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“AUTISMO NÃO É SÓ DEFICIÊNCIA”

Quando o assunto é datas importantes do mês de abril, natural que se pense na Páscoa, uma das festas mais relevantes do calendário cristão. Há pouco mais de uma década, entretanto, outro momento vem ganhando destaque: o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 02/04. A iniciativa partiu da Organização das Nações Unidas (ONU) e tem o objetivo de conscientizar a sociedade acerca dos direitos das pessoas que apresentam o diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), termo técnico utilizado na medicina.

Ainda cercado de mitos, preconceito e desinformação, o distúrbio é classificado pela ONU como uma questão de saúde pública mundial. Para se ter uma ideia, uma em cada 68 crianças são diagnosticadas com TEA, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. No Brasil, a estimativa é que existam mais de dois milhões de pessoas com algum grau de autismo, dentre os quais está Débora Moreira (28), membro da Oitava e integrante do Ministério de Louvor.

Diagnosticada aos 22 anos de idade, Débora relembra que, na infância, tinha muita dificuldade para socializar. “Desde criança, sempre fui diferente. Não era somente timidez, mas uma incapacidade para me relacionar. Devido a isso, tive vários problemas na escola e até mesmo dentro de casa”. O simples ato de se comunicar por meio de palavras e gestos era algo extremamente complicado para ela. Comportamentos repetitivos e interesses restritos também faziam parte da realidade da jovem.

Já na adolescência, os problemas se agravaram. “Passei a ter muitos conflitos de personalidade, porque eu tentava ser igual aos outros, tentava fazer o que todo mundo fazia, mas não conseguia”, relata. As limitações afetaram diretamente o desenvolvimento da menina, que não se sentia à vontade com os colegas de escola nem conseguia estabelecer relações de amizade. “Quando cheguei na fase adulta, aos 22 anos, foi quando vi que eu estava muito ‘atrás de todo mundo’ em questão de desenvolvimento profissional e acadêmico. Até que decidi procurar ajuda, dando início ao tratamento”.

Após entrevistas com uma médica, Débora recebeu o diagnóstico: Autista moderado. “Eu até conseguia fazer certas coisas, mas não me virava sozinha. Era impossível executar tarefas básicas do dia a dia”, recorda. Ela revela que, hoje, já apresenta uma melhora de 70%. Essa arrancada, porém, não foi simples. Demandou muito esforço próprio, além de apoio constante dos familiares. “Foi um momento decisivo na minha vida. Ou eu procurava ajuda ou ficava estagnada no tempo”.

Nesse trajeto, a jovem contou com outros dois aliados: o esporte e a música. Faixa preta em Tae-kwon-do, Débora integra desde 2016 o Ministério de Louvor da Oitava, no qual canta e toca violão e guitarra. “Há três anos, aproximadamente, comecei a estudar música sistematicamente, até mesmo por influência de amizades, como a Raquel Pinatti, coordenadora do Ministério. Ela viu que eu tinha interesse em aprender e começou a me ajudar a sistematizar meus estudos”.

Os avanços não pararam por aí. Otacílio, noivo que lhe incentivou a procurar ajuda profissional e buscar um diagnóstico, tornou-se seu marido há pouco mais de um mês. “Atualmente eu trabalho meio horário e pretendo retomar os treinos [de Tae-kwon-do] em breve, porque faz muito bem para minha cabeça”. Diante de tantas conquistas, Débora afirma que, por mais necessárias que sejam as palavras dos profissionais da saúde, “Deus é quem determina o que a pessoa deve ser”. E garante: “Autismo não é só deficiência; é eficiência também”.

Principais sintomas do TEA:

  • Dificuldade para interagir socialmente, como manter o contato visual, expressão facial, gestos, expressar as próprias emoções e fazer amigos;
  • Dificuldade na comunicação, optando pelo uso repetitivo da linguagem e bloqueios para começar e manter um diálogo;
  • Alterações comportamentais, como manias, apego excessivo a rotinas, ações repetitivas, interesse intenso em coisas específicas, dificuldade de imaginação e sensibilidade sensorial (hiper ou hipo).

Principais causas:

  • Especialistas acreditam que uma combinação de múltiplos fatores pode levar ao autismo;
  • Fatores como hereditariedade são responsáveis por 50% dos casos;
  • A outra metade pode corresponder a fatores externos, como: poluição do ar, uso de pesticidas nos alimentos, complicações durante a gravidez e infecções causadas por vírus, entre outros.

Fontes: Instituto Pensi; Fundação José Luiz Egydio Setúbal.

Para mais informações sobre o tema, acesse: autismoerealidade.org.br