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“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.”  Efésios 2.10

Um costume que temos na igreja protestante é o de decorar versículos bíblicos importantes, desde a infância. Apesar de João 3:16 ser um clássico, um dos versículos que mais me marcou quando ainda era dos juniores foi Efésios 2:8,9: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” Enquanto com João aprendíamos que o sacrifício de Jesus foi um ato de amor para com a humanidade, com Efésios entendíamos que a salvação era um movimento da graça de Deus, e não resultado de nosso esforço.

Entretanto, muitos anos depois, fui me deparar com outro versículo, na sequência do texto de Efésios, especificamente o v. 10. Nele, as boas obras que são inúteis para nos levar à salvação em Cristo são agora colocadas como base para a nossa vida cristã diária. As boas obras não são algo que brota do nosso coração amoroso como que do nada, mas foram preparadas por Deus antes mesmo de nosso novo nascimento, para que nela andássemos.

Mas, para que Efésios 2:10 se torne algo cada vez mais concreto em nossa vida, há alguns agentes e influências que nos ajudam, e muito:

O Espírito de Deus – É a ação do Espírito Santo em nosso coração transformado pelo novo nascimento que nos inclina a olhar para o próximo na intenção de praticar boas obras. Fazer o bem não é algo próprio da nossa humanidade caída, mas consequência dos desdobramentos do Fruto do Espírito, que tem sua extensa lista encabeçada pela prática do amor (Gálatas 5:22,23). Assim, o desejo de andar na prática de boas obras é um excelente termômetro para sabermos como anda nosso coração e qual a qualidade de nosso relacionamento com Deus o Pai, através do Espírito Santo.

Jesus Cristo – Só uma pessoa na face da terra foi capaz de praticar 100% de boas obras: Nosso Senhor, Jesus Cristo. Em tudo ele foi perfeito, tanto quando falava quanto no silêncio; quando agia e quando se aquietava. O seu nascimento – sua encarnação – foi o maior ato de bondade que alguém poderia fazer, narrada por Paulo em sua carta aos Filipenses como sendo um esvaziar que nos permitiu ficar cheios de sua presença. E nos poucos anos de seu ministério terreno foi capaz de nos deixar exemplo suficiente para continuarmos trilhando: tocou os intocáveis, curou os incuráveis, amou os inimigos e, por fim, deu a vida pelos seus executores.

A Igreja de Cristo – por mais que alguns insistam em ressaltar seus problemas e incoerências, não há lugar em que boas obras sejam mais extensas que na Igreja. A Igreja de Jesus se espalha por toda a terra alfabetizando os excluídos, acolhendo os rejeitados, abençoando os malditos e, como Jesus, amando os inimigos. Como Corpo de Cristo, aqueles que se desligam de seus próprios guetos podem ver uma Igreja atuante em boas obras que, por exemplo, envereda pelos rincões dos sertões brasileiros levando as boas novas de salvação.

E gostaria de aproveitar a data de hoje para agradecer a Deus pela vida o nosso Pr. Jeremias, que completa mais um ano de vida, pois temos na vida de nosso pastor um excelente exemplo de alguém que tem o coração e a prática voltados para as boas obras. Com ele aprendemos a nos importar com o obreiro sem sorriso, pela pura e simples falta de dentes. Com ele temos aprendido a inclinar o coração para o sertanejo que vive sem água, nem de qualidade nem em quantidade, onde um poço perfurado muda a história de toda uma região. Com o Pr. Jeremias aprendemos que a Igreja é formada de gente rica e pobre, negra e branca, jovem e velha, e que nossas diferenças se anulam diante do Criador. Com ele também entendemos que nossas diferenças teológicas periféricas, se somos calvinistas ou arminianos, pentecostais ou tradicionais, desaparecem diante da Cruz de Cristo. Nesse dia em que nosso Pr. Jeremias faz aniversário, nós celebramos em gratidão ao Senhor Jesus, pois temos aprendido no dia a dia o que Paulo falou aos Coríntios: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” (1 Co 11:1).

Dessa forma, para o crente no Senhor Jesus, crescer na fé é crescer na prática de boas obras, seja em palavras, seja em ações, pois para isto fomos resgatados e para isto vivemos. Nessa semana, expresse a alguém uma palavra abençoadora, uma ação edificadora, ou algo que simplesmente irá fazer a pessoa que a receber pensar em ninguém menos que Jesus Cristo, e por ele dar graças a Deus Pai.

Pr. Luís Fernando Nacif | prluis@oitavaigreja.com.br