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Estudos e artigos

A FÉ QUE VENCE O MUNDO

1JO 5.1-12

Que tipo de fé vence o mundo? Quem tem fé? E por que temos que vencer o mundo? Para respondermos a essas perguntas, precisamos definir biblicamente a que fé João está se referindo. Um texto que pode nortear-nos seguramente na definição é Efésios 2.8, que diz: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”. Pode-se afirmar que não existe fé se ela não vier pela graça de Deus, pois é um artigo exclusivo d’Ele para a salvação daquele que crê em Jesus Cristo como Salvador.

A fé tem a ver com o verdadeiro conhecimento que recebemos da parte de Deus, da beleza e excelência de Cristo. O Evangelho de João descreve tal conhecimento quando diz: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (Jo 17.3)

A fé a que as Escrituras se refere é a fé salvadora, cuja confissão de Fé de Westminster, no capítulo XIV, a subscreve como:

I – A graça da fé, pela qual os eleitos são habilitados a crer para a salvação das suas almas, é a obra que o Espírito de Cristo faz nos corações deles, e é ordinariamente operada pelo ministério da palavra; por esse ministério, bem como pela administração dos sacramentos e pela oração, ela é aumentada e fortalecida. (Hb 10.39; 2Co 4.13; Ef 1.17-20);

II – Por essa fé, o cristão, segundo a autoridade do mesmo Deus que fala em sua Palavra, crê ser verdade tudo quanto nela é revelado, e age de conformidade; porém, os principais atos de fé salvadora são: aceitar e receber a Cristo e firmar-se só n’Ele para a justificação, santificação e vida eterna, isto em virtude do pacto da graça. (Jo 6.42; I Ts 2.13; I Jo 5.10; At 24.14; Mt 22.37-40);

III. Esta fé é de diferentes graus, é fraca ou forte; pode ser muitas vezes e de muitos modos assaltada e enfraquecida, mas sempre alcança a vitória. (Rm 4.19-20; Mt 6.30, e 5.10).

Contudo, com o advento do Iluminismo, o movimento cultural do século XVII e XVIII trouxe em sua esteira o liberalismo teológico, também chamado de Teologia Liberal. Buscou-se abordar a religião de uma perspectiva crítica, aberta, honesta e racional sem negar ou menosprezar a importância da experiência religiosa e do compromisso religioso. Qual o resultado disso? Um grande mal para o Cristianismo, pois, o homem deslocou a origem e a consumação da fé, que é Cristo, para si mesmo, a fé nasce e desemboca no próprio homem “iluminado”. Expoentes como Locke, Rousseau, Voltaire, Reimarus, Lessing, Kant, Schleiermacher, dentre outros, defenderam em seus escritos tal deslocamento da fé, para tentar suprir as necessidades espirituais do homem.

Isto jamais poderia dar certo, pelo seguinte motivo: A fé salvadora não pode ter origem no que é imperfeito, nem tão pouco ser manifestada e produzida por aqueles que intensamente precisam dela, o próprio ser humano. Em Gálatas 3.22, diz: “Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem”. Existe somente um mediador entre Deus e o homem, Jesus Cristo, “Autor e Consumador da fé” (Hb 12.2).

No entanto, voltando ao texto de Efésios 2.8, a fé é um dom de Deus, dada por Ele, aperfeiçoada por Ele, uma conexão espiritual que nos une a Cristo. Um conhecimento da salvação que somente Deus dá em Cristo Jesus. Fé é uma dádiva do Criador, dado pela graça, e o único meio pelo qual se pode alcançar a salvação. Fé é a vida eterna em si operando em nós, tal que aquele que tem fé tem vida eterna e é santificado por meio dela. Portanto, Jesus diz: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele” (Jo 3.36). O único modo de saber o que é a fé salvadora é sermos alcançados pela salvação em Cristo Jesus.

Portanto, respondendo às perguntas feitas no início, a fé que vence o mundo jamais poderia ser deste mundo, mas veio do céu; a salvação por meio da morte e ressurreição do unigênito do Pai, Cristo Jesus. Somente tem fé aqueles que creem no Seu Nome, prerrogativa exclusiva de Deus, e, por causa disso, seguimos as pegadas do Cordeiro de Deus e estamos agarrados em sua promessa: “Ao vencedor dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci, e me sentei com meu Pai no seu trono”. (Ap 3.21)

Lic. Milton Fernandes – Licenciado