MINHA COPA INESQUECÍVEL: ESPANHA, 1982
Com Pr. Luis F. Nacif Rocha
“Que vença o melhor”. É o que acostumamo-nos a falar quando nos vemos frente a frente a um concorrente ou desafiante. É uma forma de dizer: “Boa sorte, que seja uma disputa limpa e que o resultado seja justo”. Mas, quando o assunto é futebol, a gente sabe… nem sempre vence o melhor. Essa lição foi dada a nós, brasileiros, sobretudo em 1982, na Espanha, durante a Copa do Mundo, no que ficou conhecido como “A Tragédia do Sarriá”.
Barcelona, 05 de julho de 1982; 2ª fase da Copa, Estádio Sarriá. Seleção Brasileira, tricampeã do mundo (1958; 62; 70) contra a Seleção Italiana, até então bicampeã (1934; 38). Ao Brasil bastava o empate para garantir uma vaga na fase final da competição; aos italianos, só a vitória interessava. Que a Azzurra – como é chamada a equipe de futebol da Itália – é um adversário duro de ser batido, todo mundo (que acompanha o esporte) sabe. A questão é que, à época, tínhamos uma das melhores (senão a MELHOR) seleções de nossa história.
Valdir Peres; Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho e Éder Aleixo. E no comando desse escrete, uma das maiores lendas do futebol nacional: o saudoso Telê Santana. Na primeira fase, três vitórias em três jogos, sendo duas de goleada; na sequência, 3 a 1 sobre a arquirrival Argentina. Além do 100% de aproveitamento, nossa seleção encantava. O time “jogava por música”, diziam os cronistas.
O caminho para o tão sonhado tetracampeonato estava sendo pavimentado. Afinal, tecnicamente falando, éramos superiores a todos os outros postulantes ao título. Só uma tragédia nos tiraria aquela Copa. Sim, a Tragédia do Sarriá. Com três gols do desacreditado centroavante Paolo Rossi, a Itália fez 3 a 2 no Brasil e rumou à fase decisiva do Mundial, chegando ao tricampeonato dias depois. Uma tristeza! Um trauma para toda uma geração de brasileiros, simpatizantes do esporte mais popular do planeta.
Aos 12 anos de idade, o Pr. Luis Fernando Nacif viveu esse momento. “A Copa de 82 foi marcante para todo mundo, né? Foi a primeira Copa que pude acompanhar mesmo, porque em 78 eu tinha [apenas] oito anos de idade. E com 12 anos, eu já conhecia os jogadores e assisti a todas as partidas”, relembra. Perguntado sobre a derrota, respondeu sem cerimônias: “Foi frustrante demais! Porque o time jogava bonito, era gostoso ver o time jogar, e foi crescendo a expectativa de que a gente seria campeão”.
Segundo o Pastor, no último minuto de jogo, praticamente, nosso Sócrates cabeceou uma bola que tinha endereço certo: as redes do goleiro italiano. Porém, o arqueiro conseguiu interceptá-la, antes que ela cruzasse a linha. Não teve jeito. “E quando acabou a partida, aquele silêncio na sala, todo mundo cabisbaixo. Juntei com os amigos e vizinhos – tinha um campinho do lado da nossa casa. Nós fomos jogar bola, mas todo mundo naquele jogo sem graça. E até hoje, né, [aquela seleção] é conhecida como a melhor seleção, ou uma das seleções mais bonitas, que não ganhou a Copa do Mundo”.
É, Pastor… futebol tem dessas coisas. Faz parte. A boa notícia é que, ainda neste ano, a Seleção Brasileira terá a oportunidade de fazer o que não foi possível em 82. Se não temos o brilhantismo da Era Telê Santana, hoje podemos contar com o craque Neymar e com o alto nível de competitividade da seleção treinada pelo competente técnico Tite. Vai, Brasil!