Espírito Santo: batismo e revestimento
O batismo com o Espírito Santo
Há controvérsias sobre o assunto na compreensão teológica sobre o tema. Pentecostais e neo-pentecostais acreditam que é uma “segunda bênção”, e que é uma experiência pós-conversão, que marca a vida de poder com o fato único de falar em outras línguas.
A teologia bíblica reformada compreende que a expressão batismo com o Espírito Santo não é explicada no livro de Atos dos Apóstolos. Em nenhum lugar do Novo Testamento encontramos a expressão batismo com ou pelo Espírito Santo. Em I Coríntios 12.12, a expressão batismo com o Espírito Santo pode ser compreendida como o ato do Espírito Santo reunir em uma unidade espiritual, pessoas de diferentes origens raciais e formação social, a fim de formarem o Corpo de Cristo – a ekklesia. (G. A. Ladd – Teologia do Novo Testamento).
Plenitude ou revestimento do Espírito
Qual o sinal da plenitude, revestimento, ou ser cheio do Espírito Santo? Ao compararmos Escritura com Escritura, entendemos que a expressão “sereis batizados com o Espírito Santo” (At 1.50), é tratada como sinônimo de ser “Cheio do Espírito Santo” (E todos foram cheios do Espírito Santo – At 2.4); também explicada como “derramarei do meu Espírito” (At 2.17- 18), que também é repetida em Efésios 5.18 “e não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito Santo”.
No Novo Testamento UM SINAL apenas é considerado como evidência que a pessoa foi revestida, cheia ou recebeu o derramar do Espírito Santo. No livro de Atos dos Apóstolos encontramos: Línguas (At 2.4; 10.46; 19.6), transbordar de alegria e adoração (At 10.46b); intrepidez para testemunhar o nome de Cristo: “Todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4.31). Observe que muitos dos que foram cheios em At 2.4, são cheios novamente em At 4.31. Há, portanto, vários revestimentos de poder necessários para servir a Cristo com poder e não apenas um único como, por exemplo, o compromisso e paixão missionária (At 1.8); e coragem para testemunhar e morrer por amor a Cristo (At 6.8).
A ênfase moderna que o sinal de ser cheio do ou com o Espírito Santo é falar em línguas estranhas, não tem bom fundamento numa boa interpretação bíblica (conquanto, acredito na contemporaneidade deste dom do Espírito Santo de acordo com o registro sagrado em I Coríntios 12, 13 e 14). Parece-me que o maior sinal é o poder, a coragem e a paixão para ser missionário a partir do lugar onde a pessoa vive, trabalha, estuda, serve e se relaciona com aqueles que ainda não são de Cristo, tendo inclusive o coração disposto a ser mártir por amor a Cristo. (At 18; 2.11; 8.4-22; 6.8a 7.60; 9.17 comparando 9.20; 11.24; 19.6 comparando 19.10 e Ef 5.18).
Parece-me que o foco do relato e hermenêutica bíblica está no fato de que o “ser cheio do Espírito Santo” é uma realidade que deve ser buscada por todo crente e pela igreja como comunidade. Vários intérpretes bíblicos consideram que o coração cheio de louvor e adoração, gratidão, submissão a Cristo e aos irmãos, e autoridade espiritual contra os poderes do inferno, demonstram que o cristão e a igreja local estão de fato cheios do Espírito Santo. Ao comparar Ef 5.18 e Cl 3.16, somos levados a considerar que ser cheio do Espírito é ser cheio da Palavra (“habite em vós ricamente a Palavra de Cristo” – Cl 3.16).
Em Gálatas 5.15 há uma ordem sobre “andai no Espírito” (viver diariamente nos diferentes relacionamentos sob o domínio e a liderança do Espírito Santo). Uma pessoa sob o este domínio demonstra no dia a dia o seguinte fruto: amor, alegria, paz, bondade longanimidade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22-23).
Busquemos ser cheios do Espírito e sigamos andando Nele.