DEUS AINDA FALA POR MEIO DE SONHOS?
Sonhos são sempre acontecimentos intrigantes. Quem nunca acordou de uma boa noite de sono lembrando-se de algo sonhado, muitas vezes esquisito ou mesmo assustador?! Nos sonhos, ficção e realidade tantas vezes se misturam num enredo fantástico.
Para o cristão, tudo não passaria de histórias sem pé nem cabeça se a Bíblia também não estivesse repleta de relatos em que os sonhos dos personagens ocupam um papel importante no desenvolvimento da trama.
Talvez uma das histórias mais conhecidas, logo no livro de Gênesis, é a de José, cujos sonhos quando ainda garoto na casa de seu pai geraram ciúme extremo nos irmãos. A interpretação dos sonhos de José indicou os planos de Deus para exaltá-lo diante dos irmãos mais velhos e até mesmo do pai. Se não bastasse os seus próprios sonhos, José, agora mais velho e lançado na prisão, interpreta perfeitamente os sonhos dos servos do Faraó e, depois, do próprio Faraó, o que lhe rendeu uma honra incomparável em todo o Egito. No relato bíblico, fica claro que Deus indicava Seus planos por meio dos sonhos dos diversos personagens.
Apesar da riqueza do papel dos sonhos na vida de José, ele está longe de ser o único que teve experiências assim. Seu pai, Jacó, descobriu a partir de um sonho com anjos subindo e descendo do Céu que o lugar onde estava era sagrado (Gênesis 28.12); e Abimeleque foi avisado pelo Senhor em sonho que Sara era mulher de Abrão e que, por isso, ele não poderia tocá-la (Gn 20.3). Deus visitou Salomão em sonhos, quando o desafiou a lhe pedir o que desejasse (1 Reis 3.5).
Dentre os profetas, Daniel ficou sendo o mais conhecido em relação a sonhos e suas interpretações, pois não só interpretou os sonhos do imperador babilônico Nabucodonosor como também teve ele mesmo sonhos que foram usados por Deus para comunicar Sua vontade.
E, por fim, temos José, esposo de Maria, que por diversas vezes foi visitado em sonhos por um anjo para que recebesse Maria por sua esposa, fugisse para o Egito com ela e Jesus, e depois retornasse para a região da Galileia.
Diante de tantos relatos, a grande dúvida que paira diante de nós é: Deus ainda fala por meio de sonhos? Essa resposta é importante, pois sonhar é algo extremamente democrático: todos sonham, alguns quase que toda noite. Sonhos sem fundamento, mas muitas vezes sonhos que parecem, mesmo, mensagens do Alto. Será que Deus está se comunicando conosco o tempo todo e não estamos percebendo?
A primeira instrução vem da própria Palavra. Ao profeta Jeremias o Senhor declarou:
“O profeta que tem sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a minha palavra fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? — diz o SENHOR. Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR, e martelo que esmiúça a penha?” (Jeremias 23.28-29)
Ter sonhos é algo natural e devemos tratá-los como são: apenas sonhos. A medicina explica bem como nossa mente tem processos intensos durante o sono, e que muitas vezes se traduzem em sonhos. Tentar interpretá-los todos como se cada um deles tivesse um significado claro é, creio eu, andar em terreno pantanoso, pois estamos longe de conhecer com clareza a complexidade do cérebro e da alma humana.
Contudo, sabemos que nosso Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Ele falou no passado a Seus servos por meio de sonhos e nada o impede de continuar a fazê-lo. A grande diferença é que a Palavra do Senhor é “fogo e martelo que esmiuça a penha”, ou seja, quando Ele fala conosco, não deixa muita dúvida de que é muito mais que um sonho puramente natural. A visitação de Deus é poderosa, e, falando a partir de sonhos ou de qualquer outra forma sobrenatural, não acredito que deixe em nós muita dúvida do que está acontecendo.
Os personagens bíblicos que receberam mensagens em sonhos certamente sonhavam constantemente, mas quando Deus lhes falou, acordaram do sono sem dúvidas de que haviam sido visitados pelo Senhor.
Deus pode falar em sonhos nos dias de hoje? Sem dúvida! Devemos fazer disso uma preocupação? Sem dúvida, não! Temos a Palavra de Deus, a Bíblia, como fonte suficiente para entendermos a vontade do nosso Senhor. Se Ele desejar se manifestar de alguma outra forma, o fará com precisão e determinação eternas. A presença do Espírito Santo em nós e na Igreja de Cristo é suficiente fonte de discernimento e sabedoria, pois nosso Deus não gera confusão e dúvida.
– Pr. Luís Fernando Nacif – Pastor Auxiliar