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“…mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” (Lc 13.5b)

As chuvas intensas em Belo Horizonte, cidades mineiras e outros estados, como Rio de Janeiro e Espírito Santo, provocaram muitas perdas materiais e até de pessoas. Logo surgiu uma pergunta: “Será que as chuvas torrenciais foram resultado do Juízo de Deus sobre Belo Horizonte?”. E se foi juízo, qual foi o pecado? Daí falaram do Carnaval de BH, falaram contra pastores, igrejas e bandas de louvor que teriam deixado o “sucesso subir à cabeça” e por isso Deus estaria julgando a capital mineira.

Todas estas conjecturas são resultado de uma consciência antiga de causa e efeito, ou seja, se algo aconteceu sendo bom ou ruim, precisa ter um porquê? Mas devemos nos lembrar que muito do bem que recebemos não somos merecedores.

Jesus tratou deste assunto, está registrado no Evangelho de Lucas no capítulo 13. Algumas pessoas comentaram com Jesus sobre a morte de alguns galileus no meio de um culto. Jesus, ao responder, não falou nada contra Pilatos, que era o responsável final pelas mortes, e nem contra os que morreram, como se pudessem ser alvos do juízo de Deus por terem morrido de forma tão cruel. Ao contrário, fez uma incisiva afirmação: “… mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” (Lc 13.3b). E depois, reforçou a sua resposta, lembrando-os de um evento em que 18 homens morreram na queda de uma torre, e a conclusão foi a mesma: aqueles homens também não eram piores do que os demais daquela cidade.

Assim, entendo que não devemos tirar conclusões precipitadas diante de desastres, acidentes e qualquer outro tipo de evento com consequências negativas. Apenas, devemos ajudar os que sofrem e atender o que Jesus afirmou em seguida, a saber: “…mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” (Lc 13.5b).

Quando o mal vem, não adianta querer saber quem foi o culpado, é necessário investigar o que pode ser feito para que aquele mal seja amenizado e, se possível, desfeito. E mesmo em situações em que o mal for claramente uma consequência de pecado, não ajuda muito pesarmos a mão na condenação. É necessário mostrar o caminho de arrependimento para que as coisas se ajustem novamente. Assim, em situações difíceis, o que todos devemos fazer é voltar-nos para Deus pelo caminho que é Jesus Cristo.

O contexto de Lucas 12 é muito importante para a compreensão do texto que estamos abordando. Ao longo do capítulo, Jesus fala sobre estar pronto para o dia de juízo, isso acontece em vários momentos, seguem alguns:

“Digo-vos ainda: todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do Homem o confessará diante dos anjos de Deus.” (Lc 12.8)

“Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20)

“Bem-aventurados aqueles servos a quem o senhor, quando vier, os encontre vigilantes…” (Lc 12.37a)

“Hipócritas, sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu e, entretanto, não sabeis discernir esta época?” (Lc 12.56)

Este último versículo de forma clara mostra o cerne do capítulo 12 e o pano de fundo de Lucas 13.1-9. O tempo que precisavam discernir, e nós também, é o tempo do arrependimento e de colocar a nossa vida em ordem diante de Deus. Pois, depois que Jesus respondeu sobre as mortes dos galileus e citou a morte dos 18 homens em Siloé, ele contou a parábola da figueira que por três anos não dava fruto. Como a figueira estava ocupando a terra inutilmente, o seu dono decretou o juízo: corte a árvore! Mas o viticultor pediu ao dono: “deixe eu cuidar dela mais um ano, depois deste tempo, de acordo com o resultado a cortaremos ou continuaremos cuidando dela”. O dono concordou, a figueira ganhou mais um tempo. Ou seja, toda catástrofe e desastre que não atingiu você, cada manhã que você abriu os seus olhos, Deus está concedendo mais tempo a você.

Pergunte-se: Tenho ocupado a terra de forma inútil?

Não creio que Deus esteja julgando Belo Horizonte, creio que ele continua dando tempo para nos arrependermos e darmos frutos. Creio que temos que ajudar sempre. Creio que se fosse por mérito, a sentença já deveria ter sido executada sobre todos nós, pois não há uma pessoa sequer que não mereça ser julgada e banida desta terra.

Mas… Todos os que estão em Cristo, já estão livres do julgamento de condenação. Seu destino eterno é o Céu! Mas… enquanto estão na terra, também estão sujeitos às consequências do pecado original e também dos seus próprios pecados. O pecado original, cometido por Adão e Eva, fez com que toda a criação (homens, animais, natureza, universo) fosse afetada pelo mal e pelo desequilíbrio. E por causa do pecado original, os seres humanos passaram a ter uma inclinação ao erro, e todo erro tem consequências e mesmos os crentes colhem muitos resultados de seus erros. Exemplo: qualquer pessoa que resolver bater a cabeça na parede, vai se machucar, é a consequência imediata do ato inconsequente. Aplicando: qualquer cidade que recebe chuvas além do que pode escoar pelos seus rios encanados e os abertos, vai experimentar alagamentos; construções em encostas, antigos brejos e com fundação comprometida, também irão cair no dia mau. Assim, há consequência pelo mau planejamento de cidades e casas, e também por uma natureza desequilibrada por causa dos efeitos do pecado original.

Ore por BH, ajude BH e pregue em BH.

Pr. Iury Guerhardt · Pastor Auxiliar