JOSÉ – Tenha sua história restaurada pelo perdão
Deus fez uma aliança com o patriarca Abraão e lhe prometeu uma descendência numerosa que abençoaria “todas as famílias da terra” (Gênesis 12). Entra em cena no palco da promessa a família de Jacó. Deparamos com a fertilidade abundante de Lia e a esterilidade na esposa preferida de Jacó, Raquel (Gn 29.30). Nada de novo até então, Raquel era infértil tanto quanto as matriarcas ascendentes, Sara e Rebeca. Talvez isso seria realmente um grande empecilho para dar continuidade à promessa de Deus. Contudo, sendo Deus o protagonista de toda a história da salvação, repete a bênção da fertilidade também em Raquel, como fora misericordioso com Sara e Rebeca – dando continuidade em sua promessa.
Na geração de Jacó, as rivalidades entre Raquel e Lia envolviam ciúme, inveja e ódio, e uma disputa acirrada por quem dava mais filhos a Jacó. Desta forma, Lia concebe filhos, as escravas de Lia e de Raquel concebem filhos a Jacó (Gn 29.32; 30.24). Nesta família iniciava as doze tribos de Israel. E por felicidade de Raquel, Deus abre sua madre, e ela concebe a José, o qual se tornou o filho favorito de Jacó (Gn 37.3) e o maior de todos os doze.
Esse favoritismo de Jacó por José e os sonhos que tivera, interpretados pela família como uma “superioridade sem direito”, despertaram em seus irmãos uma trama diabólica para matá-lo. A história dos patriarcas em meio às ambições, sentimentos de ódio, traições, mentiras, pecados diversos, toma um novo rumo com José. Ainda jovem, fora vendido pelos irmãos para mercadores de escravos ismaelitas. José foi comprado e levado para o Egito por Potifar, oficial de Faraó (Gn 37.36). O Senhor era com José, “…e que tudo que ele fazia o Senhor prosperava em suas mãos”. Ali, veio a ser mordomo de tudo que Potifar possuía (Gn 39.2-6), e apesar das peripécias sexuais da mulher de Potifar, a prisão injusta e a infidelidade do copeiro-chefe de Faraó, José se tornou o governador do Egito, porque o Senhor era com ele.
Mas além de preservar a família de Jacó, José também precisava ser restaurado mediante o perdão. Ele precisava perdoar aqueles que tentaram matá-lo, e o fez (Gn 45.5). Ele entendeu que os propósitos de Deus em sua vida apontavam para algo maior, a continuidade da promessa de Deus por meio da preservação de seu povo. (Gn 45.6-8)
O que Deus nos ensina com a vida de José e sua restauração?
1) Apesar das injustiças, Deus quer que andemos em integridade.
José tinha tudo para ser um homem triste, desolado, infeliz, depressivo, ou ser revoltado, rancoroso e vingativo. Seus irmãos o odiavam, fora jogado numa cisterna, forjaram sua morte diante do pai, vendido como escravo, preso e lançado no cárcere, injustiçado em casa e no trabalho. Ele se manteve firme no Senhor, “…porquanto o Senhor era com ele, e tudo que ele fazia o Senhor prosperava” (Gn 39).
Independentemente da adversidade e diante de tanta injustiça no mundo, como Igreja de Cristo mantenhamos firmes a nossa integridade no Senhor. Nossas ações devem influenciar o meio que vivemos e nossa vida cristã deve ser respaldada naquilo que cremos e falamos.
2) Que a prosperidade material e honrarias não ofusque a graça de Deus.
José teve regalias desde sua infância, sendo o preferido do pai, ganhara uma túnica talar de mangas compridas (Gn 37.3), que de certa forma designava José como aquele que governaria a família. O Senhor prosperou José no Egito e também a casa de Potifar – oficial de Faraó – por amor a José (Gn 39). Na cadeia, o carcereiro deu autoridade para José sobre todos os presos. José se manteve fiel aos propósitos do Senhor.
Como cristãos, não podemos ser definidos por aquilo que temos, mas por quem somos em Cristo. Nossa adoração não pode estar nas bênçãos, e sim na fonte da bênção, o Senhor. No coração não pode haver dois tronos, um para Cristo e outro para nossos bens materiais. Jesus disse: Não podeis servir a Deus e às riquezas (Lc 16.13). Usemos o que Deus tem nos dado para a glória d’Ele.
3) Nunca esqueça das promessas de Deus, viva no perdão de Deus.
José recebeu uma promessa por meio de sonhos, quando adolescente, com propósitos bem definidos. Contudo, quando a recebera, não sabia ao certo o que significava tudo aquilo. Por contar o sonho a seus irmãos (Gn 37.5), começava ali a sua realização. Deus usa a inveja dos irmãos, a cisterna escura, os mercadores de escravos, a casa de Potifar, o carcereiro, e por fim o próprio José como governador do Egito, controlando a fome e preservando sua família, cumprindo assim os propósitos de Deus. Pura providência divina!
A história da salvação estava sendo entretecida na narrativa de José. Ele vivia nas sombras daquilo que haveria de vir, o Messias.
Hoje, a Igreja de Cristo tem nas Escrituras milhares de promessas de Deus para o Seu povo. Deus pode nos falar em sonhos ou até audivelmente. Pode falar conosco por meio de um irmão, mas ordinariamente Ele nos fala por intermédio de Seu Filho. Em Hebreus 1.1-2, a Bíblia diz: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”. Agora vivemos na plenitude dos tempos, Jesus veio, morreu pelo Seu povo e ressuscitou ao terceiro dia, para que pudéssemos viver as promessas de Deus em sua totalidade; hoje, amanhã e por toda a eternidade, aleluia!
Conheça, experimente, viva as promessas de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor. Tenha a sua história restaurada pelo perdão de Deus. “Ora, tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação…” (2 Co 5.18). Faça o mesmo, viva e propague o perdão de Deus!
- Pr. Milton Fernandes – Pastor Auxiliar