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“Jesus respondeu: ‘Eu lhes asseguro que, se vocês tiverem fé e não duvidarem, poderão fazer não somente o que foi feito à figueira, mas também dizer a este monte: Levante-se e atire-se no mar, e assim será feito. E tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão.’” (Mateus 21.21-22)

“Portanto, eu lhes digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá.” (Marcos 11.24)

“Naquele dia vocês não me perguntarão mais nada. Eu lhes asseguro que meu Pai lhes dará tudo o que pedirem em meu nome.” (João 16.23)

Todas as vezes que eu lia esses textos, me perguntava como eles se aplicavam na vida de um cristão. Eu passei 23 anos na igreja e até hoje nunca conheci alguém que recebesse tudo aquilo que pedisse, nem muito menos vi algum monte se mover do lugar por causa de uma oração.

Quando lemos a Bíblia, tudo parece tão simples. Pessoas tinham algum problema, oravam e Deus fazia algum milagre. Tudo na Bíblia parece tão mais simples do que hoje. Várias vezes pensamos que Deus se fazia mais presente na Bíblia do que hoje.

Nos tempos bíblicos, se havia doença, uma oração era feita e havia cura; se alguém morria, várias vezes, por meio da oração, Deus as ressuscitava; quando eram presos, um anjo ou um terremoto os libertavam da prisão; se uma guerra se aproximava, um exército em carros de fogo cercava o inimigo e dava a vitória para o povo de Deus.

Todas essas histórias, por vezes, nos fazem pensar se nenhum dos crentes de hoje tem fé quando ora. Alguns tentam culpar o pecado, como se ele fosse algo que surgiu com a atualidade. Outros justificam dizendo que não pedimos segundo a vontade de Deus, mas sim para satisfazermos os nossos próprios desejos (Tiago 4.3). Não que essas coisas não possam interferir na fé e na oração, mas nem sempre pedimos para o nosso próprio prazer e, mesmo assim, por diversas vezes, não recebemos.

Quantas vezes não apresentamos diante de Deus causas e orações que a própria Bíblia nos ordena a fazer? Oramos pelas autoridades, pelos enfermos, pela paz, e muitas vezes, mesmo toda a igreja reunida em oração, não recebemos aquilo que pedimos.

Leia 1 Samuel 1. Pode parecer que em determinado ano Ana subiu ao tabernáculo para orar e pedir ao Senhor um filho, mas a verdade que o texto nos conta é de uma mulher que ano após ano subia ao tabernáculo com seu marido. Quantas vezes Ana ficou triste, sem comer, por não poder ter um filho? Quantos anos se passaram, orando ao Senhor, e nenhuma resposta aparecia?

A verdade é que nós nem sempre lemos a Bíblia com atenção. Nós simplesmente não vemos o quanto as histórias da Bíblia se parecem com as de hoje. Abraão teve de esperar anos pela promessa de ter um filho; Isaque esperou 20 anos para que sua mulher pudesse engravidar; Jacó teve de viver anos longe de sua casa por conta de seu irmão; José ficou anos como escravo e preso até se tornar governador do Egito; Moisés esperou mais de 40 anos para chegar à terra prometida e mesmo orando ao Senhor para entrar nela isso não lhe foi permitido; Ana teve de esperar longos anos até conceber e dar à luz a Samuel; Davi, mesmo depois de ter sido ungido rei por Samuel, teve de fugir durante anos da presença de Saul.

Esses são apenas alguns exemplos – dentre inúmeros – de pessoas que tiveram longos tempos de espera por promessas de Deus. Será que nenhuma delas orou ao Senhor? Claro que sim! Davi, em suas orações, sempre dizia para o Senhor se voltar para ele e o defender de seus inimigos, mas mesmo assim, até a morte de Saul, ele teve de fugir e se esconder.

Por fim, o próprio Jesus pediu para que, se possível, Deus afastasse d’Ele o cálice que viria a tomar. Ele iria sofrer não apenas a morte física, mas também levaria sobre Si todos os nossos pecados e a ira de Deus em nosso lugar. Mesmo assim, o plano Divino não era livrá-lo daquele momento e, por isso, mesmo tendo orado, Ele seguiu para sua morte que hoje nos dá vida.

Neste caso, quando falamos de Jesus, não há mais desculpas de falta de fé ou qualquer outra coisa. As histórias bíblicas são bem parecidas com a nossa. Quantos “nãos” recebidos de Deus e ainda mais, quantos “espere”? Deus nos molda com seus “nãos” e “espere”, para cumprir seu desejo em nós de que sejamos aperfeiçoados.

A questão não é apenas se temos fé ou não. Heróis da fé, considerados assim pelo próprio Deus em Hebreus 11, oraram e mesmo assim ouviram uma resposta negativa ou esperaram por longos períodos. 

O ponto central na oração não pode ser o homem, como detentor de fé. O ponto central da oração é o próprio Deus e aquilo que Ele pode fazer. O grande problema é que não entendemos qual o nosso papel na oração. Essa incompreensão parte do entendimento que temos de que orar com fé é ter certeza de que aquilo que pedimos ocorrerá. Em outras palavras, só é possível ter fé se soubermos aquilo que Deus irá fazer.

Quando lemos Hebreu 11.1, vemos que a “fé é a convicção de fatos que não se veem”. Logo, concluímos que, para ter fé em uma oração por cura, por provisão, por consolo ou qualquer outra coisa, é necessário ter certeza clara e absoluta de que aquilo acontecerá. Se, contudo, lermos todo o capítulo, perceberemos que a fé não se trata apenas do conceito do versículo primeiro, mas o autor deseja explicar a fé pelo exemplo daqueles que viveram pela fé.

Observando a vida destes homens, veremos como eles não tinham certeza do futuro imediato e perceberemos que resumir a fé a essa certeza é esvaziar sua beleza a um conceito técnico. A fé desses heróis consistia numa confiança inabalável em um Deus que cumpriria Suas promessas.

O problema é que, enquanto a Bíblia nos ordena que oremos com fé, nós estamos mais preocupados em querer saber aquilo que Deus irá ou não fazer. O nosso papel não é saber aquilo que Deus irá fazer, nosso papel é apenas orar.

Não coloque sobre si um fardo que você não pode carregar. Aquilo que Deus irá fazer compete a Ele saber, o que nos compete é apenas orar. Por isso, ore com fé! Se há alguém doente, ore com fé de que essa pessoa será curada. Se existe alguma situação financeira, ore com fé de que Deus irá prover. Se há algo que você tem esperado, ore com fé de que o Senhor irá se apressar em realizar. Não me refiro à fé de saber o futuro e de querer esquadrinhar a ação de Deus, mas a fé que confia plenamente n’Aquele que pode mudar a realidade.

Tenha em mente que sua oração tem poder. A Bíblia diz que a oração da fé curará o enfermo (Tiago 5.15); que a oração do justo muito pode por sua eficácia (Tiago 5.16). A Palavra de Deus nos ensina a todo momento sobre o poder que a oração tem. Não por determinar aquilo que Deus fará, nem por uma certeza do que acontecerá de imediato, mas por certeza de que o Deus que nos ouve é fiel. Ele ouve, Ele se importa, Ele responde.

Apenas ore!

– Lic. Gustavo Quirino – Licenciado