ASHBEL GREEN SIMONTON: O PRIMEIRO MISSIONÁRIO PRESBITERIANO NO BRASIL (1833-1867)
Há 163 anos, precisamente no dia 12 de agosto de 1859, desembarcava no Rio de Janeiro um jovem de 26 anos de idade. Havia tido uma experiência religiosa no avivamento em 1850, e no primeiro semestre de estudos, ouviu na capela do seminário um sermão do Dr. Charles Hodge, um dos seus professores, que despertou o seu interesse pela obra missionária no exterior. Em meio às lutas no Seminário Teológico de Princeton, New Jersey, nos Estados unidos, orava fervorosamente. Concluídos seus estudos, foi ordenado pastor, e então enviado ao Brasil.
Simonton teve apenas oito anos de ministério em terras tupiniquins. Mas numa sequência vertiginosa, quase atordoadora, fundou no Rio uma escola dominical, uma igreja, um jornal, um seminário, um presbitério, uma denominação e ainda escreveu uma série de sermões e poesias em português, que mais tarde foram compilados em um livro.
Passados quatro anos, pouco depois de organizar a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro em conjunto com o Reverendo Alexander Blackford (12 de janeiro de 1862), o jovem missionário seguiu em viagem de férias para os Estados Unidos, vindo a casar-se com Helen Murdoch, em Baltimore. Regressaram ao Brasil em julho de 1863. No final de junho do ano seguinte, Helen faleceu, nove dias após o nascimento de sua filhinha, que recebeu seu nome, Helen Murdoch Simonton, a única filha do Rev. Simonton.
Continuou sozinho, criando sua filha e corajosamente fiel ao seu chamado ministerial, o qual o Senhor lhe confiara, até que em 9 de dezembro de 1867, aos 34 anos de idade, faleceu em São Paulo, vítima de febre amarela.
Um jovem com visão estadista, dedicado a Deus; homem de coragem, fé, obediência; apaixonado por buscar aquele que estava sem Cristo e sem salvação.
Muito de seu caráter e compromisso com Deus está no livro “Simonton – inspirações de uma existência”, trechos do seu diário, que foi traduzido por Amélia Rizzo.
Algumas das suas frases retiradas de seus sermões: (fonte Ultimato).
“Se o campo é o mundo, então todas as esferas precisam ser ocupadas, e a recusa de alguns em ir aos lugares menos promissores somente torna este dever mais imperativo para outros.”
“Sinto fortemente que preciso ter um conhecimento mais claro de Cristo e um senso perceptível de sua presença e amor. Ser missionário sem ter amor fervoroso por Cristo e zelo pelas almas é mau negócio. Devo renovar a minha consagração.”
“O fim principal de pregador deve ser conduzir seu auditório aos pés de Jesus.”
“Ministros de Cristo, lembrem-se disso [a centralidade de Jesus na pregação] cada vez que vocês subirem ao sagrado púlpito!”
“É preciso ser muito ignorante para se poder negar esse fato fundamental da fé cristã — que nosso Senhor realmente padeceu a pena a que estávamos sujeitos.”
“É admirável, eu mesmo o confesso, parece incrível, mas é fato que a ira de Deus merecida por nós foi descarregada sobre a cabeça de nossa vítima. Daqui resulta com toda evidência a completa absolvição do mais vil pecador, que se une a Cristo pela fé.”
PEQUENOS TRECHOS DO SEU DIÁRIO
Antes da partida para o Brasil:
“Eu vou só (…) A Ti ó Deus, entrego os meus caminhos, na confiança que Tu dirigirás acertadamente meus passos.”
Após seis meses no Brasil (ainda aprendendo a língua portuguesa):
“Considero-me feliz, muito mais do que esperava. Sinto-me feliz em deixar com Ele o futuro. Gostaria de ser capaz de perceber a graça de Deus em todas as coisas, tanto nas pequenas como nas grandes, para ser capaz de realizar tudo com referência consciente à sua glória.”
Após o casamento:
“Estou de volta ao meu pasto, agora casado e… destinado logo a ser pai… Sinto-me feliz quando se pode esperar neste mundo.”
Três meses depois:
“Nosso primeiro aniversário de casamento… um ano de bênçãos quase sem mistura.”
Um mês mais tarde:
“Nossa primeira filha nasceu às 11 horas. Deus seja louvado.”
10 dias depois:
“Que Deus tenha misericórdia de mim… Helen, minha esposa, jaz num caixão, na sala. (…) tudo ainda parece um sonho.”
Um mês após o sepultamento da esposa:
“Justamente quando a minha taça de felicidade terrena transbordava, a fonte da maior parte das minhas puras alegrias me é tirada. A falta é tão grande que nada, senão Deus, poderá preenchê-la.”
Nos últimos dias de sua vida (1866):
“No retrospecto da minha própria vida durante o ano (…) aponto algumas obras realizadas da melhor maneira possível, mas em que medida tenho eu progredido na direção do céu? Aí é que me sinto em falta. Não consigo ir além da prece do publicano: ‘Tem misericórdia de mim, pecador’. Será que vai ser sempre assim? Como suspiro pelo batismo de fogo para consumir as escórias, e por ter um coração inteiramente dominado por Cristo.”
Compilado por Pr. Jeremias Pereira.
– Pr. Jeremias Pereira – Pastor Titular