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Estudos e artigos

A PESCA MARAVILHOSA

(Lucas 5:1-11) 

 

Antes de Jesus chamar Simão ou qualquer outro para ser seu discípulo, Lucas relata no capítulo 4 como o Espírito Santo havia levado Jesus ao deserto para ser provado por 40 dias. Após passar por toda sorte de tentações (4:13) e vencê-las, volta para a Galileia, onde sua fama se espalhava por todo aquele lugar. Levanta grande admiração por ter testificado com grande autoridade Sua messianidade, lendo o livro do profeta Isaías (Lc 4:18-19) na sinagoga em Nazaré. Contudo, desperta animosidade por parte dos líderes religiosos daquele lugar, que o expulsam da sinagoga.  

Depois de Nazaré, desce para Cafarnaum, onde ensinava o Evangelho do Reino, curando toda sorte de doenças e libertando os possessos de espíritos imundos; de Cafarnaum, parte para a Judéia, pregando nas sinagogas, e grande multidão o seguiam.  

No capítulo 5, já nas margens do Lago de Genesaré (ou Mar de Tiberíades), Jesus – sentindo-se apertado pela multidão – sobe no barco de Simão, afastando-se um pouco das margens, e dali ensinava. Depois de ter acabado de ensinar àquela multidão que estava na beira do Lago, Jesus pede a Simão que lance as redes novamente ao mar para pescar. Mesmo que reticente por causa de uma noite de pesca fracassada, Simão lança as redes. E, extraordinariamente, as redes enchem-se de peixes de tal forma, que os pescadores precisaram pedir ajuda aos companheiros do outro barco.  

Diante do milagre e o Autor do milagre, Simão reconhece sua condição e prostra-se diante de Jesus. Todavia, Jesus diz a Simão que ele e os outros pescadores seriam, a partir daquele momento, pescadores de homens. Eles deixam tudo e seguem Jesus.  

Temos uma conexão interessante entre os capítulos 4 e 5. Quando Jesus foi provado e aprovado pelo Espírito Santo no deserto, volta para Sua cidade e começa Sua “pesca de homens”. E onde começa? No Lago, dentro de um barco, o de Simão.  

Na realidade, Jesus não estava atrás de peixes. Aquilo que foi o fracasso de Simão e seus companheiros a noite toda, ou mesmo a abundância de peixes que estavam diante dele, já não tinha tanta importância diante do chamado que queimava em seus corações (“deixando tudo, o seguiram”). A partir daquele momento, seriam provados e aprovados por Deus para uma obra extraordinária. O texto da pesca maravilhosa nos ensina algumas lições importantes para a Igreja de Cristo: 

1) Os discípulos de Cristo são chamados para pregar a Palavra de Deus (v. 1-3): 

Depois que Jesus saiu do deserto, não veio pregando supremacia religiosa terrena, nem tampouco supremacia política ou nacionalismo judaico. Sua missão era pregar o Evangelho do Reino de Deus, que havia chegado mediante Seu ministério, vida, morte e ressurreição. A capacitação e habilidade dos discípulos de Cristo partem do próprio Espírito de Cristo para cumprir a tarefa designada. Todo o discípulo de Cristo precisa necessariamente pregar aquilo que seu Mestre pregou: o Evangelho do Reino. Não tem o que diminuir ou suplementar em nada na mensagem, não é falar sobre a igreja, doutrina, usos e costumes, louvor, ou qualquer outra coisa, que, por melhor que seja, jamais substituirá a Palavra de Deus; 

2) Os discípulos de Cristo são chamados para obedecer ao seu Mestre (v. 4-7): 

Os motivos de Simão para desobedecer a ordem de Cristo eram justificáveis: “trabalharam a noite toda”, “nada pegaram”; isso era suficiente para não obedecer. Contudo, Simão se empenhou em obedecer a ordem de Jesus; o milagre aconteceu, o impossível se tornou palpável, a escassez se tornou em abundância, a frustação dos pescadores se tornou em grande júbilo, “encheram os barcos a ponto de irem a pique”.  

Como discípulos de Cristo, vivemos no ambiente que Ele vive, o de milagres; a obediência é um requisito que jamais pode faltar num servo de Jesus. Aquilo que está a nosso alcance cabe a nós fazermos, e é justamente isso que o Senhor vai usar, para que o impossível se torne possível em nossa vida. Se quisermos um milagre, devemos cumprir com o que Jesus nos manda, embora se trate de algo “impossível”;  

3) Os discípulos de Cristo seguem o seu mestre (v. 8-11): 

Simão tinha bens, uma empresa de pesca, uma vida independente, e, quando se depara com o Senhor, reconhece sua fragilidade e condição: a de pecador. O cerne do texto está aqui: Jesus chama somente aquele que reconhece a si mesmo como miserável e pecador. É desses que Jesus está à procura para o seu quadro de “pescadores de homens” e pregadores do Evangelho. O cerne do texto não foi a pesca maravilhosa dos inúmeros peixes na rede depois de uma noite de trabalho fracassada; a pesca maravilhosa foi a de Jesus, chamando aqueles que atenderam ao seu chamado e que mais tarde seriam parte de seu corpo apostólico.  

Um verdadeiro discípulo de Cristo prega, obedece e segue o seu mestre. Você se considera um discípulo de Cristo? Não é preciso deixar tudo como Simão fez, esse chamado é específico. Apenas faça aquilo que está a seu alcance. Viva no milagre d’Ele. É só lançar as redes! 

 

 – Pr. Milton Fernandes – Pastor Auxiliar