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O BATISMO E A BÍBLIA

Antes mesmo de definir o batismo, sua importância e o modo pelo qual deve ser administrado, é condição ordinária saber que ele é um sacramento, portanto, é primordial entender o que é um sacramento. A primeira coisa que a Escritura ensina sobre os sacramentos é que eles são sinais visíveis do pacto da graça. Conforme a CFW – XXVIII – 1: O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo, não só para solenemente admitir na Igreja a pessoa batizada, mas também para servir-lhe de sinal e selo do pacto da graça, de sua união com Cristo, da regeneração, da remissão dos pecados…

O batismo significa união com Cristo na sua morte, sepultamento e ressurreição. Não apenas uma parte do corpo é consagrada a Deus, mas a totalidade da pessoa é batizada na morte de Cristo, sepultada e ressurreta: “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição…” (Rm 6.5-9). Essa união com Cristo demonstrada visivelmente pelo sinal do batismo com fé, assegura aos batizados que a nova vida em Cristo os impulsiona para viverem de um modo novo, como discípulos de Cristo. Por outro lado, os sinais exteriores não conferem automática ou magicamente as bênçãos interiores que eles representam.

O batismo cristão, instituído por Cristo, depois que ele consumou a obra de reconciliação por meio de sua morte e ressurreição, tornou-se obrigatório para todas as gerações subsequentes, por meio de sua autoridade delegada, ordenada para a grande comissão – “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19-20). Uma santa ordenança onde o lavar com água em nome da Trindade simboliza a limpeza ou purificação espiritual tanto no AT em Sl 51.7; Ez 36.25; como no NT em Jo 3.25-26; At 2.38; 22:16; Rm 6.4-5; 1Co 6.11.

Quanto ao modo do batismo, a forma pela qual é ministrado será insignificante, partindo da ideia fundamental, ou seja, a limpeza ou purificação espiritual, expressa o significado do rito. Quando o batismo é recebido com fé, a graça de Deus o acompanha, portanto, pode ser ministrado por imersão, derramamento, efusão ou aspersão. Não há relato algum na Bíblia que diga explicitamente o modo de ministrá-lo. Jesus não prescreve nenhum modo específico para fazê-lo, tampouco os exemplos bíblicos de batismo acentuam um padrão normativo de execução.

Nós, presbiterianos, batizamos por aspersão porque julgamos ser de suma importância o aspecto escriturístico. Ele pesa forte para essa forma batismal. Visto que os termos gregos Bapto e baptizo tinham outros sentidos além do “imergir”, significam também “lavar”, “banhar-se” e “purificar mediante lavamento”. Textos como Nm 8.7; 19.13,18,19,20; Sl 51.7; Ez 36.25; Hb 9.10 aludem a purificação efetuada por aspersão.

Além do aspecto escriturístico, temos o aspecto prático; como seria o batismo dos doentes e aleijados? O aspecto higiênico, quanto aos que têm algum fluxo pelo corpo ou doenças contagiosas; e o aspecto geográfico: quantos lugares não possuem rios (e, levando ao pé da letra, rio poderia ser substituído por batistério?) E a água corrente?

Embora não haja mandamento explícito na Escritura para o batismo de crianças, não torna a prática antibíblica. Sua base escriturística se encontra: 1) A aliança de Deus com Abraão acima de tudo foi espiritual, o que foi selado pela circuncisão. Uma promessa feita a ele no singular que se estendeu à sua descendência: Gn 17.7, 10-11, 14; Êx 2.24; Lv 26.42; 2 Rs 13.23. A natureza espiritual da aliança é comprovada pelas promessas cumpridas no NT que diz: “Portanto, a promessa vem pela fé, para que seja de acordo com a graça e seja assim garantida a toda a descendência de Abraão; não apenas aos que estão sob o regime da lei, mas também aos que têm a fé que Abraão teve. Ele é o pai de todos nós. Como está escrito: ‘Eu o constituí pai de muitas nações’. Ele é nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência coisas que não existem, como se existissem” (Rm 4.16-17). “Não há judeu nem grego, escravo nem livre homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl 3.28, 29). Portanto, essa aliança ainda está em vigor e é a mesma “nova aliança” da atual dispensação.

No NT, o batismo substitui a circuncisão como sinal e selo da entrada na aliança da graça. A circuncisão foi anulada (At 15.1-2; 21.21; Gl 2.3-5; 5.2-6), Cristo o instituiu como tal (Mt 28.19-20; Mc 16.15-16), ambos têm em seu significado espiritual, simbolizando a eliminação do pecado (At 2.38; 1Pe 3.21; Tt 3.5).

Enfim, batizamos nossos filhos porque cremos na aliança pactual, cremos que o pacto de obra e o pacto da graça, apesar de terem diferenciações, são o mesmo pacto em dispensações diferentes (a velha e a nova dispensação); cremos na continuidade pactual revelada progressivamente. Consagramos nossas crianças no batismo por acreditarmos nas promessas de Deus.

Lic. Milton Fernandes