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Estudos e artigos

O Homem de Aço

Ontem à noite, como despedida das férias dos meus filhos, fomos assistir ao novo filme do Super-Homem, “O Homem de Aço”. Como filme, não esperava muito, mesmo, e as expectativas se confirmaram. Como a maior qualidade do protagonista é a capacidade de voar, a versão 3D é realmente a mais indicada. Tudo ficaria por aí, se não fossem as referências mais que explicitas a um outro personagem, só que agora da vida real: Jesus Cristo.

Desde o início, percebe-se a tônica do filme – a humanidade carece de um Salvador, e este, claro, é o Super-Homem. Até aqui, tudo na normalidade, pois é pra isto que os super-heróis servem. O que me chamou a atenção, entretanto, foi a quantidade de simbologias cristãs usada no filme. Só pra mencionar algumas: Clark Kent salva a humanidade com 33 anos (provável idade de Cristo quando foi crucificado);na cena onde Clark conversa com um padre sobre sua suposta missão, como fundo vê-se um vitral da igreja com a figura de Jesus carregando a cruz (com a imagem explicitamente explorada); o nome de família do Super-Homem em Crípton é “El”,o mesmo que “Deus” em hebraico; para salvar a humanidade ele decide se entregar nas mãos do inimigo. E muitas outras referências, explicitas e implícitas, como quando ele alça vôo no espaço deixando o corpo cair em formato de cruz, lançando-se para a batalha final após conversar com seu pai.

Mas apesar de uma sobreposição superficial, os fundamentos das duas histórias estão longe de serem parecidos. No cinema, a humanidade precisa ser salva de um inimigo externo, de alguém que vem destruí-la e causar sofrimento aos inocentes. O Evangelho de Jesus é diferente. Ele veio nos salvar de nós mesmos, pois o grande inimigo não é o diabo, mas o pecado que nos separa de Deus. E tal pecado está tão arraigado dentro de nós que somente alguém supra-humano (e não alienígena) para nos salvar. E Deus se faz homem (100% homem) para morrer em nosso lugar. Por isto é necessário que reconheçamos a necessidade desta salvação, pois, como disse Jesus, ele veio “não para os sãos, mas para os doentes” (Marcos 2:17). Enquanto vemos no outro, no externo, o nosso grande inimigo, somos incapazes de enxergar a doença de nossa alma e recorrer àquele que pode nos curar.

Essa é a simplicidade do evangelho que Paulo disse ser loucura para os gentios (os filósofos da época) e escândalo para os judeus (os religiosos fariseus de plantão). Esses querem encaixar Deus em suas caixinhas, enquanto aqueles querem excluir Deus das suas.

Por fim, termino com uma grande semelhança e, ao mesmo tempo, diferença: as duas histórias sãos para crianças,mas enquanto a do Super-Homem é para o coração infantil que precisa de algo para sonhar, para se alienar, a de Jesus é para aquele que, como criança, se deixa lançar nos braços do Pai, desejoso por uma mudança de vida de dentro para fora.

Sim. A humanidade ainda carece de um Salvador, mas os resultados práticos das duas histórias podem ser vistos nas vidas daqueles que saem do cinema após o filme, comparado com aqueles que experimentam um verdadeiro encontro com Jesus Cristo.

 

Pr. Luís Fernando Nacif Rocha | prluis@oitavaigreja.com.br