Faça Discípulos
“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mateus 28.18-20)
Não é à toa que as últimas palavras de Jesus no evangelho segundo Mateus são tão replicadas em livros, pronunciadas em sermões e, atualmente, postadas em redes sociais. Apesar de ser um pequeno discurso, ele é poderoso em conteúdo e propósito, servindo como pólvora para o canhão que viria a ser o cristianismo, do primeiro século até agora.
Esse mandamento é largamente conhecido como o “Ide” de Jesus, muito (e acertadamente!) usado em conferências missionárias para conscientizar os cristãos do seu chamado para levar a mensagem do evangelho às nações, sejam elas perto ou longe. Ao começar o v. 19 com o forte verbo “Ide”, temos a imediata noção de que esse era o principal comando que Jesus entregava em seu momento final entre os discípulos, sendo de alguma forma complementar o que eles iriam fazer nas nações: discipular, batizar, ensinar…
Contudo, a estruturação desse mandamento, conforme estudiosos, não está no primeiro verbo, o “Ide”, nem no batizar ou ensinar. A ênfase da frase, nesse caso, recai sobre a ordem “fazei discípulos”. Jesus ordena seus discípulos a uma ação específica: fazer discípulos, enquanto os demais verbos complementam e qualificam o onde e como ele quer que isso aconteça:
IDE/INDO | O verbo ir está num tempo que mistura imperativo com gerúndio, como se fosse um “vá, e enquanto vai,” faça discípulos. O discipulador não precisa chegar em algum lugar para começar a discipular. Faz parte de seu estilo de vida, e onde ele estiver, por onde ele passar, ele se preocupará em fazer seguidores de seu Mestre;
DE TODAS AS NAÇÕES | O evangelho é supracultural, está acima de toda e qualquer diferença cultural que possamos conhecer. Seus princípios são universais, pois o Senhor não é só Deus dos hebreus e dos cristãos, mas de todas as nações. Por isso, o destino do evangelho é cada nação, sempre cuidando que a mensagem seja transmitida respeitando-se essas diferenças culturais.
BATIZANDO | O batismo é a etapa final da decisão de seguir a Cristo. Fazer discípulos não é só acolher, amar, compreender, etc. É tudo isso, mas é, primordialmente, comunicar o evangelho de forma clara o suficiente para que a pessoa tenha condições de tomar uma decisão igualmente clara e consciente de seguir a Cristo, entregando-se a Ele publicamente através do batismo, fruto de sua profissão de fé.
ENSINANDO | Se o batismo é o fim da decisão, é também o início da caminhada em renovação de vida. Por isso, é necessário ensinar ao discípulo os valores do Reino de Deus, o que Jesus ensinou e como Ele, através do Espírito Santo, provê capacitação para trilhar esse caminho. O ensino no discipulado não é na nossa costumeira sala de aula, mas uma vivência próxima e constante, onde mais do que conceitos teóricos, o Reino de Deus é experimentado no cotidiano.
Essa passagem de Mateus traz em sua abertura e encerramento informações preciosas para nos assegurar que a tarefa é viável. Ele abre falando “toda a autoridade me foi dada nos céus e na terra”, ou seja, sabemos que não há nada, seja humano, seja celestial, que está acima de Jesus Cristo. Assim, se Ele nos deu essa ordem, nada nem ninguém tem condições de contrariá-la. E ao encerrar, Ele ainda nos deu mais uma garantia: que estaria conosco “todos os dias até à consumação do século”. Através do Espírito Santo, ele se faz presente ao longo do grande desafio que é o fazer discípulos.
Uma coisa, portanto, é certa ao sermos colocados frente a frente com esse texto. Fazer discípulos de Jesus Cristo não é opcional para o crente em Jesus, mas algo para todos e para ontem, hoje e sempre.
Pr. Luís Fernando Nacif Rocha
Pastor Auxiliar