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Estudos e artigos

ADOTADOS POR DEUS: NÃO MAIS ESCRAVOS, PORÉM FILHOS (GL 4:1-31)

“Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.” Gálatas 4:4-5 

A doutrina da adoção, embora muitas vezes ofuscada por outras verdades centrais da fé cristã, é uma das mais belas e transformadoras expressões da graça de Deus. Em Gálatas 4, o apóstolo Paulo nos conduz por um caminho que vai da escravidão à filiação, da lei à promessa, da servidão ao lar. E é nesse caminho que Deus manifesta a grande riqueza do seu amor para conosco, seus filhos. E tudo isso foi no tempo perfeito e do jeito que Deus planejou. 

É curioso perceber que, com alguma frequência, corremos o risco de vivermos uma fé diferente da que dizemos possuir. Mesmo após a conversão, mesmo já conhecendo o plano de Deus, muitos cristãos vivem como se ainda fossem escravos. Carregam culpas antigas, obedecem por medo, e se relacionam com Deus como servos que temem ser rejeitados. A alma, embora salva, ainda ouve os ecos das correntes do passado. É como se o velho homem, embora crucificado com Cristo, ainda gritasse do porão da consciência. 

Por nós mesmos, jamais teríamos condições de sair dessa angustiante condição. E é justamente nesse cenário que o Espírito Santo entra em cena, não com trovões, mas com ternura. Ele sussurra ao coração regenerado: “Você é filho.” Essa afirmação não é apenas consolo, é identidade. O Espírito não apenas nos convence do pecado, mas também nos convence da nossa nova posição: não mais escravos, mas filhos. E se filhos, então herdeiros (Gl 4:7). 

A Bíblia nos ensina que a salvação é obra exclusiva da graça de Deus. Não fomos nós que escolhemos a Deus; estávamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2). Mas Deus, em Cristo Jesus, nos predestinou, nos chamou, nos justificou e, maravilhosamente, nos adotou para sermos semelhantes ao seu único Filho (Rm 8:28-30). A justificação nos livra da culpa; a adoção nos dá um novo lar e uma nova família. 

Como é bom saber que temos um novo Pai! A adoção é graça com braços. Braços que abraçam, que acolhem, que levantam o caído e dizem: “Você pertence.” Não somos apenas perdoados — somos recebidos. Não apenas libertos da condenação — somos acolhidos nos braços do Pai. 

“E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho ao nosso coração, e esse Espírito clama: ‘Aba, Pai!’” Gálatas 4:6 

Os novos filhos agora podem gritar jubilosos de alegria, pois o Espírito que habita em nós clama: “Aba, Pai.” Esse clamor não é formalidade litúrgica. É um suspiro da alma que sabe que pertence. É o eco da verdade que desceu do intelecto ao coração. Quando essa realidade se torna viva, a fé deixa de ser apenas doutrina e se torna descanso. 

Que coisa mais extravagante é esse amor de Deus revelado em Cristo Jesus! O Evangelho não é apenas um veredito de absolvição. É uma declaração de pertencimento. Em Cristo, não somos mais escravos. Somos filhos. E isso muda tudo. 

“De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus.” Gálatas 4:7

– Pr. Adelchi Rangel (Pastor Auxiliar)