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Estudos e artigos

O EVANGELHO QUE LIBERTA: SEM MISTURA, SEM CONCESSÕES

(Gálatas 1.1-10) 

Desde o princípio, o Evangelho tem sido duramente atacado por diversos inimigos, que, ferozmente, tentam destruir o povo de Deus. Embora muitos desses ataques, ao longo da história, tenham vindo de grupos que perseguiram e mataram nossos irmãos, os maiores desafios parecem surgir de dentro da própria igreja. Desde os dias dos apóstolos, alguns, se dizendo irmãos, tentam misturar, alterar, acrescentar ou subtrair algo do evangelho de Cristo. 

As igrejas da Galácia não foram exceção a esses ataques internos. Por isso, Paulo escreve esta carta a fim de defender que só existe um Evangelho, e que tudo o que fica além ou aquém dele se torna qualquer outra coisa. É por essa razão que, logo no início da carta, Paulo se surpreende com o fato de os gálatas estarem passando para outro evangelho, afirmando em seguida: “o qual, na verdade, não é outro” (v. 7), pois claramente só há um evangelho, não havendo outro além daquele que foi revelado por Deus. 

Reflita em algumas características desse único evangelho que Paulo apresenta logo na introdução de sua carta:

  1. O Evangelho revelado por Deus e pregado pelos apóstolos

O evangelho que proclamamos é aquele que, como o próprio apostolado de Paulo, não provém “da parte de pessoas, nem de homem algum, mas de Jesus Cristo e de Deus Pai” (v.1). Ele veio por meio da revelação de Deus aos homens por intermédio de Jesus Cristo. 

Como nos diz Pedro: “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” (1Pedro 1.21). Embora seja uma revelação direta de Deus para o homem, o Evangelho nos foi dado por intermédio de homens que foram usados e inspirados pelo Espírito, e foi anunciado primeiramente pelos apóstolos, com os quais Paulo claramente se identifica como “Paulo, apóstolo” (v.1). 

O povo de Deus, como nos diz Paulo em sua outra carta à igreja de Éfeso, está edificado sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Cristo Jesus a pedra angular” (Ef 2.20). Assim, é por meio dessa pregação feita pelos apóstolos e profetas que a igreja está edificada.

  1. O Evangelho confiado à Igreja

Este evangelho foi confiado ao povo de Deus – a Igreja -, que agora possui o ministério da reconciliação. Somos chamados a ser embaixadores de Cristo, levando ao mundo a mensagem da reconciliação. Em 2 Coríntios 5.18-19, Paulo nos lembra: “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação”. Ademais, a Grande Comissão de nosso Senhor, em Mateus 28.19-20, ordena à sua Igreja que assuma este ministério, pois, por meio do Seu povo, Deus está exortando os homens ao arrependimento. 

Por essa razão, Paulo não está sozinho, mas junto “com todos os irmãos que estão comigo” (v.2), convocando os gálatas a se lembrarem do verdadeiro evangelho. 

 O Evangelho foi feito para ser vivido em comunidade, em igreja! 

 

  1. O Evangelho de graça e paz 

O Evangelho, como Paulo nos lembra, é uma mensagem de “graça e paz” (v.3). A graça nos ensina que não existem méritos para a salvação e que recebemos todo o bem de Deus em Cristo, única e exclusivamente “por causa do grande amor com que nos amou” (Ef 2.4). 

Essa graça é o que nos dá paz, pois está escrito:  “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus”. 

A paz trazida pelo Evangelho pode ser compreendida de duas maneiras. Primeiro, ela representa a reconciliação com Deus: deixamos de ser Seus inimigos e passamos a desfrutar de um relacionamento profundo e harmonioso com Ele. Segundo, essa paz se manifesta na convicção que temos diante d’Ele, ao entendermos que não dependemos de obras para sermos salvos; e encontramos segurança para a eternidade. 

 

  1. O Evangelho do sacrifício de Cristo 

O Evangelho anuncia que o Deus-Homem, Jesus Cristo, “se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos livrar deste mundo perverso” (v.4). Esse ato de amor supremo é o coração do Evangelho. Jesus se entregou por nossos pecados para nos resgatar deste “mundo perverso”, tornado assim por causa da nossa própria maldade.  

Em Tito 2.14, lemos que “Ele deu a si mesmo por nós, a fim de nos remir de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, dedicado à prática de boas obras”.  

Esse sacrifício nos liberta e nos dá uma nova vida em Cristo, chamando-nos a viver para Deus como Seu povo, conforme nos diz o salmista: “somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (Sl 100.3), praticando boas obras, “as quais, Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).  

Devemos nos atentar ainda ao fato de que o Evangelho do Cristo que se entregou e morreu não é o evangelho do Cristo morto, pois cremos, como está escrito, que Ele “ressuscitou dos mortos” (v.1) e vivo está para sempre! 

 

  1. O Evangelho para a glória de Deus

Por fim, o Evangelho é para a glória de Deus. Tudo o que fazemos e proclamamos deve ser para exaltar o nome de d’Ele. Em Romanos 11.36, Paulo declara: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém”. O Evangelho nos chama a viver para a glória de Deus, reconhecendo que Ele é digno de toda honra e louvor, de forma que, como Paulo, concluímos que ao nosso Deus e Pai “seja a glória para todo o sempre. Amém.” (v. 5). 

 

– Pr. Gustavo Quirino – Pastor Auxiliar