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Estudos e artigos

ANDANDO NA LUZ DE CRISTO

“Deus de Deus, Luz de Luz”, andemos conforme sua natureza.

1Jo 1.1-10 

O início do título acima é parte da citação de um dos primeiros credos elaborado em 325 d.C em Nicéia, na Ásia Menor, para combater as heresias relacionadas à Trindade e a encarnação de Cristo, como por exemplo o arianismo (O Filho não é consubstancial com o Pai, mas é o primeiro a ser criado). E mais tarde, em 381 d.C. o Credo de Constantinopla, por refletir o ensino de Nicéia ficou conhecido como o “Credo Niceno”.

O credo Niceno afirma Jesus ser …Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus…, gerado não feito, de uma só substância com o Pai; pelo qual todas as coisas foram feitas…” Historicamente, toda a vez que a igreja é bombardeada com ataques e oposições de cunho teológico, é preciso reafirmar seus credos e confissões biblicamente.

João escreve a primeira epístola para alertar e instruir os leitores contra os ensinamentos heréticos que negavam a encarnação de Cristo. No prólogo da carta, ele afirma que o evento central da história foi a manifestação da vida eterna em Jesus Cristo. Sendo João testemunha ocular (1Jo 1.1) da vinda do “Verbo da Vida”. Assim como João declara que Deus é espírito (Jo 4.24) e Deus é amor (1Jo 4.8), ele afirma que Deus é luz. (1Jo 1.5). Essas declarações se referem ao que Deus é, e não ao que Ele faz. Andar na luz de Deus é viver em comunhão com o próprio Deus que é luz. Essa comunhão aponta para três importantíssimas implicações:

1) Não existe comunhão com Deus sem crer que o Jesus divino-humano veio em carne. (v.1-2). A encarnação é a base da comunhão. O Pai e o Filho em uma perfeita e eterna comunhão (1Jo 1.2), resolvem estender essa comunhão para a humanidade, que se completa no envio do Espírito Santo pelo Pai e pelo Filho (Jo 15.26). Aquele que foi prometido desde do princípio em Gênesis 3.15, o Messias esperado nas Escrituras do Antigo Testamento, manifestou-se no tempo e na história para a salvação de um povo chamado de Igreja de Cristo. O Cristo que morreu e ressuscitou ao terceiro dia consuma a obra da redenção e concede ao seu povo comunhão com o Pai o Filho e o Espírito Santo.

2) A comunhão com a Trindade exige comunhão uns com outros. V. 3-6. Não tem como dizer que somos de Deus, que temos intimidade com Deus, que andamos com Deus, se não obedecemos sua palavra. João está sendo bem claro no que diz respeito à nossa relação como Deus. Nossa comunhão com Ele deve  refletir na comunhão uns com os outros. Deus nos habilita com a virtude do Espírito para capacitar-nos para isso. Para quem vou orar? Só para mim?! Tenho ido à igreja somente para cumprir o meu horário religioso? Tenho ensinado outros na igreja a falar do Evangelho aos perdidos?  Creio que somente a última pergunta seria o bastante para refletirmos sobre a necessidade de comunhão uns com os outros. Se andamos na luz precisamos andar em conformidade com ela.

3) A comunhão com Deus promove purificação. (V. 7b-10) Como Hebreus 9.22 afirma: “Sem derramamento de sangue não há remissão.” Fomos reconciliados com Deus por meio de Cristo Jesus, seu sangue derramado na cruz “nos purifica de todo o pecado” (1Jo 1.7). Não somente os nossos atos pecaminosos, mas o pecado que está dentro de cada um de nós, que dia após dia nos assedia, está totalmente perdoado cravado naquela cruz. A fé verdadeira consiste em crer que somos pecadores e precisamos urgentemente da remissão dos pecados, e somente Cristo tem o poder de nos redimir e purificar. Nenhum rigor religioso nos colocará diante de Deus, somente o sacrifício de Cristo. 

Apesar de cidadãos do mundo nossa pátria é o céu. Nossa comunhão foi construída, como afirma em 1Pe 1.18-19:  “… não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento (…) Mas pelo precioso sangue, o sangue de Cristo.” Aquilo que sou em princípio, preciso ser também na prática, em outras palavras, as nossas práticas terrenas devem ser dignas de nossa posição celestial.

 – Lic. Milton Fernandes – Licenciado