HERÓIS EM BRUMADINHO
Mais de um mês se passou. Até o fechamento desta edição, foram contabilizados 179 mortos e 131 desaparecidos após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho – a maior tragédia trabalhista do país. Uma cidade devastada, que luta para manter-se unida, somar forças e reerguer-se em meio à lama. Coube ao Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, apoiado por militares do Rio de Janeiro e até de Israel, a busca por possíveis sobreviventes e a localização e resgate dos corpos.
Dias de trabalho intenso, em que o descanso foi relegado a segundo, terceiro ou quarto plano. O foco era e continua sendo: aplacar a agonia das famílias que não têm notícias de seus entes queridos desde o dia do rompimento. E dentre esses heróis está Sandro Aloísio Matilde Junior, 24 anos, membro da Oitava Igreja. No Corpo de Bombeiros desde 2016, Sandrinho – como é conhecido em nossa igreja – chegou a Brumadinho cerca de 72 horas após o início da tragédia.
“O trabalho era feito sempre em equipes, com subdivisões em duplas de trabalho. As buscas eram feitas por regiões, sendo que havia um planejamento diário de áreas em que possivelmente teríamos maior efetividade na ação e quais já haviam sido varridas, otimizando as buscas e esmiuçando toda a área”, conta. A jornada diária, de acordo com o bombeiro, era de 10 a 12 horas, em média. Já as equipes administrativas de operações e planejamento, responsáveis por realizar o balanço das ações e antecipar a logística para o dia seguinte, tinham jornadas ainda maiores.
Sandrinho ficou, ao todo, 12 dias em Brumadinho. “Durante todo esse período tivemos contínua alimentação para evitar desidratação ou desgaste excessivo. Também havia apoio médico e psicológico para todos os militares”, relembra.
Esse auxílio foi, sem dúvidas, bastante necessário. Nosso bombeiro completou seu 24º ano de vida justamente lá, em meio à lama. Foi preciso manter o equilíbrio e ser muito forte diante de tamanha tragédia. Esposas chorando o desaparecimento de seus maridos; pais e mães lamentando a provável perda de seus queridos filhos; crianças… “Um dos momentos mais marcantes para mim foi ter encontrado a carta de uma criança em meio ao lamaçal. Parecia um dever de casa. Ela falava sobre o futuro e tudo o que almejava ser…”.
Sandrinho relata que o contato com as famílias foi extremamente marcante, pois era nítida a confiança depositada nos militares. “Estávamos continuamente amparados por orações e pelo cuidado da população”.
De acordo com ele, a percepção do Evangelho mudou para muitos moradores de Brumadinho a partir das ações das igrejas locais, que prestaram apoio às famílias e realizaram a limpeza dos uniformes dos bombeiros. “Esses atos transformaram a maneira como muitas pessoas veem o Evangelho, e assim foi dada abertura para que ouvissem a Palavra de Deus”.
A Oitava teve ainda outro representante nas operações em Brumadinho: José Victor, membro da nossa igreja. Se você conhece esses irmãos, aproveite para parabenizálos pelos serviços prestados nesta que já é considerada a maior operação realizada pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. Ore para que eles e os demais militares se restabeleçam o quanto antes, física e emocionalmente. Não se esqueça de orar por aqueles que estão na cidade neste momento, em busca dos mais de 100 desaparecidos.
O ocorrido em Brumadinho não pode ser esquecido. Os atingidos direta ou indiretamente por essa tragédia devem estar continuamente presentes em nossas orações. Que o Senhor Jesus ajude a cidade a se reerguer e abençoe todos os afetados.