Arrependimento, a tristeza de Deus e a tristeza do mundo
“A tristeza segundo Deus produz um arrependimento que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte. Vejam o que essa tristeza segundo Deus produziu em vocês: que dedicação, que desculpas, que indignação, que temor, que saudade, que preocupação, que desejo de ver a justiça feita! Em tudo vocês se mostraram inocentes a esse respeito.” (2 Co 7.9-10 – NVI)
Uma certa pessoa disse estar arrependida ao ser descoberta dos seus pecados. De propósito, não defini quem é a pessoa, não disse se é homem ou mulher, jovem ou idosa, solteira ou casada, viúva ou divorciada. Assim fica mais fácil aplicar este texto a você mesmo. Também não disse quais eram os pecados, assim podem ser os que consideramos “escandalosos” ou “pequenos e sem importância”. Mas fiz questão de definir que são pecados e não meramente erros ou deslizes.
Pecado é definido por Richard Trench como “errar a marca ou o alvo, não alcançar a meta”, “passar a linha”, “desobediência a uma ordem”, “cair quando se deveria ficar de pé”, “ignorância sobre o que deveria saber”, “menosprezar aquilo que deveria ser exaltado”, “não observar a lei” e “conflito na harmonia do universo de Deus”.
Por natureza, temos uma grande dificuldade de reconhecer os nossos erros e por isso temos a tendência de querer justificá-los, fazemos isso nos vitimizando. Exemplo: “eu sei que reagi mal, falei o que não devia, mas você viu o que ele fez?”. Mas, uma vez nascidos de novo, devemos ser humildes para reconhecer o nosso erro e sinceramente pedir perdão. E lembre-se: “O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra” (Pv 29.23).
Arrependimento e perdão são duas palavras que andam juntas e só podem ter efeito completo se executadas juntas. Digamos que a parte ofendida concede o perdão, mas a ofensora não se arrepende do que fez, logo este relacionamento não será o mesmo. E o contrário também é verdadeiro. Se a parte ofensora se arrepender e pedir perdão, mas se o ofendido permanecer endurecido para perdoar, o relacionamento estará igualmente comprometido. Como crentes em Jesus, somos ordenados a perdoar quem nos ofendeu e pedir perdão ao ofender alguém. Está em nossa nova natureza o anseio pela reconciliação (2 Co 5.18).
Porém, mesmo que haja reconhecimento do erro, é preciso entender que arrependimento não é remorso, ou seja, muitas vezes confundimos o medo das consequências, um simples sentimento de tristeza ou a tentativa de pagar a culpa por meio de um sofrimento com um arrependimento. Arrependimento passa pela humilhação, pela compreensão do seu estado de pecaminosidade, dor.
O pecado sempre é uma ofensa a Deus, mesmo que a intenção seja ferir uma pessoa que aparentemente “mereça ser ofendida”. Agimos a partir da dureza do nosso coração e desobedecemos a Deus que nos ensina a sermos amáveis e respeitosos para com todos, até com quem intencionalmente quis nos machucar.
Há uma confusão quanto ao assunto, pois arrependimento não é o mesmo que um simples pesar ou rancor. É mais profundo e tem a ver com a nossa relação com o próprio Deus. Ou seja, não é apenas uma preocupação quanto às consequências, mas consciência de que ofendemos a Deus ao contrariarmos os seus mandamentos, seja por ação ou omissão.
“Dêem frutos que mostrem o arrependimento.” (Lc 3.8)
“Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento.” (Lc 5.32)
Pr. Iury Guerhardt · Pastor Auxiliar