FUGINDO DE DEUS
(Jonas 1)
No cinema, em filmes de ação policial, cenas de perseguição são não só comuns, mas bem famosas. Bandidos em seus carros velozes tentam despistar a polícia para fugir com seus produtos roubados, enquanto os oficiais da lei usam de todos os recursos para colocar os fora-da-lei atrás das grades. Com o avanço da tecnologia, câmeras e drones parecem não deixar um centímetro sequer sem vigilância, mesmo assim os bandidos dos filmes dão um jeito de escapar. E a atenção dos telespectadores segue presa ao enredo.
Na história do profeta Jonas, logo após receber de Deus uma incumbência das mais desafiadoras (bem mais do que descrita em qualquer filme de ação!), ele toma uma decisão pra lá de inesperada: resolve não só desobedecer, mas fugir do Senhor. Se Nínive, cidade para onde Deus o estava enviando, era rumo ao Leste (por terra), ele compra uma passagem para fugir de barco para Társis, no Oeste. E se a direção oposta não era suficiente, ele se aloja no porão do barco e pega no sono, como se tentasse se desligar da realidade que o incomodava.
Os primeiros versículos do livro do profeta Jonas são explícitos: ele se “dispôs a fugir da presença do Senhor”, comprando uma passagem para uma cidade “para longe da presença do Senhor” (Jonas 1.3). O mais irônico disso tudo é que, diferente das varreduras feitas por autoridades terrenas, o Senhor não dependia de drones ou câmeras de vigilância para localizar Jonas. O profeta muito provavelmente era conhecedor do Salmo 139:
7 Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?
8 Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também;
9 se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares,
10 ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá.
Mesmo tendo em mente que fugir da presença do Senhor é algo sem sentido, Jonas optou por esse caminho, apenas para experimentar o verso 10 do Salmo: “ainda lá (nos confins dos mares) me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá”. Mas não sem antes provocar muitos problemas, colocando em perigo a vida de todos os marinheiros.
O Senhor é descrito na Bíblia como onisciente (sabe de tudo), onipresente (está em todo lugar) e onipotente (tem poder para fazer o que quiser). Para aquele que tenta fugir de Sua presença, esses conceitos são aterrorizantes; mas para os que entregam seus caminhos a Ele, são verdades reconfortantes. Enquanto o 1º capítulo de Jonas mostra-nos quão ridículo é tentar fugir do Senhor, o Salmo 139 nos apresenta essa outra face, a de um Deus que não está limitado em Sua capacidade de cuidar de nós. Por isso, o salmista termina esse versículo dizendo: “a tua destra me susterá”.
Andar com o Senhor exige fé, que é sinônimo de confiar. Só foge daquilo que Deus tem para nós quem julga que tem em seus próprios planos caminhos melhores que os de Deus, o que demonstra uma completa deficiência no entendimento do caráter e dos propósitos do Senhor. Nem sempre vamos entender os caminhos d’Ele, mas só há um caminho possível: confiar!
Jonas aprendeu de uma maneira dura que fugir do Senhor é uma tolice. Mas também experimentou da graça de Deus ao ser recolocado em Seus caminhos. Aprendamos com ele e com o salmista que o fato de nosso Deus nos encontrar em qualquer canto do mundo não é uma pressão, mas uma segurança que só quem serve ao Senhor possui.
– Pr. Luís F. Nacif – Pastor Auxiliar