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Estudos e artigos

MARTA, MARIA E LÁZARO – TENHA UM CORAÇÃO HOSPITALEIRO

João 12.1-8

A hospitalidade na Bíblia sempre foi um tema relevante. Desde os relatos de Abraão e Ló recebendo – cada um em sua casa – anjos e o Senhor, no caso de Abraão, percebemos que o dever da hospitalidade era tratado com muita seriedade dentro da cultura semítica do mundo antigo. De fato, havia um código de hospitalidade, no qual o anfitrião deveria proteger seu hóspede, mesmo que isso colocasse em risco sua própria vida.

Esse assunto tratado com tanta sobriedade desde o início da Bíblia não perde sua importância no Novo Testamento. Pelo contrário, vemos tanto em Paulo (Romanos 12.13) como em 1 Pedro 4.9 como a família da fé é ordenada à prática da hospitalidade. O autor de Hebreus ainda nos fala, talvez tendo em mente justamente as histórias de Ló e Abraão, que “alguns, praticando a hospitalidade, sem o saber acolheram anjos”.

A história que lemos nos leva a um importante ponto da vida do nosso Senhor. Pouco antes de sua morte, tendo passado por Betânia, local onde anteriormente fora tão bem acolhido por Marta e Maria (Lucas 10.38-42), Jesus decide parar para ver novamente seus amigos, sendo recebido com um banquete, no qual Lázaro, a quem Ele havia ressuscitado algum tempo antes, era um dos convidados.

Na mesma cena, percebemos Marta servindo, como era seu costume (cf. Lc 10.40), e Maria novamente aos pés do Senhor, lugar onde havia antes aprendido (Lc 10.39), chorado (Jo 11.32), e agora adorava ao Senhor (Jo 12.3).

Apesar desse banquete – provavelmente – não ter sido oferecido na casa de Maria e Marta, pois é relatado pelos outros evangelistas como tendo ocorrido na casa de Simão (o Leproso: Mateus 26.6, Marcos 14.3), o fato de Lázaro ser citado de forma especial, assim como citadas as presenças de Marta e Maria, nos faz crer que o banquete era oferecido também por essa família em gratidão ao Senhor. Ademais, percebe-se que o arranjo feito pelo evangelista de nos narrar essa história logo após a ressurreição de Lázaro, certamente coloca essa família em evidência. Uma família que ficou marcada na Bíblia e na história como sendo hospitaleira.

Tendo visto toda essa introdução, reflita em alguns princípios que podemos observar nesse texto a respeito da hospitalidade:

1 – A hospitalidade é um lugar de provisão

Jesus estava de viagem rumo a Jerusalém. Essas viagens aconteciam em caravanas que acampavam ao longo do caminho até finalmente chegarem em Sião.

Viagens no nosso tempo podem ser (e muitas vezes são) cansativas, e após longos períodos de deslocamento tudo o que queremos é o conforto de um lugar onde podemos ter supridas algumas de nossas necessidades. Desejamos, nesses momentos, a provisão de um espaço onde se faz possível descansar e ter uma boa refeição.

É justamente esse lugar que espera Jesus em sua viagem a Jerusalém. Um local amigável, onde – em meio às ameaças de morte que o aguardavam – Ele podia participar em paz de um banquete e ter um pouco de descanso durante sua jornada.

Na hospitalidade se oferece provisão para as necessidades daquele que se hospeda. Nos nossos dias, um lugar para comer e dormir pode ser facilmente encontrado com a ajuda da internet, mas a verdadeira hospitalidade apresenta ao hóspede um local de acolhimento, que não pode ser encontrado em um hotel ou restaurante;

2 – A hospitalidade é um lugar de testemunho

A menção que João faz de Lázaro é especial nesse texto, pois logo antes desse relato, vemos que ele havia sido ressuscitado por Jesus. O banquete, além da ocasião especial da Páscoa, provavelmente era um banquete de gratidão a Cristo pela vida de Lázaro. Talvez por essa razão Lázaro seja mencionado, como se fosse um convidado de destaque.

O fato é que, Lázaro estar vivo era um testemunho para os judeus, que por conta dele criam agora em Jesus (Jo 11.45). A recepção de Cristo era uma oportunidade para mostrar o milagre que havia acontecido, colocando Lázaro como um convidado especial do banquete.

Momentos de hospitalidade são chances para compartilharmos e ouvirmos dos testemunhos a respeito daquilo que Deus fez por nós;

3 – A hospitalidade é um lugar de serviço

João faz questão – mesmo não sendo necessário para o desenvolvimento da história – de nos contar que Marta servia. Apesar de anteriormente (Lc 10.41,42) seu serviço ter sido repreendido pelo Mestre, ele aqui não traz nenhuma conotação negativa. Pelo contrário, Marta aqui se ocupava de tornar a estadia de Jesus a melhor possível.

A lição aprendida em Lucas 10 sobre a prioridade de estar aos pés de Jesus dever estar acima de qualquer outra, não anula a realidade de que somos chamados para servirmos uns aos outros (1 Pe 4.10).

4 – A hospitalidade é um lugar de adoração

Por fim, vemos que Maria – em um ato de adoração e rendição diante do Senhor – derrama sobre Ele um perfume caríssimo (cujo valor era equivalente a, aproximadamente, um ano de trabalho). A quantidade de perfume era tanta, que foi suficiente para derramar sobre Sua cabeça (leia os relatos de Mateus e Marcos) até seus pés. Não há nenhum problema de interpretação neste sentido. Observe que em Mateus, Jesus diz que Maria havia derramado o perfume sobre Seu corpo (Mt 26.12), deixando claro que não fora apenas sobre a cabeça que ela o havia derramado.

Momentos de hospitalidade devem ser momentos de adoração ao Senhor. Sempre que receber alguém em sua casa, reserve um tempo para que vocês possam demonstrar gratidão ao Senhor por tudo o que Ele tem feito.

– Lic. Gustavo Quirino – Licenciado