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Estudos e artigos

A oração que impulsiona as missões da Igreja

Atos 13.2-3

Antes de adentrar no que diz respeito às missões da Igreja de Cristo, temos que responder aos seguintes questionamentos: onde surgiu essa ideia de fazer missão?  Quem fez isso primeiro? Por que a Igreja de Cristo precisa fazer missões? Respondendo com exatidão, a procedência desta missão nasce no Ser divino, ou seja, o Pai envia o Filho (Jo 3.16); o Pai e o Filho enviam o Espírito Santo (Jo 14.26); e o Pai, o Filho e o Espírito Santo enviam a Igreja como coparticipante da ação divino-redentiva. Isso nos dá um correto entendimento de missões da Igreja de Deus.

A partir dessa dinâmica missionária divina, é preciso conceituar a Igreja dentro do plano de Deus pelo qual foi criada.  Conforme as Escrituras do AT e NT, a Igreja é essencialmente chamada de “o povo de Deus”, escolhido por meio de seu amor eletivo incondicional. Desta forma, é compreensível dizer que a Igreja de Deus está presente em toda a Bíblia. É também importante saber que os fundamentos da igreja cristã foram lançados no AT, em um contexto de desenvolvimento contínuo e progressivo por exclusiva vontade de Deus. A vinda do Messias, a profecia do AT mais esperada, se cumpre na vida de Cristo, seu ministério, morte, ressurreição e gloriosa ascensão. Ele prometera em Atos 1.8, que seus discípulos seriam suas testemunhas em Jerusalém, na Judeia, em Samaria e até os confins da terra.

Em Pentecoste (Atos 2), o Espírito Santo é derramado e inaugura de uma forma conceitual e palpável a unidade da Igreja. A assembleia do Messias, sua expansão e crescimento seriam inevitáveis. A palavra “Igreja” tomou vários significados: os crentes de uma localidade (At 5.11; 11.26); uma Igreja na casa de alguém (Rm 16.23; 1Co 16.19); num sentido amplo, denota a totalidade do Corpo no mundo inteiro (ICo 10.32; 11.22; 12.28; Ef 4.11-16); todos os fiéis, quer no céu quer na terra, que se unirão a Cristo. Há também os nomes com sentido figurado no NT, como o corpo de Cristo (Ef. 1.23), o templo do Espírito Santo (1Co 3.16), a Jerusalém de cima ou Nova Jerusalém (Gl 4.26; Hb 12.22), coluna e baluarte da verdade (1Tm 3.15). Deus confia ao seu povo, no tempo e na história, a responsabilidade de dar continuidade no seu plano redentivo.

Nos primeiros capítulos do livro de Atos, o evangelista Lucas narra o desenvolvimento da igreja primitiva, trazendo o testemunho apostólico em Jerusalém, Judeia, Samaria, e, com o início da primeira Viagem Missionária em Atos 13 e 14, Paulo e Barnabé começam a cumprir a ordem de Jesus, levando o Evangelho até os confins da terra, partindo da cidade de Antioquia da Síria. O alcance geográfico da Igreja missional de Atos atinge seu ápice justamente com judeus e gentios, que, a partir de Antioquia (At 11.27; 13), uma igreja formada por uma diversidade étnica e cultural, seria o ponto de partida para que o nome de Jesus chegasse até os confins da terra. Por obra espetacular do Espírito Santo, por meio da Igreja, o evangelho seria pregado a todas as nações.

O texto de Atos 13.1-3 nos ensina que a igreja que se formara estava totalmente submissa ao Espírito Santo. Ressaltamos três características que comprovam isso:

1) Era uma igreja que tinha unidade. v. 1 – apesar das diferenciações étnico-culturais entre judeus e gentios (At 11.20-21), os cristãos em Antioquia se entregaram totalmente ao Espírito Santo. Neste pequeno grupo de profetas e mestres, citado no v. 1, exemplifica a influência unificadora do cristianismo. Homens de localidades diferentes tinham descoberto o segredo de estarem juntos compartilhando de um mesmo segredo, o Evangelho do Cristo ressurreto. A Verdade que conheceram era muito mais forte e consistente do que as diferenças raciais que os separavam.

O Evangelho de Cristo chama para a salvação independentemente da raça, nacionalidade, posição social ou qualquer outro critério de avaliação humana. Os critérios de salvação partem da vontade perfeita e soberana de Deus, porque o Evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16).

2) Era uma igreja que servia. v.2a – Por essa tremenda disposição de servir da igreja em Antioquia, os cristãos daquele lugar alcançaram o mundo antigo por meio da proclamação do Evangelho. Mas isso não foi obra atribuída a eles, uma vez que o testemunho daqueles cristãos deveriam ser o testemunho de Cristo por obra do Espírito Santo.

Todavia, tudo que fora feito pelos apóstolos e os discípulos de Jesus no NT estava sob o ministério do Espírito Santo, o Consolador, que os ensinaria todas as coisas e os faria lembrar de tudo que Jesus havia ensinado para eles (Jo 14.26). Uma marca relevante do ministério de Jesus foi servir. Ele mesmo disse no Evangelho de Marcos 10.45 que “… o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Isso deve ter martelado em seus corações.     

3) Era uma igreja que orava. v. 2b e 3 – É por meio da oração que a igreja de Antioquia discerniu os propósitos pelos quais foi formada. É pela oração que a igreja de Antioquia obedeceu e separou Paulo e Barnabé para a obra pela qual Deus havia chamado. Foi pela oração que foi discernido pela igreja de Antioquia os propósitos de Deus no chamado de Barnabé e Saulo na pregação aos gentios (veja a partir de Atos 13).

A oração é um dos meios de graça que foi dado à Igreja, juntamente com a Palavra e os sacramentos. Enquanto Deus fala conosco ordinariamente pela Palavra, nós falamos com Deus por meio da oração. É um diálogo santo que essencialmente precisa acontecer no meio do povo de Deus.

A oração da fé impulsiona a Igreja do Senhor, fortalece o crente e a unidade da Igreja e reconhece o senhorio de Cristo. É pela oração que a liderança da igreja envia os discípulos de Cristo, que uma vez enviados são sustentados pelo Senhor da seara em todos os aspectos.

Necessariamente, precisamos orar, porque o Espírito “intercede por nós sobremaneira”. É Ele que, pessoalmente, ensina a igreja a orar.

Portanto, podemos afirmar que, a Oitava Igreja e as outras igrejas locais que, desde seu início, tanto os líderes como seus membros, se entendem como o povo de Deus em missão no mundo. Busquemos, então, como Igreja de Cristo, aquilo que nos fortalecerá e impulsionará para a obra do Senhor: a oração!

Lic. Milton Fernandes – Licenciado