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Estudos e artigos

LIBERTADOS PARA VIVER EM SANTIDADE: VIVENDO A LIBERDADE CRISTÃ

Gálatas 5.1-12 

 

Imagine um homem que vive atrás das grades há anos, condenado por crimes que já foram pagos. Certo dia ele é libertado, recebe roupas novas, uma nova identidade e a chance de recomeçar. Mas, em vez de seguir adiante, ele decide voltar para a prisão e continuar vivendo como se ainda fosse culpado. É exatamente essa imagem que o apóstolo Paulo denuncia em Gálatas 5.1: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.” 

Os crentes da Galácia, embora salvos pela graça, estavam sendo influenciados a crer que precisavam voltar às obras da lei, especialmente à prática da circuncisão, como requisito para a salvação. Paulo, então, escreve com firmeza e zelo pastoral, afirmando que qualquer tentativa de se justificar pelas obras anula completamente a suficiência da cruz. Ele declara: “Se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (v.2), e ainda reforça: “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes” (v.4). 

Cristo não nos libertou para vivermos à mercê do pecado, da religiosidade vazia ou do moralismo que tenta se passar por fé. Ele nos libertou para que vivêssemos em santidade, livres da condenação da lei e guiados pelo Espírito. Paulo afirma que “em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (v.6). Essa fé genuína se manifesta em uma vida de responsabilidade, serviço e transformação. O verdadeiro evangelho não é cumprir uma lista de exigências, mas ter uma vida que responde ao amor de Deus com obediência e entrega. 

A liberdade cristã não é ausência de direção, mas mudança de senhorio. Saímos do domínio do pecado para vivermos sob o senhorio de Cristo. Essa liberdade se manifesta quando o Espírito Santo nos guia diariamente em santidade. Paulo adverte que “um pouco de fermento leveda toda a massa” (v.9), mostrando o perigo das doutrinas distorcidas e da tentativa de conciliar graça com mérito humano. O Evangelho é suficiente. A cruz é suficiente. A vida cristã nasce da fé e cresce pelo agir do Espírito. 

No entanto, viver essa liberdade exige firmeza na fé. Paulo exorta: “Corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?” (v.7). Quantas vezes também somos tentados a olhar para trás, a confiar em nosso desempenho ou a adotar padrões exteriores de piedade como se fossem provas de salvação? Mas a liberdade cristã é, acima de tudo, confiança plena em Cristo. Não vivemos pela aparência, mas pela fé operosa, pela esperança viva e pelo amor abnegado. 

A santidade não é um fardo imposto pela lei, mas um fruto natural da liberdade que Cristo conquistou para nós. É o resultado de um coração que foi alcançado pela graça e agora deseja agradar ao Senhor. Viver em liberdade é viver para a glória de Deus, rejeitando tanto o legalismo quanto a libertinagem. O legalismo escraviza pela culpa; a libertinagem disfarça o pecado com o nome de autonomia. Mas o Evangelho nos chama a um caminho mais excelente: a liberdade que leva à semelhança de Cristo. 

Que a igreja permaneça firme nessa liberdade. Que rejeitemos tudo o que tenta substituir a cruz, e que vivamos pela fé que atua pelo amor. Fomos libertos não para voltarmos à escravidão, mas para andarmos em novidade de vida. Que a nossa liberdade glorifique ao Senhor e dê testemunho ao mundo de que só Cristo salva, transforma e sustenta. Em tempos de tantas vozes confusas, que permaneçamos fiéis à verdade que nos libertou. 

 

– Pr. Filipe Lemos – Pastor Auxiliar