CONTRA O ABUSO
A violação da pureza de uma criança é o fruto mais terrível da maldade humana. Tirar a inocência, violar o corpo, ferir a alma de uma criança é monstruoso. Abuso infantil é uma desgraça que assola o ser e, de tão presente, ignoramos os números. Crianças abusadas em igrejas, escolas, ruas, creches. Escravização, prostituição infantil, pornografia são fatos reais do Brasil. Os números denunciam a alma humana pecaminosa e morta em seus delitos e pecados.
Os dados alarmantes denunciam fatos que podem ser analisados traçando perfis, faixas etárias e recortes sociais. Nos ajudam, mas não descrevem a dor nem podem resolver ferida alguma. Uma criança abusada tem um lapso em seu crescimento, uma cisão na normalidade da vida. Seus familiares sofrem não apenas com a revolta, mas com questionamentos e dor. Vem o desespero de não saber o que fazer, como abordar e seguir adiante.
O toque lascivo em uma criança é pecaminoso, doentio e criminoso. Aquele que a vê como uma possível fonte de prazer precisa ser punido a tal ponto que nunca mais repita o ato. Há quem diagnostique como doença mental e aborde apenas o lado psíquico da coisa. Nossa sociedade caminha em diversas linhas progressistas para o entendimento da pessoa do abusador e seu acolhimento. Temos uma lei rígida no país contra o abuso, porém há movimentos em todo o mundo de diminuição da idade da pessoa nas abordagens de sexo com consentimento. Estão brincando com nossa paciência.
Creio piamente que devemos olhar e proteger nossas crianças desses demônios e encarcerá-los o quanto antes possível. Trabalharmos politicamente e junto da sociedade para combater qualquer manifestação de pedofillia. Mas vou além, faço das palavras de Paulo as minhas: “entreguemos ao diabo para que a alma se salve”. Perdoe a dureza, tenhamos a visão de Deus pois delas, as crianças, é o Reino.
Os relatos de abuso trazem histórias de horror. Temos uma coisa certa a fazer: proteger mais do que fazemos hoje e orientar nossos filhos com maior eficácia. Quero trazer questões práticas para que, se possível, consigamos diminuir ou até mesmo extirpar isso de nosso meio:
Detectar: Como saber se uma criança está sendo abusada? Qual o perfil do abusador? Quando ela está em risco? As mudanças de comportamento podem trazer sinais: reclusão, mudança de humor, dificuldade de relacionamentos, desenvolvimento de tiques ou gagueira, urinar na cama, terror noturno. Saber abordar a criança quando se está com suspeita é importante. Não devemos agir com olhar punitivo, mas trazer a confiança e mostrar que estamos juntos nisso que está acontecendo, com amor e apoio. O abusador nem sempre é o adulto por trás da rede social. Pode estar perto e ser mais jovem do que pensamos. Uma criança abusada sexualmente pode se tornar um abusador. Repete o ato. Primos, colegas mais velhos, amigos de amigos. Temos relatos das mais diversas faixas etárias. Devemos ficar atentos quando permitimos nossas crianças dormirem na casa de coleguinhas. Quem estará na casa? Quem ficará de olho? Não se iluda com perfil, um possível abusador não vem com sinal na testa.
Tratar: Não é o fim. Não pensemos que será uma marca indelével. Acolher, buscar ajuda de especialistas, pastores, psicólogos, terapeutas, psicopedagogos. Saber abordar sobre o assunto ajudará a criança a superar esse trauma. Não devemos aproximar com dureza ou juízo. Não taxar ou dizer palavras que definam a criança como indolente ou boba. Não expor a criança ao tratar com o abusador. Devemos amar, discipular, orar e caminhar junto para a superação. Mostrar a bondade de Deus e buscar junto com a criança a ação do Espírito Santo. Deus cura. Liberta. Milagrosamente. Jesus é Senhor sobre nós.
Punir: De maneira alguma podemos deixar passar o fato sem punição. A lei serve para que a pessoa não repita o ato. O abusador, se adulto, deverá pagar segundo as leis nacionais. Denuncie sempre. Não aja com as próprias mãos, mas faça o que deve ser feito: chame as autoridades. No caso de o abusador ser menor, existem as leis que abordam as infrações que estão presentes no ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente. Porém, muitos casos são familiares ou de famílias/amigos próximos. Sigo a linha da denúncia. Precisamos expor o abusador para que não se repita o acontecido e para que ele saiba o tamanho do mal que causou, dando até mesmo uma oportunidade de tratamento deste desequilíbrio.
Perdoar: Pode parecer religioso demais, espiritual demais, porém é o caminho que Deus nos colocou para trilhar. E se Deus nos mostrou este caminho é porque será curador. Perdoar um inimigo é libertador. Um abusador é um inimigo e perdoá-lo é o caminho milagroso da cura da alma. Devemos punir o abusador ao mesmo tempo que precisamos perdoar. Um paradoxo do Evangelho. Não desejar o mal é um estágio da alma de quem se aproxima de Deus. Perdão é sinal que seguimos a adiante. Seja o caso conosco ou com uma criança próxima a nós, perdoar e deixar as ações de juízo nas mãos de Deus é nosso dever.
O abuso infantil tem sido pauta de discussão, vigilância, treinamento específico e policiamento por parte de nossos Ministérios. Não estamos sós. Contamos com pais, mães, professores e crentes que cuidam das nossas crianças com toda a integralidade que precisamos ter no discipulado.
Nossa oração é para vermos nossas crianças e juniores longe deste trauma e para que nada de mal as alcance. Em nome de Jesus.
Pr. Bruno Barroso · Pastor Auxiliar