A Oração que Busca a Deus em Secreto
Todos teriam 15 minutos de fama, disse Andy Warhol[1]. Os que ainda não tiveram seus momentos da embriaguez de ser visto e aplaudido, têm incansável e vergonhosamente buscado o pedestal.
Ser visto é ser lembrado, mas não por Deus. Somos lembrados por Deus de outra maneira. De fato, o amor ao mundo se contrapõe ao amor a Deus.
Tudo em Deus é contrário ao mundo. Enquanto o mundo mente, Deus nos diz a verdade. Enquanto o homem busca prazer carnal, Deus quer nos dar plenitude em nossa pessoa. Enquanto estamos buscando sustento, Ele nos dá de graça. Enquanto nos danamos no pecado, Ele nos salva.
Não poderia ser diferente na relação d’Ele conosco. Deus nos vê em secreto, e em secreto nos recompensa. Deus nos diz para não buscarmos os holofotes e o sermos vistos pelos homens. De fato, aquele que recebe aplauso, já tem no som das palmas das mãos a sua paga. E nada mais. Buscar honraria de homens nos impede o galardão eterno.
Sempre queremos as honrarias. É essa a garantia do sucesso, do sustento e do poder. A bem da verdade, ser visto é mais que ser lembrado. Vira alimento e, depois disso, somos consumidos por uma necessidade viciosa de buscar cada vez mais o destaque.
É retroalimentador. A droga do tempo pós-moderno que gerou a pós-humanidade. Acontece também na área que, a meu ver, deveria ser pessoal e íntima: a espiritual.
Assim como queremos destaque em nossas “virtudes e virtuosidades”, queremos ser exaltados na impressão que nossos espectadores vão ter de nossa espiritualidade. Mais do que a relação com Deus, muitos querem destaque em tal ato. Orar, jejuar, dar esmolas e, por que não, pregar. A necessidade de ser visto nos pega no calcanhar. Pior, nos enterra ao invés de nos elevar.
Nossa relação com Deus precisa ser tão real que, na mais extrema solidão, será o lugar de encontro com o Senhor. Nosso quarto precisa se tornar o “Santo dos Santos”. Nossa oração precisa ser prática da busca em secreto. Aquele que ora perante os homens para ter verniz espiritual terá a resposta de seu clamor à medida de sua performance. No máximo, o elogio. Não à alma, mas à máscara que foi vestida.
A prática de oração em secreto nos aponta que nada está escondido aos olhos de Deus. O Deus que nos vê no secreto revela a nós coisas ocultas. Segredos e bênçãos celestiais. Em nosso clamor recolhido ou em nosso choro solitário há um Deus de misericórdia que nos é “todo ouvido”.
Não há sofrimento que Ele não se compadeça. Não tem silêncio doloroso da alma que Ele não escute como um grito estridente. Deus nos lê, nos ouve, nos vê. O Deus que nos vê em secreto nos recompensará.
Pr. Bruno Barroso – Pastor Auxiliar
[1] Andy Warhol (1928-1987) foi um conceituado pintor e cineasta norte-americano.