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Quero trazer à memória aquilo que me pode dar esperança. Esta foi uma das frases que mais marcou o Livro de Lamentações (Lm 3:21). O livro inteiro é fantástico, e na minha opinião o final é um pedido de socorro gritado com a força da “alma”. Depois de 40 anos profetizando, sendo perseguido, humilhado, encarcerado e oprimido, o profeta Jeremias vê a cidade de Jerusalém destruída e percebe que os seus alertas (aparentemente) foram ineficazes.
Nesta situação de desalento, de dor, de vergonha, de ira, de receio é que o profeta diz que quer trazer à memória, momentos que podem lhe dar esperança nesta hora de dor, sofrimento, angústia e solidão.
Trazer o que à memória? Certamente são momentos que mostram que mesmo em meio ao caos, Deus está no controle. Uma palavra de alento, um fato histórico, um milagre, um gesto de intervenção de Deus na história. Podemos trazer à memória vários textos bíblicos que revelam o poder de Deus, o Seu amor, o cuidado com o Seu povo. Podemos nos lembrar dos heróis bíblicos, de grandes personagens, homens, mulheres, crianças, jovens, exércitos, reis, profetas, sacerdotes e muito mais, que, por meio de suas experiências com Deus nos deixam um legado repleto de momentos que podem me trazer esperança.
Quero trazer à memória também histórias que eu ouvi, ou personagens que conheci, que não estão na Bíblia, mas fazem parte do meu “acervo” de conhecimento. Testemunhos que impactaram muito a minha vida. Desde a minha conversão ouvi inúmeros casos reais de como Deus continua operando nos dias atuais.
Quero trazer à memória as minhas próprias histórias com Deus. As minhas experiências, os meus testemunhos. Momentos em que eu precisei de Deus e Ele sempre esteve lá, comigo, ao meu lado, ou me carregando.
Quando falamos que nosso Deus generoso nos capacita por meio de experiências de vida, queremos dizer que precisamos ter estas experiências, e só é possível ter experiência, quem pratica algo. Somos chamados para o campo de jogo e não para ficar na arquibancada (neste ano de Copa do Mundo esta frase me pareceu bem apropriada). Não podemos ser somente ouvintes da Palavra, precisamos colocá-la em prática. Ao fazer isso teremos experiências com Deus que vão marcar a nossa caminhada. Estes momentos nos fazem perceber que podemos ir mais longe do que imaginávamos, que somos mais fortes do que pensamos e que aceitar a derrota não é uma opção, pois na verdade somos mais que vencedores, em Cristo Jesus. Algumas batalhas que parecem difíceis não podem me dobrar. Tenho que parar, respirar, orar, buscar a Deus e continuar. Minhas histórias pessoais, as histórias que eu conheço e os registros da Bíblia me capacitam a seguir sempre em frente.
Voltemos ao caso do profeta Jeremias. Ele imaginou que o seu ministério havia sido completamente perdido. Mas ele foi o grande mentor do profeta Ezequiel, que foi o maior profeta do período do cativeiro babilônico. Quando o povo foi levado cativo, Daniel, Hananias, Misael e Azarias estavam entre os escravos. Eram jovens que aprenderam com o profeta o que era a verdade e mesmo no meio de tanta gente corrompida, eles se mantiveram fiéis a Deus. Quem foi o referencial destes jovens? Jeremias.
O profeta tinha muito do que se orgulhar, mas nós é que temos conhecimento disso. E a história de Jeremias me encoraja a prosseguir, mesmo quando não vejo resultados. Quando Jesus passa a ser o meu Senhor e Salvador, entro em um grupo seleto de pessoas que pode olhar para trás e perceber que na minha história, vou encontrar quem construiu uma arca, quem abriu o mar, quem aumentou o azeite, quem multiplicou o azeite, quem venceu batalhas históricas, quem dependeu muito de Deus e foi vencedor, mas o mais incrível de tudo é que vou poder olhar para trás e ver que faço parte de um povo que é muito amado por Deus, um amor que se provou com a morte do meu Mestre na cruz. Não existe prova maior de amor, não existe nada que me pode abalar, pois sei que o meu Deus me ama, e que Ele cuida de mim.

Pr. Eduardo Borges | preduardo@oitavaigreja.com.br