CAMINHANDO EM ALIANÇA COM O SENHOR
“…obedeçam-me e façam tudo o que lhes ordeno, e vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.”
(Jeremias 11.4 – NVI)
No final dos anos 80, quando já havia completado meus 18 anos de idade, empenhei-me por “tirar” a Carteira Nacional de Habilitação – CNH. Naquele tempo, meu pai havia comprado um fusca 72 e eu já sabia dirigir, mas não possuía o requisito “habilitação”. Minha mãe “na cola”, não me deixava sair com o carro e o jeito foi enfrentar o desafio. Os exames no Departamento de Trânsito (DETRAN) eram sabatinas em boxes. Os examinadores perguntavam sobre legislação e regra de circulação. Três respostas erradas, adeus. Passei rápido em legislação, mas regra de circulação fui reprovado quatro vezes. No exame de rua, fui mais bem sucedido e “aprovado de primeira”.
Ao iniciar este texto, lembrei-me do episódio da CNH, porque é exatamente para isso que o Senhor Deus nos chama: sermos um povo habilitado para servi-Lo. No entanto, isso não acontece de qualquer forma. Ao modelo próprio do servo. Certamente que não. É Deus quem estabelece os parâmetros, as regras, o “código de obediência” pelo qual se baseia e se conduz. O que deve ser feito e o que desagrada ao Eterno. Dessa forma, fica tudo bem claro acerca do que se deve fazer e o que acontecerá no caso da desobediência. As regras para não infringir os mandamentos do Senhor estão estabelecidos na Sua palavra. É por ela que Deus determina Sua aliança. E, se há um destaque para o servo ser bem-sucedido, é este: “dar ouvidos” (Jr 11.4; 7).
Ao invocar obediência, o Senhor Deus quer que o Seu povo se lembre que, entre as partes (Deus e o homem), há uma relação que as liga de maneira formal (aliança), ao mesmo tempo em que estabelece compromisso entre si. Partida e contrapartida. Implicações para quem mantém e para quem rompe o compromisso. Deus sempre fiel. O homem, no entanto, rompe, quebra, descumpre sua parte no “tratado”, por vezes até desprezando a natureza relacional dessa aliança. E é isso que leva o profeta Jeremias a proclamar que virá grande assolação. As aflições de quem se tornará “maldito” (Jr 11.3b). É interessante observar que o arauto se proclama, por vezes, da porta do templo (Jr 7.2). Não é que o povo não saiba seus deveres. Até sabe. Na verdade, ignora, se esquece ou deliberadamente resolve desobedecer a Deus. Age como motoristas imprudentes. Negligencia as normas e, por não cumprir os “Estatutos do Senhor”, torna-se sujeito a juízo (Jr 11.8).
Não se serve ao Senhor ao revel dos Seus princípios. Senão, vejamos: “portanto, guardem os meus estatutos e os meus juízos. Aquele que os cumprir, por eles viverá. Eu sou o Senhor” (Levítico 18.5 – NAA). É contra esse esquecimento das leis do Senhor que Jeremias se põe a percorrer e a profetizar nos lugares aos quais é enviado. E Deus, na Sua grande misericórdia, ainda cuida de avisar que sobre os rebeldes em conspiração virá a calamidade, da qual não escaparão. Os impenitentes irão clamar, mas não serão ouvidos (Jr 11.11). É o céu tornado em bronze, e o chão, em ferro (Deuteronômio 28.23).
Atualmente, ainda somos chamados à plena obediência ao Senhor e aos Seus mandamentos. É o Senhor Jesus Cristo quem disse: “aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama…” (João 14.21). Não conduzimos (ou pelo menos não deveríamos conduzir) desordenadamente a “nossa” vida, exatamente porque os princípios que regem o acordo pactual de Deus e os homens seguem vigentes. Somos o Seu povo; e Ele, o nosso Deus. Voltar-se para a palavra do Senhor e “dar ouvidos” à Sua voz é dever. Conosco está o ouvir e atender ao constante testemunho que se refaz (Jr 11.7). Deus não nos deixa sem um princípio pelo qual devemos nos guiar. Sua vontade é expressa na Sua lei, e a ela devemos amar, crer e praticar (obedecer); porquanto, ao agir assim, estaremos debaixo dos cuidados do Deus que nos habilita para sermos Seus (Jr 11.5) e que cumpre a Sua aliança. Não se esqueça!
– Pr. Edson Gonçalves – Pastor Auxiliar