor recebesse qualquer pagamento [Ex. 21. 2 a 4]. Todos os frutos da vida desse servo que foram gerados nesses seis anos, pertenceriam a seu senhor, inclusive filhos e esposa, mas ele teria direito a ser livre. Liberdade para começar nova vida, sem a interferência de um “dono”. E esse devia ser o desejo de cada um dos servos do povo hebreu.
Mas previu Deus, também, que poderia o servo voluntariamente manter-se para sempre submisso ao seu Senhor, por declarar que o ama, ou para não se separar de sua esposa e filhos [Ex. 21. 5]. Ora, para alguns servos esse “direito” jamais seria utilizado! E poderia ser chamado de tolo quem visse vantagem nessa exceção. Mas ela não se encontra registrada no Livro Sagrado sem motivos.
Você percebe que ela se aplica a nós?
É verdade que seis anos de trabalho exclusivo não seriam suficientes para compensar o preço que Jesus pagou por nós, entregando sua vida pura de pecados para pagar as nossas transgressões. Mas e se fossem? Se Jesus lhe dissesse abertamente: “meu filho, o tempo que viveste em meu caminho é suficiente, portanto és hoje livre para ser senhor de si… vá…”
Ora, quais de nós chamaria juízes como testemunhas, e exigiria um furo na orelha como marca pública desta decisão: “Eu amo o meu senhor, e não quero sair livre! Desejo pertencer-lhe por toda a vida!” [Ex. 21. 5-6]
Deus tenha misericórdia de nós, e nos inunde com um amor por Ele que seja maior do que nossas obrigações de servos, ou mesmo maior do que todos os benefícios que Ele nos garante. Um amor puro como o d’Ele, a nos moldar diariamente para que se faça em nós, como verdade absoluta e sincera: “Eu amo o meu senhor, e não quero sair livre!”
Jonas Ferreira
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