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A POLÍTICA E O CRISTIANISMO

“Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. A frase, que encerra o versículo 15 do capítulo 24 de Josué (AT), consta do topo do perfil de uma rede social de Ciro Pereira, vereador eleito em Belo Horizonte pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 2020, com 4.340 votos. Nascido em 1991 e membro da Oitava Igreja, Ciro exerce seu primeiro mandato. Sua missão? “Defender a Palavra de Deus e lutar para que nossos princípios e valores não sejam destruídos por uma pauta progressista que deseja destruir a família criada por Deus”, enfatiza.

À Oitava Revista, o jovem parlamentar revelou desafios enfrentados na Câmara Municipal de Belo Horizonte, contou como pretende defender suas convicções enquanto figura pública e refletiu sobre o papel do cristão na política e na sociedade.

Oitava Revista: Atualmente, no Brasil, vivemos em um cenário bastante polarizado (Direita X Esquerda). Nessa “guerra”, qual o papel do cristão?

Ciro Pereira: Como cristãos, fomos criados para adorar ao Criador, fazendo Seu nome conhecido na Terra, pregando o Evangelho através de nossos dons e talentos e crendo na Bíblia como regra de fé e prática. É difícil conceituar a polarização política de hoje em dia, mas acredito fielmente que temos que nos afastar de qualquer ideologia que pregue contra a vida e contra os valores e princípios bíblicos. Nesse ponto, não dá para ficar “em cima do muro”. Como seguidores de Cristo, condenamos o aborto e entendemos casamento e família a partir da concepção bíblica de homem e mulher, não existindo interpretação de gênero.

 

OR: Você já enfrentou algum tipo de resistência, dentro da Câmara, pelo fato de ser cristão? Você tem liberdade para debater projetos com vereadores não crentes?

CP: Eu tomei a decisão de me posicionar como cristão e externar meus valores desde o primeiro dia do meu mandato. Ainda não tive, nesse primeiro mandato, um grande embate ideológico, mas já consegui junto à bancada cristã retirar de pauta um projeto para equidade de gênero, que defendia uma pauta progressista, que eu, como cristão, não apoio. Sobre debater projetos com vereadores não crentes, não vejo problema. Temos em comum um objetivo: trazer melhorias para a cidade de Belo Horizonte e seu cidadão. Todo projeto que não tenha como viés ir contra aquilo que acredito como regra de fé e prática, e que for bom para nossa cidade, vou debater com o vereador que desejar somar.

 

OR: Como você lida com projetos que, de alguma forma, vão contra a Palavra de Deus? Cite alguma experiência.

CP: Como eu disse, fui um dos membros atuantes para tirar de pauta de votação um projeto para equidade de gênero. O projeto era disfarçado de uma boa ideia, mas ampliava a margem do entendimento a respeito da definição de mulher, dando oportunidade para uma interpretação divergente da bíblica. Como cristão, não tenho a opção de me omitir e não me posicionar. Farei isso sempre que for preciso.

 

OR: Até que ponto é possível defender a Palavra de Deus em um Estado laico*?

CP: O Estado, constitucionalmente, tem a obrigatoriedade de ser laico no Brasil; as pessoas, não. Também pela Constituição, temos a liberdade de expressão e a liberdade religiosa. Existe uma diferença entre defender e impor. O representante eletivo do povo (político) representa o desejo de várias pessoas que o elegeram. Eu, enquanto parlamentar, vou defender a Palavra de Deus e lutar para que nossos princípios e valores não sejam destruídos por uma pauta progressista que deseja destruir a família criada por Deus.

 

OR: Qual sua opinião sobre políticos que usam o nome de Deus em benefício próprio? Você já se deparou com algum na Câmara?

CP: É triste, mas infelizmente isso ainda acontece. Não apenas na política, mas em várias áreas da sociedade, as pessoas usam e manipulam o nome de Deus em benefício próprio. Precisamos apenas entender uma coisa: a política é um instrumento de mudança da sociedade, que pode ser utilizado por Deus, e Deus levanta grandes homens na política. Não é porque um ou outro homem errou, pecou e caiu, que vamos generalizar os homens de Deus nessa área.

 

OR: Você vê problema em o cristão votar em um representante não cristão? Por quê?

CP: Devemos, primeiro, nos perguntar qual a motivação do nosso voto. São os políticos (que antes candidatos) que vão tomar decisões nas áreas da educação, saúde, economia e várias outras. Eu desejo que homens e mulheres com valores cristãos, inspirados e guiados por Deus, tomem essas importantes decisões nas diversas áreas do nosso país, estados e municípios.

 

OR: Como escolher bons candidatos?

CP: É um somatório de: verificar a existência de boas propostas e suas viabilidades, verificar seu passado e antecedentes e analisar a capacitação técnica. Vale lembrar que nosso papel de cidadão é estudar nossos candidatos e o que cada um deve fazer. Um governador, por exemplo, tem função muito diferente de um senador. Em todos os casos, partir de valores e princípios cristãos e de um candidato que se posiciona (não dá para ficar “em cima do muro”), é um bom ponto de partida.

 

OR: Você incentivaria outros cristãos a se candidatarem a cargos públicos? Por quê?

CP: Com toda certeza, o cristão precisa colocar seu nome à disposição da população. Precisamos entender a importância desses cargos e a responsabilidade que existe em cada um deles. Quando nos omitimos, alguém que não é cristão vai ocupar esses locais. Não adianta depois reclamarmos de uma má gestão ou da inserção de ideias e leis que não concordamos. Ou nos posicionamos e ocupamos esses cargos, ou seremos governados por homens e mulheres que não temem a Deus e não vivem seus princípios.

 

*Estado cuja interferência de correntes religiosas em assuntos estatais não é permitida. (politize.com.br)