SANTIDADE – UMA OBRA DE DEUS
1 Pedro 1:1-12
Pedro ama o conceito de chamado. Somos chamados para ser santos (1Pedro 1:15). Somos chamados “das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9). Somos chamados para sofrer e seguir o exemplo de mansidão de Cristo (1Pe 2:21). Em meio à perseguição, somos chamados “para herdar uma bênção” (1Pe 3:9). O melhor de tudo é que somos chamados para “sua glória eterna” (1Pe 5:10). Deus nos chamou antes de clamarmos a ele para salvação. É tudo inteiramente pela graça.
Em sua segunda carta, Pedro escreveu que Jesus nos “chamou por sua própria glória e excelência” (2Pe 1:3) e por causa de nosso “status santo”, devemos estar envolvidos no negócio de nos tornar “certos sobre seu chamado e escolha” (2Pe 1:10).
SANTOS COMO O PAI
Deus não nos chama apenas para sermos moralmente corretos e verdadeiros, mas a sermos santos. Essa é uma realização muito alta. E observe a razão da obediência à ordem: “porque Eu Sou Santo”. Os filhos devem ser como seus pais. Há muitos filhos que carregam, em seus próprios rostos, evidências de sua filiação; os filhos herdam a natureza de seus pais. Deus é santo; portanto, como Seus filhos, devemos viver vidas santas. Somos “participantes da natureza divina” (2Pe 1:4) e devemos revelar essa natureza em uma vida piedosa.
Pedro lembrou seus leitores do que eles eram antes de confiarem em Cristo. Eles tinham sido filhos da desobediência (Efésios 2:1-3), mas agora deveriam ser filhos obedientes. A verdadeira salvação sempre resulta em obediência (Romanos 1:5; 1Pe 1:2).
Eles também tinham sido imitadores do mundo, “se moldando” segundo os padrões e prazeres do mundo. No versículo dois do capítulo dois de Romanos, o apóstolo Paulo traduz esta mesma palavra como “conformados a este mundo”. Pessoas não salvas nos dizem que querem ser “livres e diferentes”; no entanto, todas elas imitam uns aos outros! A causa de tudo isso é a ignorância que leva à indulgência. Pessoas não salvas carecem de inteligência espiritual, e isso faz com que elas se entreguem a todos os tipos de indulgências carnais e mundanas (veja Atos 17:30 e Efésios 4:17-20).
Já que nascemos com uma natureza caída, era natural para nós vivermos uma vida pecaminosa. A natureza determina apetites e ações. Um cão e um gato se comportam de forma diferente porque têm naturezas diferentes. Ah, se fosse sempre assim com todos os filhos de Deus! “Sede santos; porque eu sou santo”. Veja seu modelo. Você está muito aquém disso, tente novamente. Oro para que o poder de Jesus repouse sobre você, e que Ele continue a trabalhar em nós até que sejamos como o próprio Senhor!
No Sermão da Montanha, Jesus pediu uma resposta baseada no que Ele estava ensinando: “Portanto sejam perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial” (Mateus 5:48). Esta ordem para a santidade é impossível em nossa própria força. No entanto, o que Deus ordena, Ele sempre nos capacita a realizar. Este é um objetivo principal de Jesus em Seu Sermão da Montanha. Jesus procurou levar o ouvinte (e nós, leitores) a um senso de falência espiritual que reconhece a necessidade de um Salvador que nos capacita a sermos “perfeitos e santos”.
Quando Jesus partiu, Ele enviou a Promessa de Seu Pai para revestir Seus discípulos com poder do alto (Lucas 24:49). A única maneira de viver a vida cristã – de forma vitoriosa e abundante – é nos humilharmos e nos apresentar diariamente como sacrifícios vivos e santos, abandonando nosso modo padrão de autoconfiança. Ao invés disso, escolher nos render, ceder e depender do Espírito que habita em nós, o único que pode nos capacitar a guardar os mandamentos da Bíblia, que de outra forma seriam “impossíveis” (Ef 5:18, Gálatas 5:16). Sim, em nossa força os mandamentos divinos são Impossíveis, mas habilitados pelo poder do Espírito, eles são possíveis!
A santidade ordenada não é opcional para os crentes. A igreja deve retornar às suas raízes e acordar para o fato de que o Deus Santo está chamando Sua Noiva para se engajar na busca de atos justos, abraçando completamente Seu chamado para ser santa, buscando-o apaixonadamente e ainda assim sempre em profunda dependência de Sua graça transformadora ministrada por Seu Espírito Santo santificador.
Aqueles que antes eram totalmente controlados por seus desejos malignos, agora, por meio da salvação comprada pelo sangue, entraram em um novo estado de ser, o da santidade posicional interior – em virtude do Espírito Santo que habita em nós – que agora deve ser trabalhada em nossa expressão externa na vida diária.
Santidade não é meramente a ausência do errado. É também a presença inconfundível do certo. Devemos passar nossos poucos dias nesta terra com nossa esperança fixada no breve retorno de Cristo e nossa conduta deve cada vez mais refletir a santidade de Cristo.
O privilégio da eleição também envolve responsabilidades de obediência (Deuteronômio 7:6, 11). O argumento aqui é lógico e simples. O teólogo inglês J.C. Ryle nos lembra que “a santificação é sempre um trabalho progressivo (e neste processo diário não devemos desanimar, lembrando que) não há santidade sem guerra.”
Pedro não está pedindo uma vida comum, mas uma vida sobrenatural separada do pecado e da poluição moral do mundo e para a justiça de Deus. Os crentes não devem encobrir suas características como cristãos assumindo uma máscara externa, modelada segundo o traje deste mundo.
Santo não se refere à nossa santidade posicional – pois somos eternamente santos em Cristo -, mas à nossa santidade experiencial. É entender que um santo é alguém que se esforçará para ser santo, mas sua santidade, por menor ou maior que seja, não o torna um santo. Ele é um santo porque foi separado por Deus e essa é agora e para sempre sua posição em Cristo. Em outras palavras, nosso credo e nossa conduta (comportamento santo e busca pela santidade) devem ser inseparáveis. Não se pode exibir o “dever” correto sem a doutrina correta, mas a conduta correta, isso é, santa, deve sempre fluir da sã doutrina. Conhecimento e ação são inseparáveis. O que você acredita deve afetar como você se comporta.
Somos possessão de Deus tanto pelo direito de criação quanto pelo direito de redenção. Quando viemos a Cristo, Deus nos separou das fileiras da humanidade. Agora somos filhos de Deus. Nosso novo caráter separado deve levar ao crescimento na semelhança de Cristo e à consagração ao serviço de Deus.
– Pr. Roberto Santos – Pastor Auxiliar