Males e bens
De onde vêm tantos males? Homens e fatos? Homens maus e tragédias? Os sofrimentos humanos causados por tantas catástrofes e provocados por tantos homens que nos trazem dor? Temos protagonistas na história humana que pareiam com o diabo em matéria de mal. Pilatos é um deles. Homem covarde e terrível que ludibriava o povo. Matou certa vez galileus e os misturou com o sangue de sacrifícios. Esse fato foi lembrado em um texto de Lucas, capítulo 13. Os discípulos de Jesus, escandalizados com a maldade humana, conversavam sobre o terrível ato. Jesus sabia do fato. Jesus sabe da maldade humana em seu mais profundo tom.
Estranhamente o assunto é mudado na pergunta relacionada à torre de Siloé. Jesus pergunta se “esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas”. A Torre havia caído sobre dezoito homens. Seriam mais culpados? Seriam os homens assassinados por Pilatos mais pecadores do que os mortos na tragédia de Siloé?
Não eram, afirmou Jesus, que termina clamando por arrependimento de todos para que não pereçam. A pergunta que me vem à mente antecede o fato em si. A pergunta é sobre o fator da desgraça. Sobre o mal em si. Dilema não só meu. Dilema de Epicuro, ou dilema do mal. Pergunta que o filósofo grego faz ao Deus dos Cristãos.
Hume cita Epicuro e Postula: O poder [de Deus] é infinito: o que quer que ele deseja é executado. Mas nem homem nem qualquer outro animal é feliz. Portanto ele não deseja sua felicidade. Sua sabedoria é infinita: ele nunca erra em escolher os meios para qualquer fim: mas o curso da natureza tende a ser contrário a qualquer felicidade humana ou animal: portanto não é estabelecido para tal propósito. Através de toda a história do conhecimento humano, não há inferências mais certas e infalíveis do que estas. Em que ponto, portanto, sua benevolência e misericórdia lembram a benevolência e misericórdia dos homens?
Epicuro teve sua resposta. Não só da história, mas pelos grandes cristãos que o sucederam. Agostinho lhe respondeu bravamente: Ele recorre ao dogma do pecado original, afirmando que, antes da queda, o homem tinha sua vontade dirigida a Deus, o sumo bem, no entanto, após o pecado de Adão, ou seja, após a Queda, o homem passa a ter uma segunda natureza, no sentido de que, após a queda, o homem continua tendo uma vontade boa e que (até) busca o bem, no entanto erra ao escolher os bens menores em detrimento do sumo bem. O sumo bem é o próprio Deus e tudo que vem diretamente dele. Agostinho, obviamente, não foi original. Buscou de Paulo as respostas. Buscou na fonte certa.
Acontecimentos tais têm impactado nosso país por esses dias. Catástrofes, assassinatos, quedas de helicópteros, incêndios. Notícias que pulam de nossos telefones trazendo informações que, se pudéssemos escolher, nem leríamos. O rompimento de uma barragem mata mais de 300 pessoas, um helicóptero ceifa a vida de um grande jornalista, um incêndio mata jovens promessas do futebol. Milhares de pessoas são assassinadas em todo o país diariamente.
Temos os nossos tsunamis. Mas, afinal de contas, por que tudo isso?
Por que morremos? Paulo nos responde em Romanos 6.23. Por causa do pecado, cujo salário é a morte. Mal diário que nos alcança, findando nossa vida.
Se é assim, que vida viveremos? Viveremos com Cristo! (Rm 6.8). Jesus é nossa vida. É por Ele que vivemos e é Ele mesmo a razão da vida.
Afinal, que futuro teremos? A pergunta de toda a humanidade! O que realmente importa da vida se ela é finita? De maneira alguma! Nós ressuscitaremos com Cristo. Esta é talvez a resposta que Epicuro buscava. Se estamos fadados a viver esta vida e apenas esta, para que vivermos uma vida sem propósito e de tanta dor?
Não é desejo de Deus que vivamos as dores da vida sem esperança e fé. Deus quer que sigamos uma vida de certezas e convicções. Devemos saber que a Eternidade já nos foi garantida e que o presente é de alegria. Por isso devemos entregar nossa vida a Cristo.
Deus transforma males em bens. Transforma cruz em salvação.
Pr. Bruno Barroso · Pastor Auxiliar