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Pr. Jeremias

É POSSÍVEL CANTAR EM TEMPOS DE CALAMIDADE?

Incêndios na floresta Amazônica. Queimadas na região norte e centro-oeste do país. Decisões políticas. Guerra de palavras na diplomacia internacional. Tensões em cada estado brasileiro. Desemprego. Batalhas contra a ideologia de gênero. Perturbações no ambiente do legislativo, judiciário e no executivo. Famílias lutando com múltiplas tensões. Assassinatos em presídios. Violência contra mulher, crianças e idosos. Perseguição crescente contra os cristãos no Brasil. Leis a favor do aborto. Imoralidade. Divórcio entre cristãos. Aumenta o número de pessoas que abandonam a igreja e a fé. Diagnósticos de enfermidades graves. Cataclismas variados no planeta. Materialismo. Hedonismo. Relativismo. Suicídio. Enfermidades psiquiátricas crescem. Previsões futuras sobre afundamento de grandes cidades próximas ao mar.

Realidades que podem levar à depressão, ao desespero, à perplexidade, ao desânimo e à incredulidade. Descrições de situações e de um estado de coisas difíceis de encarar e até mesmo aturar. Quando escolhemos olhar e fixar tanta calamidade, é possível, ainda, cantar, louvar, alegrar-se com Deus e em Deus e dar ações de graças?

Habacuque, um profeta do Antigo Testamento, viveu situações e conjunturas que lhe roubaram, durante um certo tempo, a possibilidade de cantar e dar graças. Em sua profecia, descrita em três pequenos capítulos, percebemos que viveu dias em que esteve sorumbático, melancólico, taciturno, oprimido, perplexo, angustiado, ansioso, deprimido, carrancudo, triste, recolhido em silêncios e cheio de perguntas para as quais não encontrava boas respostas ou resposta nenhuma. As circunstâncias lhe apertaram o peito de uma forma esmagadora. Todas as ondas, tsunamis, avalanches e desabamentos estavam soterrando aquele santo varão. A dor de sua alma transborda, entorna, extravasa sem disfarces ou maquiagens. Escancaradamente.

Como Habacuque enfrentou e lidou com o desalento e as emoções tóxicas que perturbaram sua alma e sua fé? Seu pequeno livro nos mostra que ele teve conversas com Deus, nas quais rasgou o seu coração, com uma franqueza quase irreverente, aos nossos olhos de leitor bíblico. Percebemos que Habacuque sabe que, independentemente de qualquer contexto humano, movimento de poderosos, enquadramento político, encadeamento de guerras, âmbito de enfermidades, cenários de corrupção, tramas de violência social… Em todos os episódios Deus está no controle e a sua vontade perfeita irá se cumprir.

O profeta combatia dúvidas obstinadas e queixava-se a Deus. Escutava e esperava longo tempo para a resposta. A demora era torturante. Mas ele continuava fiel a Deus. O cântico de fé do profeta em 2.4, afirmado com zelo e determinação, é uma das declarações mais relevantes do Antigo Testamento: “Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé”.

Apesar de circunstâncias perturbadoras e do silêncio de Deus, o profeta expõe sua confiança no Senhor. Deus continua sendo Deus. Ele continua no governo de tudo. Ele ama seu povo mesmo que as ocorrências pareçam indicar o contrário. Em meio às suas angústias, ele resolve cantar. Diante de suas percepções e diagnósticos tão horríveis para o seu povo, ele, após ouvir a voz de Deus e compreender que Deus trabalha e domina todos os detalhes da história humana, escolhe louvar e declara que qualquer que seja o cenário que cercar o povo de Deus, ele, o Senhor, continuará digno de louvor e adoração.

O capítulo 3 de Habacuque é um hino de louvor. Diante do medo do futuro e das avaliações nada favoráveis para a nação de Israel, a alma do profeta reveste-se de asas e eleva-se às alturas. Ele ora pelo avivamento do povo de Deus. Ele afirma o cuidado do Senhor. Declara a eternidade do Senhor. Descreve o Senhor como um guerreiro vitorioso sobre tudo e sobre todos. Afirma a vitória do Senhor em todos os ambientes e situações. Descreve seu quebrantamento diante da magnitude do Senhor e, então, ele canta confiadamente e esperançosamente:

“Embora as figueiras tenham sido totalmente destruídas e não haja flores nem frutos, embora as colheitas de azeitonas sejam um fracasso e os campos estejam imprestáveis; embora os rebanhos morram pelos pastos e os currais estejam vazios: eu me alegrarei no Senhor! Ficarei muito feliz no Deus da minha salvação! O Senhor é a minha força. Ele me dá a velocidade da corça e me guia em segurança sobre as montanhas.” (Hc 3.17-19 – Bíblia Viva)

Este é o triunfo da fé em Deus. Este é o triunfo da fé em Cristo Jesus. O Cristo que morreu pelos nossos pecados, ressuscitou para a nossa salvação, vive e reina como Senhor de todos e sobre todos e voltará a segunda vez para buscar a sua igreja, que ele mesmo comprou com seu próprio sangue. Ele, Jesus Cristo, nosso Senhor, trabalha em todas as coisas, conjuntamente, para o bem daqueles que o amam:

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” (Rm 8.28-30)

Aprendemos com o testemunho de Habacuque, que é um testemunho que se vê em toda Bíblia na vida de homens e mulheres que conheceram ao Senhor: sua graça nos fortalece para confiarmos no Soberano Deus nas horas sombrias e nas provas mais agudas; aguardar a reivindicação de seus atos; e olhar para a frente com a convicção do amanhecer, certo do prometido dia de glória.

“Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor.” (Rm 14.8 – NVI)

Quando há calamidade por todos os lados e o nosso mundo jaz indeciso aos nossos pés, louvemos ao Senhor, exaltemos o seu Santo Nome, derramemos aos seus pés nossas ações de graças, abarrotemos nossos corações com sua alegria e alastremos este Fruto do Espírito em todo lugar e ambiente onde passarmos.

Cantemos as palavras de Daniela Ramos de Campos Magalhães, e que nos chegou na voz exponencial do nosso irmão Paulo César Baruk: “Um dia a gente aprende a confiar / Em um Deus que faz milagres / Que ouve a nossa oração / Que se faz presente aqui / Um dia a gente aprende a dar / Um passo só de cada vez / Mas sem duvidar / Mas sem duvidar / Que Ele continua sendo Bom / Que Ele continua sendo Deus…”

Pr. Jeremias Pereira · Pastor Titular